Telesur, canal internacional de notícias criado em conjunto por países latino-americanos sob a liderança da Venezuela, ganhou matéria do correspondente Juan Forero no New York Times [16/5/05]. A emissora, ainda em fase de implantação, se propõe a ser ‘anti-hegemônica’, o que, como cita a reportagem, é uma referência direta aos oligopólios privados de comunicação da América Latina. Mesmo veiculando publicidade, ela será controlada pelos governos que a estão criando.
Diferenciando-se do que é comum na imprensa americana – ironizar de alguma maneira os governantes de esquerda que hoje predominam no Cone Sul, chamando-os, por exemplo, de ‘populistas’ –, o texto do New York Times informa que a proposta da Telesur é dar espaço aos pobres e excluídos. Serão exibidos documentários e reportagens produzidos pelas comunidades locais. Exemplo do espírito da emissora é um de seus funcionários, o jornalista colombiano Ati Kiwa, índio da tribo dos aruaco, que trabalha vestido com as roupas tradicionais de seu povo.
Mas também foi ouvida a voz dos que se opõem à Telesur. Alberto Federico Ravell, diretor de jornalismo da emissora privada venezuelana Globovision, denuncia que a rede foi concebida pelo presidente Hugo Chávez. A mídia privada da Venezuela ajudou no fracassado golpe de Estado contra o presidente em 2002 e hoje se vê às voltas com novas leis de imprensa que poderiam servir para censurá-la. O parco orçamento inicial do novo canal de notícias, US$ 2.5 milhões, terá 70% bancado por Chávez. Uruguai e Argentina darão o resto, enquanto Brasil e Cuba, por enquanto, ofereceram apenas apoio técnico.