A morte do papa João Paulo II, no início do mês, causou comoção mundial. Telespectadores dos quatro cantos do planeta puderam assistir à missa na Praça de São Pedro que reuniu líderes políticos e religiosos, testemunharam as enormes filas formadas por peregrinos que esperavam sua vez de chegar próximo ao papa e puderam ver os cardeais rezando diante do corpo de João Paulo – antes um ritual privado. Em comum, estas imagens têm a origem; todas foram feitas pelo Centro Televisivo Vaticano.
Criado em 1983 com o objetivo de ‘espalhar a mensagem universal de Deus através da televisão’, o CTV costuma transmitir imagens para emissoras de TV católicas. Mas, como tem direitos exclusivos sobre tudo o que acontece dentro da Cidade do Vaticano, obteve controle quase total das imagens sobre a morte e o funeral do papa transmitidas pela mídia global. Para dar conta do recado, trabalhou em conjunto com a RAI, TV estatal italiana.
Com o circo da mídia montado em Roma e os olhos do mundo voltados para o Vaticano, as duas emissoras tiveram muito trabalho. ‘Nós sabíamos que o interesse seria alto, mas não esperávamos a grande onda emocional que o acompanhou’, afirma Giuseppe De Carli, diretor do braço da RAI no Vaticano. ‘Mas nós conseguimos segurá-la bem’, completa.
Em artigo publicado no International Herald Tribune, reproduzida pelo New York Times [17/4/05], Elisabetta Povoledo afirma que João Paulo II tinha consciência da importância da mídia e sabia como usá-la para seus propósitos. Padre Federico Lombardi, diretor-geral do CTV, diz que o papa tinha o dom de fazer com que seus atos tivessem alcance global, e que isso era possível através da mídia.
Além da TV, o Vaticano também se aventura por outros veículos de comunicação, como uma estação de rádio, um sítio na internet (www.vatican.va) e até um jornal próprio, o l´Osservatore Romano.
Durante o funeral do papa, o sítio – que é atualizado diariamente – recebeu cerca de 1.3 milhão de visitas. O jornal, fundado em 1861, tem circulação de 20 mil exemplares, mas viu sua popularidade crescer nas últimas semanas. Uma edição especial publicada em 3/4, um dia após a morte de João Paulo, esgotou rapidamente, e começou a ser revendida por preços absurdos. E, como existe demanda, o CTV pôs à venda cerca de 14 mil fitas de vídeo com um documentário sobre o papado de João Paulo II, o papa mais midiático da história.