O jornalista James Risen não será mais chamado para depor como testemunha no julgamento do ex-agente da CIA Jeffrey Sterling, que, suspeita-se, teria vazado informações sobre uma operação malsucedida do serviço de inteligência americano divulgadas no livro State of War (Estado de Guerra), escrito pelo repórter do New York Times em 2006.
Tanto a acusação quanto a defesa declararam que não vão convocar o jornalista, que já havia se recusado a testemunhar a fim de manter o anonimato de suas fontes. A batalha de Risen pelo direito de não testemunhar já durava sete anos. A questão havia chegado à Suprema Corte e o repórter havia perdido a causa; por fim, o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, definiu em última instância que os promotores não poderiam obrigar Risen a revelar suas fontes.
Embora o jornalista não precise mais comparecer para depor, a juíza federal Leonie Brinkema rejeitou a proposta do Ministério Público para bloquear todo o testemunho de Risen. Ela disse que a defesa terá permissão para mencionar comentários feitos por ele durante uma audiência pré-julgamento, na qual o repórter revelou ter consultado uma série de fontes para escrever seu livro.
Vitória do jornalismo
Risen, vencedor de dois prêmios Pulitzer, foi o mais proeminente jornalista envolvido na tentativa da Casa Branca de Barack Obama de acabar com o contato entre imprensa e funcionários do governo que divulgam dados sigilosos sobre questões de segurança nacional.
“A importância da decisão vai além de Jim Risen. Ela afeta os jornalistas em todos os lugares. Os jornalistas precisam ser capazes de manter o anonimato de suas fontes para poder fazer seu trabalho”, declarou o advogado do jornalista, Joel Kurtzberg.
Dean Baquet, editor-executivo do New York Times, divulgou um comunicado comentando a liberação de Risen. “Estou feliz que o governo tenha percebido que Jim Risen era apenas um repórter ativo fazendo seu trabalho e que ele não deveria ser obrigado a revelar suas fontes”.