Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Caso Zahra Kazemi tem apelação negada

Um tribunal de apelação iraniano recusou o pedido de revisão do caso da fotojornalista Zahra Kazemi, morta em julho de 2003. Zahra, que tinha dupla cidadania iraniana e canadense, morreu depois de ficar duas semanas presa por fotografar uma manifestação em frente à penitenciária de Evin.

Na ocasião, agentes envolvidos nos interrogatórios a que Zahra foi submetida enquanto esteve em custódia afirmaram que ela estava muito fraca e teria sofrido um enfarte. Esta versão, entretanto, foi contestada pela família da fotógrafa, representada por uma equipe de advogados comandados pela ganhadora do Prêmio Nobel da Paz Shirin Ebadi.

O caso de Zahra é bastante complexo e estremeceu as relações entre Irã e Canadá. Suspeita-se de que funcionários do Ministério da Inteligência e até o procurador-geral linha-dura do Teerã, Saeed Mortazavi, possam ter participado de abusos contra ela durante os interrogatórios. Um médico iraniano que a examinou e hoje está exilado no Canadá afirmou que ela teria sido estuprada e torturada – o que é negado pelas autoridades do Irã.

Ainda em 2003, um porta-voz do governo confessou que Mortazavi o forçou a anunciar que a fotógrafa havia morrido depois de sofrer um enfarte. Um comitê de investigação indicado pelo presidente do país descobriu posteriormente que a morte foi causada por ferimentos na cabeça. No ano passado, o agente Reza Ahmadi foi a julgamento acusado de ter provocado, sem intenção, a morte de Zahra. Ahmadi foi liberado depois que o tribunal alegou falta de provas para condená-lo pelo crime.

Shirin Ebadi, que tenta descobrir se a morte de Zahra foi um assassinato premeditado, disse a jornalistas que, desta vez, o tribunal não demonstrou nenhum interesse em seus argumentos e nem ao menos chamou as testemunhas indicadas por ela. Apesar de ter sido prometido que a sessão seria aberta ao público, todos os membros da imprensa estrangeira foram barrados e não puderam assisti-la. Com informações de Frances Harrison [BBC, 25/7/05] e The Canadian Press [26/7/05].