O desastre provocado pelo maremoto no Índico acirrou a competição entre as emissoras de TV americanas, que responderam com esforços extraordinários de reportagem e relações públicas para tirar proveito da situação e ganhar audiência. Segundo reportagem de Jacques Steinberg [The New York Times, 10/1/05], o incidente veio também num momento crítico para a carreira de três importantes âncoras dos EUA.
Brian Williams, da NBC, Dan Rather, da CBS, e Anderson Cooper, da CNN, viajaram às regiões atingidas pelas ondas para de lá ancorar seus programas. Nenhum deles, no entanto, chegou rapidamente, pois a imprensa demorou alguns dias para se dar conta das proporções da catástrofe. Ainda assim, as emissoras soltaram comunicados reclamando o título de ‘primeira rede com âncora na Ásia’ ou ‘primeiro programa a entrevistar Colin Powell’ sobre o ocorrido.
Desafios
Para Williams, o desafio era substituir à altura seu antecessor, Tom Brokaw, que se aposentara um mês antes. O veterano Dan Rather, 73 anos, teve de fazer muito lobby para que a direção da CBS permitisse sua viagem, que usaria para se reabilitar da complicada situação no programa 60 Minutes [ver texto anterior]. Rather foi o primeiro âncora a chegar a uma área atingida pelo maremoto. Aos 37 anos, Cooper teve de mostrar serviço para que o presidente da CNN, Jonathan Klein, empossado em novembro, siga adiante com seu projeto de transformá-lo no novo âncora principal da rede. Para ajudar na missão, o apresentador contou com um exército de 80 correspondentes distribuídos pela região.
A líder das emissoras de notícias, Fox News, ficou de fora da corrida dos âncoras. Seu principal apresentador, Shepard Smith, ficou em Nova York e o canal optou por deslocar apenas 25 funcionários para as áreas atingidas pelo desastre. Ainda assim, sua liderança não foi ameaçada. Outro que ficou nos EUA, mas contra a vontade, foi Peter Jennings, veterano apresentador do World News Tonight, da ABC. ‘Ele queria ir mais do que eu posso expressar’, comenta Paul Slavin, vice-presidente de jornalismo da rede. Mas a saúde não permitiu: com problemas respiratórios, continuou ancorando de Nova York.