Cheickh Bangoura, ex-funcionário da ONU, está processando The Washington Post por duas matérias de 1997 que mencionavam seu possível envolvimento em casos de abuso sexual, nepotismo e corrupção quando trabalhava num programa de controle de drogas de uma instituição internacional na África Ocidental. Citava-se a hipótese de que ele nunca foi punido porque era próximo ao então secretário-geral da ONU, Boutros Boutros-Ghali.
Após ser demitido, Bangoura se mudou para o Canadá, em 2000, onde teve dificuldade de encontrar emprego pois, segundo ele, fora difamado pelo Post, mesmo após ter sido absolvido de qualquer acusação. O diário alega, em sua defesa, que na época da publicação das matérias seu sítio tinha apenas sete assinantes na província onde vivia o ex-funcionário da ONU, sendo improvável que sua reputação tivesse sido prejudicada pelas reportagens.
Segundo o Toronto Star [8/3/05], uma associação que representa alguns dos mais importantes jornais do mundo escreveu uma carta ao tribunal canadense manifestando preocupação com o resultado do processo, já que poderia implicar em que jornais fechassem o acesso a seus sítios fora dos países em que são publicados para evitar processos em outras partes do mundo.
Existem casos anteriores similares em que as decisões foram discordantes. Na Austrália, um empresário conseguiu processar a americana Dow Jones por matéria publicada na versão online da revista Barron’s. A decisão mais recente, no entanto, foi a favor da imprensa, na Inglaterra. Um empresário saudita processou a mesma Dow Jones por matéria que incluía uma lista de pessoas que teriam sido contatadas por Osama bin Laden, em busca de financiamento. O tribunal suspendeu o processo quando descobriu que apenas cinco pessoas haviam acessado a página com a lista e que três delas estavam ligadas ao empresário que entrara com a ação.