Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Segunda-feira, 15 de novembro de 2010 TELEVISÃO Keila Jimenez Classificação indicativa deve ganhar novas regras O Ministério da Justiça quer criar uma nova e única portaria de classificação indicativa. Para tanto, abrirá na próxima quinta-feira uma consulta pública na internet, com duração de 30 dias, para ouvir a população e definir as novas normas. Hoje, há cinco portarias em vigor, com pontos considerados contraditórios. A consulta, que disponibilizará vídeos explicativos na web, buscará debater os critérios de classificação. ‘Por exemplo: no item violência fantasiosa, você verá que é o Pica-Pau jogando uma bigorna’, disse o secretário Nacional de Justiça, Pedro Abramovay. Por meio de comentários no site, o público poderá opinar ou corrigir regras jurídicas da portaria, que terá um pré-texto disponibilizado. A discussão será ampliada para as questões de idade e horário de programação. ‘Será que é preciso faixas etárias tão estreitas? Será que dá para ter menos faixas horárias?’, disse o secretário. Abramovay afirmou que as emissoras estão dispostas a participar do processo. ‘Queremos chegar num ponto em que a proteção à criança e ao adolescente não fira a liberdade de expressão.’ Além do site, o ministério estenderá as discussões para redes sociais como o Twitter. A ideia é que a portaria entre em vigor neste ano. Ásia A Globo começou a vender suas produções para canais vietnamitas. O VBC comprou a série ‘A Casa das Sete Mulheres’, a novela ‘Duas Caras’ e 13 episódios do ‘Globo Doc WildLife’. O SCTV adquiriu ‘Sinhá Moça’. Fixo João Bourbonnais assumirá de vez a vaga de Marcelo Rezende no ‘Tribunal na TV’ (Band). Ogro A Globo comprou o filme ‘Assustando Shrek’, especial de 30 minutos, inédito, ainda sem data para ir ao ar. Farpas Alan Rapp, diretor do ‘Pânico’ (Rede TV!), alfineta a Record no Twitter. ‘Como é bom ter um programa como ‘A Fazenda’, para alavancar toda a programação de uma emissora…’, publicou. Bart A Fox renovou a série ‘Os Simpsons’ por mais duas temporadas nos EUA. Reality Ex-diretor do ‘Domingão do Faustão’ (Globo), Mauricio Falcão assina a direção do reality da Medialand, ‘Transplantes – Entre a Vida e a Morte’ (Rede TV!). Bis Há seis meses no ar, o canal de reprises Viva foi assistido no período por 6 milhões de assinantes diferentes. Boa parte desse sucesso vem das novelas ‘Quatro por Quatro’, ‘Por Amor’ e ‘Vale Tudo’, que levaram o canal à liderança de audiência na TV paga entre o público feminino. Saudade O ‘Vídeo Show’ (Globo) volta a apostar na ‘TV Pirata’. Reprisa a novelinha do programa a partir de hoje. com SAMIA MAZZUCCO Gustavo Villas Boas Programa dramatiza 400 anos de história dos Estados Unidos Os EUA vivem ‘tempos históricos’: o presidente afro-americano Barack Obama comanda duas guerras (Afeganistão e Iraque -cujas operações de combate foram encerradas em agosto) e, no plano interno, tenta debelar os efeitos da gigantesca crise financeira de 2008. Diante dessa conjuntura, o History Channel apostou que era momento para uma série que reveja a história norte-americana, disse a presidente do canal, Nancy Dubuc, ao ‘New York Times’. Em seis episódios de duas horas cada um, o programa aborda 400 anos. O primeiro episódio, coalhado de termos como ‘empreendedores’, ‘terra de oportunidades’ e ‘liberdade religiosa’, aborda os séculos 17 e 18. Abusando de efeitos especiais -em certos momentos, lembra a estética de videogame- a mais cara produção do canal dramatiza fatos como a chegada dos peregrinos do navio Mayflower, a ascensão de um sistema de correios revolucionário comandado por Benjamin Franklin e as origens do Tea Party. Foram escalados mais de 1.500 figurantes nos seis episódios, pontuados por depoimentos de diversas personalidades, tão distintas entre si como o magnata Donald Trump, o fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, e o ator Michael Douglas. NA TV América: A Saga dos EUA Estreia QUANDO dia 23/11, às 22h, no THC CLASSIFICAÇÃO não informada ************ O Estado de S. Paulo Segunda-feira, 15 de novembro de 2010 MÍDIA E POLÍTICA Carlos Alberto Di Franco Liberdade de imprensa, compromisso de campanha A então candidata Dilma Rousseff assumiu publicamente compromisso com a liberdade de imprensa e de expressão. Chegou a dizer, numa afirmação que contrasta com os precedentes de seu partido, que o único controle que admite é o controle remoto. Em seu primeiro discurso como presidente eleita do Brasil, Dilma renovou seu compromisso: ‘Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam o País e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório.’ Bom começo. Agora, os conceitos devem ser traduzidos em ações. E Dilma já tem pela frente um primeiro teste. Lula decidiu tocar adiante o polêmico projeto que cria o marco regulatório da comunicação eletrônica. Mas não o enviará ao Congresso. A decisão está nas mãos de Dilma Rousseff. De acordo com o ministro Franklin Martins, padrinho do projeto, esse marco regulatório, uma vez criado, ‘vai garantir a concorrência, a competição, a inovação tecnológica, o atendimento aos direitos da sociedade à informação’. Mas há grande desconfiança entre os profissionais de comunicação quanto a interesses já manifestados pelo governo de criar um controle social da mídia, o que significaria a censura à livre expressão. A desconfiança não é gratuita. Afinal, em oito anos uma das constantes do governo Lula foi a tentativa de controlar os meios de comunicação. Desde o frustrado lançamento do Conselho Nacional de Jornalismo até a realização da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) em 2009, por convocação do governo Lula, o denominador comum é impressionante: tentar impor censura aos meios de comunicação e, em especial, à imprensa. Tenta-se, reiteradamente, montar um cenário aparentemente afirmativo: a defesa da ‘democratização’ dos meios de comunicação. A palavra de ordem é romper a ação da ‘mídia monopolista’. Mas o objetivo final é sempre o mesmo: controlar, punir, fiscalizar, censurar. O propósito autoritário está sempre camuflado. Apresenta-se o governo como defensor da sociedade contra abusos e excessos cometidos por jornais, revistas, rádios e televisões. Ergue-se, igualmente, contra os formadores de opinião que se atrevem a contestar o discurso único. ‘Nós somos a opinião pública’, declarou o presidente da República em notável arrebatamento. O argumento não se sustenta. Para coibir abusos há a Justiça, como em qualquer sociedade democrática. Para garantir a democratização e a multiplicidade há a concorrência. O que o governo quer, lá no fundo mesmo, é o monopólio da comunicação para moldar a opinião pública em torno de um projeto de poder. Foi isso o que esteve no cerne de todas as tentativas. Nenhuma deu certo graças à força da sociedade civil brasileira. Agora o governo resolveu comer o mingau pela beirada. Passou a bola, numa primeira etapa, aos Estados governados majoritariamente pelo PT. É o caso do Ceará, que já elaborou lei fiscalizadora e, com indisfarçável articulação, está sendo seguido por Alagoas, Piauí e Bahia. Pretende-se constituir conselhos para atuar no controle dos veículos de comunicação. O próximo passo é jogada cantada. O governo federal trataria de regulamentar a ação dos conselhos estaduais, sob pretexto de padronizá-los. Teríamos, por um atalho, instalada a censura no Brasil. Sei que há gente séria e bem-intencionada que, ingenuamente, acredita que os conselhos ‘fortalecem a democracia’. Os conselhos podem ter uma fachada democrática, mas seu presumível aparelhamento os transforma rapidamente em braço do governo. Não defendo, por óbvio, uma imprensa irresponsável. Sinto-me com autoridade moral para condenar o espírito dessas iniciativas. Afinal, tenho martelado, teimosa e reiteradamente, que a responsabilidade é a outra face da liberdade. Não sou contra os legítimos instrumentos que coíbam os abusos da mídia. Mas eles já existem e estão previstos na Constituição e na legislação vigente, sem necessidade de novas intervenções do Estado. A tentativa fracassará. Por algumas razões. A primeira, sem dúvida, é a confiança na palavra empenhada pela presidente eleita. E Dilma Rousseff foi taxativa: ‘O único controle que admito é o controle remoto.’ Devemos dar ao seu governo o necessário crédito de confiança. Em segundo lugar, temos a Constituição. Os conselhos de comunicação, creio, estão em rota de colisão com a Constituição. Na verdade, o artigo 220 do texto constitucional garante a liberdade de imprensa, afirmando que ela não pode sofrer nenhuma restrição. Ao assumirem, de fato, o controle da mídia, os conselhos inibem, na prática, o exercício do jornalismo independente. Recentemente, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, assinalou que a entidade poderá questionar judicialmente a criação dos conselhos. ‘Não podemos tolerar iniciativas que, ainda que de forma disfarçada, tenham como objetivo restringir a liberdade de imprensa. A OAB vai ter um papel crítico e ativo no sentido de ajuizar ações diretas de inconstitucionalidade contra a criação desses conselhos’, afirmou. Em terceiro lugar, a sociedade brasileira rejeita a censura. Segundo o professor de Ética e Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Roberto Romano, os eleitores mandaram um recado aos políticos por meio das urnas. ‘Não temos mais um rebanho’, ponderou o especialista. Os mais de 40 milhões de votos dados ao candidato derrotado indicam algo. Há uma fatia expressiva do eleitorado que não se deixa levar pelo discurso populista. E isso, sem prejuízo da legitimidade do voto vitorioso, é muito importante como contraponto às aventuras autoritárias. A democracia brasileira amadureceu. É um fato. Agora, cabe esperar que a presidente Dilma Rousseff tenha a sabedoria de captar o recado profundo das urnas. DOUTOR EM COMUNICAÇÃO, É PROFESSOR DE ÉTICA E DIRETOR DO MASTER EM JORNALISMO Lúcia Guimarães Jornalismo tribal Se eu revelasse aqui os meus candidatos preferidos na última eleição, o leitor mudaria de opinião sobre as minhas opiniões? O voto é secreto e a curiosidade, legítima. A suspensão de um famoso âncora da TV a cabo americana provocou uma discussão acalorada na última semana: jornalista deve sair do armário e soltar a franga de suas cores políticas? Há uma nova geração de consumidores de notícias que não espera separação entre reportagem e opinião. O pecado: o colérico Keith Olbermann, da MSNBC, fez contribuições financeiras para as campanhas de candidatos do Partido Democrata, logo depois de entrevistar os mesmos candidatos no seu programa, e não notificou a direção da empresa. O castigo: suspensão indefinida, sem remuneração. Depois de apenas duas noites e uma campanha de protesto pela mídia social, Olbermann estava de volta vociferando em close up. Atenção, dicionaristas, para a evolução do conceito de ‘indefinido’. A punição decorativa de um jornalista cujo programa diário, Countdown (Contagem Regressiva), é uma versão do telejornal em esteroides, consumiu horas de conversa no ar em torno da pergunta: jornalista é gente? No Countdown, Olbermann faz o papel do liberal indignado e seu material, mais do que os fatos, são os malfeitores da direita. Ele exibe animações histriônicas de políticos conservadores, uma seleção da ‘pior pessoa no mundo’ e outros besteirois. Seu estilo é bombástico, às vezes beira a histeria. Ele é também o mais assistido âncora da MSNBC, uma espécie de anti-Fox do cabo americano. A Fox é a casa de Rupert Murdoch, que abriga o rebanho da poderosa direita caricatural, responsável por parte do sucesso dos republicanos mais conservadores na eleição de 2 de novembro: Rush Limbaugh, Bill O’Reilly, Sarah Palin, Newt Gingrich e elenco. O problema é que a parente da MSNBC é a velha NBC e seu departamento de jornalismo tentou aplicar regras de ética tradicional aos funcionários de sua prima opinativa. Professores de escolas de comunicação argumentaram que a mídia digital, por ter permitido que qualquer pessoa com acesso à tecnologia transmita notícia e opinião, já forçou a redefinição do conceito de imparcialidade. Quem passou por uma escola de jornalismo sabe que a objetividade é uma bússola ética e não uma tentativa de virar eunuco. Mas um elemento fundamental da objetividade é a coleta de fatos e a velocidade da mídia digital atropela, torna difícil esta etapa. Um exemplo gritante aconteceu antes de Barack Obama visitar a Índia. A mídia conservadora americana repetiu inúmeras vezes a informação absurda, divulgada por um blogueiro indiano, de que a viagem de Obama à Índia estava custando ao contribuinte americano US$ 200 milhões por dia. Nem a guerra no Afeganistão custa tanto. No jornalismo pré-digital, divulgar esse rumor num telejornal poderia dar demissão. Leonard Downie, o ex-editor que herdou a direção do Washington Post do lendário Ben Bradlee, decidiu comportar-se como um monge quando assumiu o cargo. Simplesmente parou de votar. Há quem critique sua postura como hipocrisia. Por que não abrir o jogo, para começo de conversa? Embora a capacidade de analisar e formar opinião sejam requisitos do trabalho de um jornalista inteligente, a ideia de que observar fatos com a carteirinha do clube ideológico confere honestidade à cobertura é uma proposta perigosa. O gênio de Rupert Murdoch foi identificar o novo ambiente e montar uma operação de mídia que, na definição precisa do comediante Jon Stewart, ‘tirou a legitimidade da autoridade editorial, enquanto exerce tremenda autoridade editorial’. Não é à toa que Stewart é o ‘jornalista’ com maior credibilidade nos Estados Unidos no momento. Quando os jornalistas se tornam histriônicos, os comediantes começam a ser levados a sério. Afinal, eles têm uma equipe de redatores de dar inveja a qualquer redação de jornalismo e sua mensagem é mais refinada. A decisão de suspender Keith Olbermann deixou a MSNBC parecendo um queijo suíço. Ao montar uma programação de cabo baseada em opinião à esquerda do espectro político americano, o canal seguiu a tendência em vigor: dizer ao público o que ele quer ouvir. Todos somos intransigentes com os que discordam de nós e lenientes com os que reforçam nossas opiniões. Mas, ao embarcar neste comércio lucrativo, as empresas de mídia não podem se esconder sob a argumentação furada de que as regras de imparcialidade continuam em vigor. A solução não é fazer jornalistas confessarem se são de direita, centro ou esquerda. Se a tecnologia redefiniu o que o público identifica como jornalismo, o desafio é redefinir os atores da profissão. E o uso da palavra ator é proposital. Um panfletário como Olbermann não deveria ancorar a cobertura na noite da eleição, como fez, antes de ser suspenso. Sim, uma das funções do jornalismo é puxar a cortina que esconde a aparência real do Mágico de Oz. Mas o que acontece hoje é uma ‘afeganização’ do jornalismo. A tecnologia permite que o público se isole em tribos e a mídia foi atrás: ofereceu o jornalismo tribal. CASO PANAMERICANO Alline Dauroiz ‘Quem quer Dinheiroooo?’ Se alguém tinha dúvida de que Silvio Santos continuaria a jogar aviõezinhos a suas ‘colegas de trabalho’ após o escândalo no banco Panamericano, o Estado comprovou na tarde de ontem, durante gravação do programa no SBT, que o ‘Quem quer dinheirooo?’, bordão mais famoso dos domingos, está a salvo. Durante três horas e meia, o homem do Baú cantou marchinhas de carnaval, divertiu sua plateia, composta só por mulheres, e distribuiu notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100. A gravação, que o Estado acompanhou da plateia, só vai ao ar às vésperas do carnaval. Enquanto ocorria a gravação, a segurança da emissora tentava impedir um fotógrafo do jornal de fazer fotos da fachada da emissora. A brincadeira, aliás, é um dos grandes motivadores do público, que a cada comando do apresentador, senta, levanta, faz coro, bate palmas e dá gargalhadas orquestradas por claques. Tudo para que o ‘patrão’ fique feliz e ofereça mais dinheiro. ‘Paguei ‘70 contos’ numa bolsa e pensei: ‘vou lá no Silvio Santos pra ver se ele paga pra mim’, brinca uma jovem da caravana de Jundiaí, no interior do Estado. ‘Vamos sentar no meio, onde ele joga mais aviãozinho’, diz sua colega. Depois que toda a plateia está devidamente maquiada e penteada pela equipe de produção, Roque, fiel escudeiro de Silvio há 47 anos, dá instruções e diz que ‘está tendo um papo aí sobre a vida’ de Silvio, mas ‘a alegria desse homem é o público, e a vida dele não interfere no trabalho’. Para aquecer o auditório, antes de o programa começar, Silvio explica a importância da presença e da felicidade de todas e conta piadas, como em um minishow de comédia stand-up. ‘Sem vocês, o show não acontece. Por isso, com orgulho, chamo todas de ‘colegas de trabalho’.’ Entre uma piada e outra, ainda com as câmeras desligadas, uma possível menção ao caso do Panamericano. ‘Sabe que esta semana aconteceram coisas que me deixaram muito triste, quase em depressão’, diz Silvio ainda sorrindo. ‘Aí, conversei com um amigo que foi pra Índia, e ele me contou uma história: ‘Não fique assim, Silvio. Sabe que, uma vez, vi no chão um passarinho doente. Estava frio e, para aquecê-lo, peguei um punhado de m… e o cobri. O passarinho melhorou e ficou tão quente e feliz que começou a piar (Silvio imita os sons do personagem). Então, um gavião ouviu os pios, deu um rasante e comeu o passarinho. Moral da história? Nem sempre quem te põe na m… é seu inimigo; nem sempre quem te tira da m… é seu amigo; e, mais importante: passarinho que está na m…. não dá um pio’.’ Prêmio. O maior prêmio da tarde, de R$ 1 mil, foi pago à menina Maísa, que participou do quadro Jogo das 3 Pistas com o cadeirante Fernando, de 9 anos, que se apresentou no último Teleton (evento em parceria com a AACD). No momento emotivo do programa, Maísa cedeu seu prêmio a Fernando, quando o menino começou a chorar porque não havia acertado nenhuma das respostas. A atitude levou a plateia e a produção às lágrimas. Já no quadro Jogo dos Pontinhos, a modelo e atriz Lívia Andrade, que divide a bancada com colegas como Mamma Bruschetta e Helen Ganzarolli, deu uma pista do clima no SBT depois dos últimos acontecimentos no Grupo SS. ‘Estou quietinha porque o tubarão está bravo.’ ‘Eu, bravo?’, Silvio pergunta. ‘Sim. E no dia do tubarão bravo, todo mundo fica com o ‘olhinho’ na mão’, completa a moça, seguida por gargalhadas do apresentador. Sem transparecer qualquer sinal de irritabilidade, Silvio só aparentou desânimo no momento das reprises de pegadinhas. ‘Corta. Essa pegadinha é muito ruim’, ordena. ‘Essa também está péssima. Não sei se é porque já vi milhões de vezes, mas estou achando tudo isso muito sem graça’, confessa o apresentador à direção do programa. Não contentes com todos os aviõezinhos jogados, no fim da atração, algumas ‘colegas de trabalho’ deram falta de uma popular brincadeira, quando Silvio, a pedido da plateia, recheia o monte de aviõezinhos com muitas notas de R$ 100 e atira os valores de uma vez só ao auditório. E uma assídua frequentadora constata com a amiga de caravana. ‘Com essa história do banco, o Silvio deve estar mesmo quebrado.’ Sonia Racy ‘A integridade do meu marido não foi nem será abalada’ Se houvesse uma novela inspirada na vida de Íris Abravanel, ela seria, como define a própria, uma tragicomédia. ‘Tenho bom humor dentro de mim desde pequena. Não gostava quando as pessoas discutiam na família. Que fazia? Saía, me vestia com a roupa da minha tia, passava um batom, pegava a bolsa e um sapato, entrava no meio da discussão e acabava tudo. Eu tinha dez, nove anos’, contou a novelista, que para exercer seu papel, escolheria Regina Duarte. No de Silvio Santos, Íris tem dúvidas. Não saberia quem escolher. Íris recebeu a coluna no seu escritório do Morumbi, semana passada, em meio ao furação que abala o Grupo Silvio Santos. Tranquila, afável, ela evitou comentários maiores sobre o problema do Panamericano. Estava sim concentrada no lançamento do seu livro Recados Disfarçados, amanhã, na Fnac de Pinheiros. São contos-recados acumulados durante anos, meio pelo qual Íris costuma se comunicar. Muitos deles, dirigidos ao próprio marido, Silvio Santos. Aqui vão trechos da longa conversa. A senhora deve ter tido um susto com o problema do Panamericano. Como vê a situação e como está o Silvio Santos? A integridade de meu marido não foi nem será abalada. Ele é um homem de palavra e sempre foi cumpridor de suas responsabilidades. Prova disto é a atitude que ele teve agora. A senhora tem fama de ser desapegada a bens materiais. Tem medo de perder tudo? Nunca! Nossas maiores propriedades são a saúde, fora o nosso trabalho e dignidade. Tenho certeza que não vamos perder nada disso. A senhora sabia do que estava acontecendo antes do problema estourar? Olha, não tenho o que dizer sobre isto. O assunto é com o Panamericano e com seus dirigentes. Não falo pelo Silvio. Bom, o fato é que sua vida daria uma novela. Se fosse, que título teria? Daria uma novela, sim, e muito boa. Ela tem vários altos e baixos, né? Seria bom até para servir de testemunho, de incentivo. Eu sempre tive de assumir riscos, desde pequena. Somos quatro e sou a mais velha da família. E aí, o que sobrava? Tinha que consertar a parte elétrica da casa, levava choques, costurava os ferimentos dos cachorros, fazia curativo no meu pai quando ele se machucava… Sempre me coloquei à frente para resolver alguma coisa. Eu não tinha medo. Hoje eu vejo que isso me deu uma base, uma estrutura para poder enfrentar tudo que veio depois. Como conheceu o Silvio? Numa praia, com 19 anos. Ele era mais velho. Depois de um longo tempo, e muita tempestade, a gente acabou ficando junto. Ele era casado à época. Depois, a mulher dele faleceu. Pensa em escrever um livro sobre a vida de vocês? Talvez escrevesse um romance baseado em toda nossa história. Porque tem muita coisa que serviria de exemplo para as mulheres. E homens também. Olha, vou te contar uma coisa: quando eu escrevia crônicas para a revista Contigo, o primeiro a ler era ele. Escrevia na forma de recados, como é o nome do livro que lanço na terça (amanhã). E alguns desses textos que estão em Recados Disfarçados eram para ele. Como O Peso do Mundo e Nosso Instinto Gregário. Como surgiu essa sua vocação para escrever? O Silvio é um excelente argumentador. É muito difícil você ganhar uma discussão com ele, praticamente impossível. A primeira palavra dele é… não. Eu adquiri com ele uma capacidade de argumentar, raciocinar e discernir. E tenho de fazer isso rápido, porque ele é muito ágil, né? Foi com ele que desenvolvi isso. Poder vender aquilo em que você acredita. Ele é também excelente vendedor. E quando a senhora resolveu começar a trabalhar? Nunca fui de ficar acomodada, nem tenho tendência para vida de dondoca. Eu sempre quis me sentir útil. Quando minhas filhas eram pequenas, me absorviam muito. Eu fiz questão de participar, de acompanhar… Então, depois que as criou, resolveu escrever profissionalmente? É. Aí eu quis trabalhar… Até escrevi uma crônica sobre isso: ‘Homens, nós não precisamos de vocês’. Sobre o medo que eles têm que a mulher trabalhe fora e tal. Isso na minha geração, não na sua. Não sei se o homem ainda se sente inseguro em relação a isso. Mulher ganhar mais que o homem, por exemplo. Acho que ainda incomoda, não? O que a senhora mais gosta na programação do SBT? O que mais admiro é essa imparcialidade com o jornalismo. Eles são responsáveis e fazem um trabalho muito sério. E o episódio da bolinha de papel nas eleições? Não falo sobre política. A senhora conversa sobre política com Silvio? Não, não falamos. Não lhe interessa? Me preocupa. Só. E me mantenho atualizada. Sei que a senhora não gosta de falar de política, mas quando Silvio resolveu ser político… Ah, eu posso falar. Naquela época era um comitê de dois. Eu e ele. Porque ele atendia um telefone, eu atendia outro. Começou a chover telefonemas de todos os políticos. A gente não estava nada preparado para isso. Não tenho dúvidas que ele se elegeria. Mas não tenho dúvidas que, para nós como família, ele teria de tomar atitudes que não seriam populares. Poderiam prejudicá-lo como pessoa. É a favor da liberdade de imprensa? Total, total, total. Com responsabilidade. Todo o departamento de jornalismo do SBT tem total liberdade de dar a noticia. Silvio não interfere em nada. Como o SBT lhe paga? Eu sou contratada do SBT, tenho crachá e salário. E pode revelar quanto ganha? Não! Por que é muito ou pouco? Porque é muito pouco! Sabe aquele negócio que santo de casa não faz milagre? Acho que o maior salário é poder começar uma carreira com essa idade. É um privilégio. Isso, graças ao Silvio. Se ele não me contratasse… E poder desenvolver esse talento que eu tenho. O Silvio é muito ciumento? Esse foi um problema da nossa vida, e ele reconhece isso. O Silvio sempre foi ciumento. Até por isso eu só pude trabalhar no início porque era em casa. Hoje não. Está mais tranquilo. Também, se não estivesse! Hoje eu sei da importância de a gente ter passado por todos as crises e conflitos. Como é gostoso superar e chegar nessa fase! Não é coisa de velhice, rejuvenesce a gente. Ele me conhecer, eu conhecê-lo, a gente abrir mão das coisas que gosta pelo outro, até que passa a gostar e compartilhar das mesmas coisas. Nós éramos totalmente opostos. Ele gosta de cidade, eu de praia. Tenho de chamá-lo para ouvir os passarinhos. O que a senhora sentiu quando sua filha, Patricia, foi sequestrada? É como se tirassem um pedaço de você. Eu falava que eu sobreviveria a qualquer coisa, mas não suportaria um sequestro de uma filha. Onde arranjou forças? Primeiro, acreditar que nenhum fio de cabelo dela seria tocado. Precisava também perdoar as pessoas que estavam com ela. Eu me emociono até de falar porque eu também precisava acreditar que ela estava sendo bem cuidada. Foram sete dias, com helicópteros em cima da minha casa. Em nenhum momento eu entrei em pânico porque eu só queria acreditar que minha filha iria voltar e que estaria bem. A senhora não odeia os sequestradores? Não posso odiar. Eu acho que ia fazer muito mal pra mim. A mágoa deixa a gente amargurada. Temos de nos aperfeiçoar como seres humanos. Todos temos falhas. Acho que a gente precisa entender o outro também. O que acha do meio empresarial? Eu admiro demais o Silvio como empresário. Sou maior fã dele. Do posicionamento, as estratégias que ele tem. Acho brilhantes as saídas que ele encontra. Silvio faz 80 anos dia 12. A senhora está preparando alguma comemoração? Ele é completamente avesso a comemorações. Ele se sociabiliza somente com o auditório e o público dele. É extremamente caseiro. O nosso convívio é muito familiar. Na época em que as meninas estavam na estudando eu até consegui levá-lo para festa de escola. Consegui que ele participasse da vida escolar das meninas. Vocês continuam na ponte aérea São Paulo/Miami? Sempre, quando dá. Agora eu tô planejando no fim do ano todo mundo lá. Vamos ver. Já pensou em morar lá? Mudar eu acho difícil, né? Os negócios dele estão todos aqui. Ele pode até diminuir o ritmo de trabalho, mas parar de trabalhar, não vai. Nem pode. Eu não posso tirar a vida dele. Lá ele pode ser ele mesmo. Ah, uma coisa interessante: o supermercado lá nós mesmos fazemos todos os dias. Compramos de pouquinho. Ele ama. INTERNET Raquel Cozer Suplementos de livros em tempos de internet Em vez de ver a internet como um espaço que rouba leitores do jornal impresso, perceber as possibilidades que ela cria para agregar conteúdo. Em bate-papo sobre a diversidade de pautas nos cadernos culturais, na manhã de ontem, no Fórum das Letras de Ouro Preto, as jornalistas Laura Greenhalgh, editora executiva do Estado, e Mànya Millen, editora do Prosa & Verso, do Globo, destacaram a expansão para a rede da cobertura dos suplementos de livros no século 21. ‘Quando criamos o Sabático, não tivemos a intenção de reeditar o Suplemento Literário. Ele é nosso Suplemento Literário dos tempos da internet’, disse Laura, referindo-se ao atual caderno de livros do Estado, lançado em março deste ano, e ao criado por Antonio Candido em 1956 e que se tornou referência entre cadernos voltados à literatura no Brasil. Para explicar a diferença, a editora executiva citou casos recentes como a entrevista com Philip Roth, feita pela jornalista Lúcia Guimarães, publicada no papel com chamada para a internet, onde era possível assistir a um vídeo gravado com o escritor. ‘É um espaço a mais. Colocamos no blog tudo o que não cabe no papel’, concordou Mànya. As jornalistas ressaltaram ainda a expansão do mercado editorial, com um número crescente de lançamentos e de novas editoras, além de eventos literários cada vez mais frequentes – o que enriquece a cobertura. ‘As grandes editoras têm um grande fluxo de lançamentos importantes, mas procuramos olhar também para as pequenas, que por vezes publicam títulos importantíssimos que poderiam passar despercebidos’, disse Laura. TELEVISÃO Projac troca a Toscana por Horto carioca Sai a Toscana de Passione, entra o Horto carioca de Insensato Coração: parte da região, que conta com prédios de arquitetura antiga e ar de interior, será devidamente reproduzida no Projac, complexo de estúdios da Globo em Jacarepaguá, para a próxima novela das 9, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Além da zona sul abastada de praxe, a história reserva ao Horto – assim como acontecia com o Andaraí em Celebridade – o núcleo cômico e ligeiramente barraqueiro. Ali estarão as personagens de Deborah Secco e Rosi Campos, como mãe e filha, e Cássio Gabus e Isabela Garcia, como ex-cônjujes, além do bar do Gabino (Guilherme Piva). Estreia na segunda quinzena de janeiro. Corpo livre Foi num parque de Berlim que Didi Wagner deu de cara com um cidadão completamente nu, defensor da FKK (Freikörperkultur), ou a cultura do corpo livre. Ele sugere que ela tire a roupa, o que Didi gentilmente recusa. Vai ao ar hoje, às 22 horas, no Lugar Incomum do Multishow. 14 países, via canal PFC Internacional, verão ao vivo palestras de Mano Menezes, Zico e Ronaldo no Footecon, fórum do futebol no Copacabana Palace, dias 7 e 8 FRASE ‘Existem mulheres bonitas e interessantes, q vc olha e retorna à sua rotina (…) E existe a Paola Oliveira’ Marcius Melhem no Twitter, sobre a série Afinal… (Globo) Além de atrair mulheres das classes B2 e C para o zapping dos canais pagos, o canal Viva também caiu no gosto – e no bolso – da classe artística nacional. Como tudo ali é reprise, sempre pingam pagamentos por direitos de imagem e autoral na conta de atores, roteiristas e diretores. O processo criativo de Luiz Fernando Carvalho em sua nova série na Globo, Afinal, o que Querem as Mulheres, rendeu um documentário a ser exibido pelo canal GNT em dezembro. O especial mostra o material captado por três câmeras durante os dois meses de ensaios e filmagens. O goleiro Julio César brincava à vontade numa mesa de bilhar num hotel no centro de Milão, quando uma equipe da ESPN, enviada do Brasil, foi ao seu encontro. Cenas dos boleiros em Milão vão ao ar esta semana pelos canais ESPN, incluindo Maicon e Lúcio. A trupe da ESPN foi à Itália para a transmissão do jogo Inter x Milan. O Jornal Hoje reabre seu blog a interessados em narrar experiências com intercâmbio entre estudantes. Quem quiser pode contar lá sua história até quinta-feira. Patrocinado pelo Universal Channel, o livro Acredite, feito por grandes nomes da publicidade e tendo como mote a pergunta ‘em que você acredita?’ chega ao mercado antes que o mês termine. Jaqueline ensaia nível máximo de surto em Cláudia Raia: seu Jacques Leclair se casa com Clotilde (Juliana Alves), que a partir do dia 4 entra em cena repaginada, sem precisar fingir boa educação e na condição de primeira-dama do estilista na novela Ti-Ti-Ti. Canal Rural acaba de lançar aplicativos para iPhone, iPad e similares, com base no sucesso de redes sociais voltadas para quem se antena em montaria em touro. ************