Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Colunistas do Mirror considerados culpados

Uma investigação de seis anos conduzida pelo Departamento de Comércio e Indústria britânico sobre conflito de interesses no jornal Daily Mirror e tentativas de manipular o mercado de ações através da coluna sobre investimentos City Slickers terminou com três condenações, como informam Simon Bowers [The Guardian, 08/12/05] e James Daley [The Independent, 07/12/05].


O julgamento de sete dias foi concluído na quarta-feira (7/12). James Hipwell, um dos colunistas, foi considerado culpado por manipulação do mercado. Anil Bhoyrul, que também escrevia a coluna, já tinha sido considerado culpado por uma acusação similar. O day-trader (investidor que compra e vende a mesma ação várias vezes no mesmo dia) Terry Shepherd foi acusado de fazer parte de uma conspiração com os jornalistas, pois comprou ações em várias ocasiões no dia anterior à publicação da coluna e as vendeu logo depois. Todos eles podem pegar até sete anos de prisão e a sentença será decidida posteriormente.


O caso levanta questões sobre a conduta de jornalistas que dão dicas sobre o mercado acionário. Apesar da atividade não ser ilegal, a Press Complaints Commission (PCC), entidade responsável por supervisionar a imprensa britânica, determina que os jornalistas não devem investir em ações sobre as quais escrevem.


Os advogados de Bhoyrul alegaram que, tendo como base a atmosfera geral do jornal na época, o colunista não tinha liderança moral para preveni-lo destes eventos. Bhoyrul admitiu que investiu em ações, mas negou ter feito isto de maneira desonesta. Ele descreveu a coluna como ‘um monstro fora de controle – toda vez que eu dava dica sobre uma ação, o preço subia de 30% a 100% na manhã seguinte’. Ele ainda informou que investidores ficavam do lado de fora de sua casa pedindo dicas, e algumas vezes o ameaçavam.


O Departamento de Comércio e Indústria concluiu que os dois jornalistas usaram a coluna para inflacionar ações. Os investigadores observaram que eles utilizavam o padrão ‘primeiro comprar, depois dar dicas, depois vender’. Ao longo de seis meses, Bhoyrul lucrou US$ 24 mil e Hipwell, US$ 71 mil com ações.


Durante o julgamento, Hipwell disse ter sido encorajado a negociar ações pelo editor Piers Morgan. O editor e Martin Cruddace, advogado do Mirror, teriam comprado ações de empresas indicadas pela coluna. Em 2000, a City Slickers teria informado que a empresa Viglen Tecnology estava se preparando para investir na internet, o que inflacionou suas ações. Os colunistas e o editor teriam lucrado com a compra de ações da Viglen. Em um primeiro momento, Hipwell e Bhoyrul haviam dito que Morgan não sabia das dicas quando comprou ações da Viglen, mas depois afirmaram que mentiram para proteger o editor. Morgan insiste que soube da notícia ao ler o jornal.