Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Com ameaça de bloqueio, Comcast e Time Warner desistem de fusão

Chegou ao fim a tentativa de fusão da Comcast com a Time Warner Cable, duas maiores operadoras de cabo dos EUA. O acordo permitiria a criação de uma companhia a cabo com um controle sem precedente sobre o futuro do mercado americano de TV e banda larga. Exatamente por isso, as duas empresas não conseguiram convencer a Comissão Federal de Comunicações (FCC), órgão responsável pela regulação dos setores de telecomunicações e radiodifusão, de que ele seria benéfico para os consumidores.

O CEO do Comcast, Brian Roberts, anunciou na manhã de sexta-feira [24/4] a desistência da fusão. “Hoje, precisamos seguir em frente”, afirmou. “É claro que gostaríamos de levar nossos ótimos produtos para novas cidades, mas estruturamos este acordo de forma que, se o governo não concordasse com ele, pudéssemos voltar atrás”.

Logo após o anúncio, o presidente da FCC, Tom Wheeler, confirmou que o governo estava preparado para bloquear a fusão. “Hoje, um novo mercado de vídeo está emergindo com novos modelos de negócios e mais opções para os consumidores”, disse. “A fusão proposta teria representado um risco inaceitável à competição e à inovação, e até à habilidade de provedores de vídeo online de chegarem aos consumidores”.

Todos contra o acordo

O Departamento de Justiça americano, que avaliava a fusão junto com a FCC, também concluiu que não havia solução para neutralizar os riscos trazidos pelo acordo. Segundo o órgão, a fusão “faria da Comcast um porteiro inevitável para serviços de internet que dependem de uma conexão de banda larga para atingir os consumidores”.

A transação era avaliada em 45 bilhões de dólares. Combinadas, as duas empresas controlariam 57% do mercado de banda larga e quase 30% dos serviços de TV por assinatura nos EUA. Desde seu anúncio, em fevereiro de 2014, a tentativa de fusão enfrentou críticas de legisladores, companhias de mídia e tecnologia e de organizações em defesa dos consumidores, além do escrutínio dos órgãos reguladores do governo.

Para os críticos, os consumidores acabariam pagando mais caro pelos serviços, a competição entre produtores de conteúdo em vídeo online seria prejudicada e haveria falta de vozes independentes e diversas na televisão.