Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cobertura revela importância dos jornais locais

Os últimos anos têm sido difíceis para a indústria jornalística. Nos EUA, grandes diários vêm demitindo funcionários e anunciando declínio após declínio de receita publicitária. O Boston Globe não é exceção – no início do ano, a New York Times Company anunciou que colocaria o jornal à venda. Estima-se, neste momento de crise, que ele acabe mudando de mãos por cerca de um décimo do valor pelo qual foi comprado há 20 anos.

Portanto, é de se esperar que o clima no Globe não seja dos melhores. Mas a crise foi posta de lado na segunda-feira [15/4], após as duas explosões que abalaram o fim da Maratona de Boston. Rapidamente, repórteres e fotógrafos do diário correram para o local da tragédia. No mesmo dia, o Globe derrubou sua paywall, tornando gratuito o acesso a seu site, e atraindo 1.2 milhão de visitantes únicos – seis vezes a média diária. Até a noite de quarta-feira [17/4], o site continuava aberto.

O site gratuito Boston.com, que também pertence ao jornal, atraiu cinco vezes o número de visitantes únicos e teve o número de page views triplicado. Até o dia seguinte ao atentado, 4.5 milhões de pessoas haviam assistido a um vídeo feito pelo repórter esportivo Steve Silva em que ele aparece correndo em direção ao local da primeira explosão.

Trabalho de equipe

O editor-chefe do Globe, Brian McGrory, que assumiu o posto há apenas quatro meses, elogiou o trabalho de Silva e do fotógrafo John Tlumacki. É Tlumacki o autor de uma imagem que se tornou icônica e ocupou a primeira página de diversos jornais na terça-feira [16/4]: três policiais aparecem em ação logo após a primeira explosão, enquanto um corredor aparece caído na frente deles. A fotografia também estampa a capa da revista Sports Illustrated

Segundo McGrory, o trabalho da equipe do Globe na cobertura da tragédia mostra a importância dos jornais locais. “Isso mostra como eles são vitais quando desastres acontecem”, afirmou. “O Globe e seu site tornaram-se algo como uma praça, para onde as pessoas vão para conseguir informações, e elas conseguiram”.

Alguns repórteres do Globe que correram a Maratona de segunda-feira passaram a cobrir o desastre imediatamente após as explosões. Segundo McGrory, os jornalistas esqueceram as divisões das editorias, e todos passaram a cobrir a tragédia. Houve também quem abandonasse as férias. “Todo mundo se envolveu no que ainda era considerado uma situação perigosa. Foi realmente algo notável”, lembra o editor-chefe, que estava fora da cidade e comandou à distância a cobertura, voltando à redação no dia seguinte.