Aos poucos, as reformas capitalistas estão soltando as amarras que o governo chinês impõe à imprensa, segundo mostra Jonathan Watts, do Guardian [17/8/04]. A mais recente novidade neste processo é a abertura do capital do segundo maior diário da China continental no mercado de ações de Hong Kong.
O Diário da Juventude de Pequim, porta-voz da Liga da Juventude Comunista, é o primeiro jornal do país a entrar numa bolsa internacional. Como se trata de um passo crítico para o regime comunista, os detalhes do negócio ainda não foram revelados. É certo, no entanto, que o controle editorial da publicação seguirá sob o poder do estado. Segundo informações locais, somente 25% das ações serão colocadas à venda.
Abertura
Apesar de o processo de abertura econômica ter sido iniciado por Deng Xiaoping há 25 anos, todos os 2.137 jornais do país seguem oficialmente pertencendo ao governo. Contudo, a implantação da economia de mercado tem obrigado a uma redução do controle sobre a mídia, pois a China se comprometeu junto à OMC a abrir os setores de publicidade e distribuição de publicações a empresas estrangeiras.
A concorrência por anunciantes e circulação já é notável. A participação de companhias internacionais na mídia chinesa geralmente tem se dado por meio de parcerias com empresas locais. Para contornar problemas legais, alguns investidores se fazem passar por anunciantes mas, na prática, participam da administração dos veículos.
Segundo a consultoria Global China Media Consulting, oito das dez maiores revistas da China trazem algum conteúdo estrangeiro. Oficialmente, somente empresas de Hong Kong podem investir na imprensa chinesa. Em julho, ganhou muita repercussão a compra de 49% das ações da mais popular revista de informática local por uma companhia de internet de Hong Kong.