Uma iniciativa experimental em jornalismo colaborativo monitorou no dia 1º de fevereiro, o primeiro dia de atuação da Viação Piracicabana, a nova empresa de transporte coletivo de Blumenau. Criado na noite de quinta-feira, 28 de janeiro, o Coletivo Blumenau conseguiu reunir, até as 20h de segunda-feira, 251 participantes que publicaram mais de 100 fotos e vídeos das condições e da lotação dos ônibus e terminais. A Piracicabana foi contratada por 180 dias após o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB) rescindir o contrato com o Consórcio Siga, concessionário desde 2007.
Embora ainda em caráter emergencial, a principal constatação do primeiro dia de monitoramento coletivo foi de que parte da frota da Piracicabana apresentou problemas de manutenção, entre os quais portas que não fechavam, catracas e elevadores para deficientes emperrados e velocímetros travados. Também houve relatos de pelo menos quatro ônibus enguiçados nos trajetos ao longo do primeiro dia. Todos os flagrantes foram registrados com fotos pelos integrantes do Coletivo Blumenau. Dos 240 ônibus contratados, 80 circularam na segunda-feira. A contratação de novos motoristas deve ampliar o número de veículos e linhas ao longo da semana, informou a concessionária.
A mediação das informações publicadas nesta primeira experiência do Coletivo Blumenau foi feita pelo jornalista Evandro de Assis, professor de Jornalismo da FURB e editor-chefe do Jornal de Santa Catarina – o Santa – até julho de 2015. Também integram a equipe os jornalistas Clóvis Reis, professor do curso de Publicidade da FURB e colunista do Santa, e Edgar Gonçalves Jr., editor-chefe do Diário Catarinense até setembro de 2015 e ex-professor de Jornalismo da Univali. Outros mediadores poderão participar nas próximas coberturas sobre outros assuntos de interesse da população.
“Todo mundo tem a ganhar”
A proposta do Coletivo Blumenau é potencializar o jornalismo local com base nas mídias digitais e no engajamento da população: “Há tempos a comunicação evoluiu da relação de um a um e de um a muitos para o modelo de muitos a muitos, um processo com muitos emissores, muitos receptores e uma quantidade muito maior de intercâmbios e de cooperação”, explica Assis. “Os leitores não se contentam mais em simplesmente receber informações, mas buscam a interação com a produção da informação, desafiando os padrões tradicionais da comunicação e do jornalismo.”
O resultado da produção colaborativa é a qualificação da opinião pública e do próprio jornalismo: “Se o jornalismo melhora à medida que o número de fontes de informação cresce, temos que usar a internet, os smartphones e as redes sociais para aproximar jornalistas e cidadãos. Todo mundo tem a ganhar.”
O Coletivo Blumenau funciona em um grupo no Facebook. O resultado do trabalho é publicado na página www.facebook.com/coletivoblumenau
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Clóvis Reis é jornalista