Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Chanel patrocina edição de luxo do Libé

Quando chegou às bancas na sexta-feira passada (24/10), o jornal francês Libération, fundado em 1973 por Jean-Paul Sartre, estava de cara nova. Apenas por um dia, a publicação – originalmente, de esquerda – foi transformada em uma luxuosa revista patrocinada pela marca Chanel. Segundo o diretor Laurent Joffrin, o objetivo da edição era refletir a alta qualidade e o conteúdo arrojado. ‘Este é um presente que damos àqueles que ainda se apegam à importância da palavra escrita e que acreditam no futuro da mídia impressa’, declarou em editorial.

O jornal, que nos últimos anos passou por turbulências – com a venda para o banqueiro Edouard de Rothschild, a saída do co-fundador Serge July e uma onda de demissões –, hoje luta contra a baixa circulação – de 126 mil exemplares – e já anunciou aumento de preço para ‘enfrentar a crise’. Segundo Joffrin, o Libé é um verdadeiro ‘camaleão’. Ao longo dos anos, já experimentou as mais diversas inovações: foi feito de tecido e PVC e recebeu aroma de café em suas páginas. Este ano, convidou a primeira-dama, Carla Bruni-Sarkozy, como editora por um dia.

Ainda que muitos críticos avaliem a decadência do jornal desde a entrada de Rothschild, Joffrin acredita que a capacidade do Libé de se reinventar serve de ferramenta para que sobreviva ao hostil clima econômico. Ele definiu a edição financiada pela Chanel como um ‘item de colecionador’, e ressaltou que o ‘elegante patrocinador’ respeitou a separação entre publicidade e conteúdo editorial. As reações dos leitores, em um fórum online, foram no mínimo ácidas. ‘Chique! Um Libé que não mancha seus dedos’, escreveu um deles. Informações de Lizzy Davies [The Guardian, 25/10/08].