FUTURO DOS IMPRESSOS
Comunicadores gaúchos analisam a crise, 26/12
‘O ano de 2009 ainda se configura como um grande ponto de interrogação para os negócios brasileiros. Nos meios de comunicação gaúchos, a sensação não é diferente do resto do País. A crise econômica internacional originou um cenário incerto que não possibilita fazer uma previsão exata do que está por vir.
Apesar da instabilidade, alguns executivos dos principais veículos do Rio Grande do Sul mantêm um discurso otimista. ‘Na Rede Pampa, não sentimos nenhum efeito do que está acontecendo no mercado mundial e, muito menos, na publicidade nacional. Contudo, estamos atentos e observando todos os movimentos da economia’, afirma Paulo Sérgio Pinto, vice-presidente da Rede Pampa de Comunicação. Para ele, o quadro pode ser revertido a favor das empresas: ‘A crise obriga os empresários a anunciarem. Só sobrevive quem coloca seus produtos em exposição’.
No jornal Correio do Povo a rotina também não foi alterada, conforme o diretor de redação, Telmo Borges Flores. Os planos de investimento em softwares, qualificação de colaboradores e reestruturação das instalações físicas do jornal permanecem ativos. ‘Vamos fechar 2008 bem, e as expectativas para o futuro são as melhores’, assegura Flores. Mas o receio quanto à retração de anunciantes existe. Para o diretor comercial, Roberto Paulete, a imprevisibilidade da conjuntura poderá afetar os negócios no primeiro semestre: ‘No entanto, o Correio do Povo prevê um aumento no faturamento de 16% para o próximo ano’.
Diferente dos concorrentes, o Grupo RBS resolveu apostar em medidas preventivas. Em uma carta enviada aos seus 6 mil funcionários, a rede mostrou a inquietação em relação aos reflexos da turbulência internacional no desempenho da organização: ‘A divulgação recente do crescimento da economia do nosso país, e as discussões que se seguiram, é um paralelo muito próximo do que está acontecendo com a nossa empresa: de um lado, um excepcional ano de 2008 até o terceiro trimestre, mas uma grande preocupação com os meses seguintes e com o ano de 2009’. A RBS pediu aos colaboradores que estabelecessem um dia-a-dia de guerra em relação aos custos, solicitando às equipes de vendas um esforço redobrado. As ações para a redução de despesas incluem a suspensão de novas admissões (mesmo com a necessidade de substituição de empregados), aumentos de salários, viagens aéreas de executivos, entre muitas outras.
O presidente da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Ercy Pereira Torma, vê a estratégia adotada pela RBS com a melhor em tempos de incertezas. Definir metas com o propósito de minimizar as repercussões da crise é a saída. ‘Os veículos de comunicação que não se precaverem serão atingidos, pois não há como escapar em razão da globalização. Integramos um setor que, para crescer, depende de tecnologia. Aplicar nestes recursos requer capital de giro’, enfatiza. O momento, diz Torma, solicita de empresários e equipes criatividade e ousadia.’
Comunique-se
Internet ultrapassa jornais como principal fonte de informação dos americanos, 26/12
‘A internet superou os jornais impressos como fonte de informações dos americanos. De acordo com pesquisa realizada pela Pew Research Center, 40% dos entrevistados afirmaram que o principal meio de informação é a internet, contra 35% que citaram os jornais. A televisão continua liderando o ranking, com 70%. Em 2007, a internet foi citada por apenas 24% dos pesquisados.
O percentual é ainda maior quando a pesquisa se limita aos americanos com menos de 30 anos. Nessa faixa etária, 59% disseram buscar informações na internet, o mesmo percentual alcançado pela TV.
Numa avaliação dos últimos oito anos da pesquisa, percebe-se que os leitores de jornais se estabilizaram na faixa dos 35% e que a internet vem ‘roubando’ audiência da televisão. A queda no número de entrevistados que citaram a TV foi de quatro pontos percentuais em 2008 em relação ao ano passado.
De acordo com o levantamento, os jornais impressos perderam leitores principalmente entre 2003 e 2005, quando apresentou queda de 14 pontos percentuais.’
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‘Da Redação – A The New York Times Co., controladora do The New York Times (NYT), anunciou na última quarta-feira (24/12) que a receita com publicidade em novembro registrou queda de 20,9% em relação ao mesmo mês de 2007. Os problemas causados pela migração de anunciantes e leitores para internet foram acentuados pela crise financeira internacional.
A receita publicitária, que responde por praticamente dois terços do faturamento total da companhia, registrou queda de 16,2% em outubro e 14,1% em setembro.
Até mesmo a internet está sendo afetada pela crise no mercado financeiro. Os ganhos dos sites da companhia registraram queda de 2,6% nas receitas em novembro. No ano, a receita gerada pela internet registra crescimento de 8,3%.
No início deste mês, o NYT anunciou que iria hipotecar a sua nova sede para conseguir um empréstimo de US$ 225 milhões.’
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‘Mesmo sendo concorrentes diretos na cobertura local, os jornais The Washington Post e The Baltimore Sun anunciaram, na última terça-feira (23/12), acordo para o compartilhamento de conteúdo. A intenção é diminuir os gastos para enfrentar a crise que afeta o mercado de jornais e já causou, inclusive, o pedido de concordata da controladora do Sun, a Tribune Co.
A partir de 01/01/2009, a cobertura local e de alguns esportes será feita por apenas uma equipe para os dois jornais. O Sun e o Post já contribuem para o Los Angeles Times-Washington Post News Service, mas eles eram proibidos de usar material um do outro. Com o acordo, o Sun, que fechou recentemente cinco escritórios no exterior, passará a ter acesso à cobertura nacional e internacional do Post.
‘Eles nos darão a cobertura dos subúrbios de Baltimore e de Baltimore, e nós daremos a cobertura dos subúrbios de Maryland’, explicou o editor-assistente do Post Robert J. McCartney.
Nos esportes, o Post será responsável por cobrir o time de futebol americano Redskins, a seleção americana de beisebol e os times da Academia Naval de Anápolis. O Sun vai cobrir o time de futebol americano Ravens, o time de beisebol Orioles e as corridas de cavalos.
Entretanto, cada jornal continuará com suas histórias exclusivas e, em certas áreas, como o governo de Maryland e os esportes da Universidade de Maryland, continuará existindo a competição.
‘(O acordo) permite que os dois jornais utilizem seus recursos buscando histórias exclusivas para eles, para jogar com suas próprias forças. (…) Orçamentos são apertados em todos os lugares, e isso vai nos ajudar a colocar nossos recursos onde podemos usá-los melhor’, disse J. Montgomery Cook, que assumirá o cargo de editor do Sun na próxima semana, entrando na vaga de Timothy A. Franklin, que deixou o jornal um dia antes do acordo ser firmado.
Com a redução nos custos, a expectativa é que não ocorram demissões nos dois jornais. De acordo com Franklin, o Sun vai economizar em despesas com viagens e na contratação de freelancers.’
JORNALISMO INVESTIGATIVO
Abraji lança site que faz mapeamento de dados sobre o Brasil, 26/12
‘Os jornalistas que quiserem fazer reportagens com dados sobre educação, criminalidade, eleilções, população, entre outros, acabam de ganhar um site onde é possível visualizar, por exemplo, a distribuição geográfica da nova base municipal de cada partido político e a distribuição dos meios de comunicação. Mapas Temáticos sobre o Brasil é uma iniciativa da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
A associação permite que os jornalistas reproduzam os mapas, desde que citem a fonte. É possível realizar download de mapas em alta resolução.
A Abraji planeja tornar disponíveis também mapas interativos para o primeiro trimestre do próximo ano. Os jornalistas poderão usar recursos como sobreposição de camadas num mesmo mapa, zooms, além de pedir informações sobre alguns municípios de acordo com os temas.
O site faz parte do projeto internacional ‘Mapeamento dos Meios de Comunicação da América Latina’, que investiga a relação entre resultados eleitorais, demografia e meios de comunicação nos países da região e Canadá. Ele leva em consideração que os meios de comunicação apresentam um papel importante nas decisões tomadas em sociedades democráticas. Para tanto, procura identificar como esses fatores se influenciam na América Latina e Canadá.
A Abraji contou com a cooperação do Geolab (Laboratório de Geoprocessamento para o Curso de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina) e da FOCAL (The Canadian Foundation for the Americas) para desenvolver o site.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Berlusconi é o amundiçado de 2008, 24/12
‘Todos calçam 40
todos comem quietos
o dinheiro do povo
& a mulher do próximo
(Talis Andrade in O Enforcado da Rainha)
Berlusconi é o amundiçado de 2008
O repugnante troféu de Amundiçado do Ano vai para o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, que mandou cobrir o seio de uma figura retratada pelo artista veneziano Giovanni Battista Tiepolo (1696/1770). A tela é uma cópia de O Tempo que Desvenda a Verdade, provavelmente pintado em 1743.
Explicação que os assessores deram para o vexame: a imagem poderia ‘incomodar’ telespectadores ou leitores de jornais, embora o quadro tenha sido escolhido próprio Berlusconi para decorar o salão do palácio Chigi, em Roma, onde ele costuma dar suas entrevistas coletivas.
Janistraquis jura que não ficou perplexo com a atitude do primeiro-ministro:
‘Considerado, não se pode esquecer que o cidadão foi flagrado a retirar, com o indicador, u’a meleca do nariz e depois a engoliu com uma xícara de café. Ora, uma pessoa com esse nível é capaz de qualquer baixeza.’
(Berlusconi comendo meleca junta-se àquelas que formam a sentina do YouTube; é uma das cenas mais repugnantes jamais filmadas.)
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Gênio imortal
Deu na capa do UOL:
Achados desenhos novos de Da Vinci
Janistraquis ficou perplexo:
‘Considerado, pensei que Da Vinci estivesse morto desde a Idade Média; mas não é que ele continua vivo e produzindo numa boa?!?! Segundo o UOL, são desenhos novos.’
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Atirar pra matar
O governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, autorizou a polícia a matar os bandidos que infestam a região. ‘Os policiais estão autorizados a atirar no peito deles’, afirmou, na cerimônia de lançamento da Operação Feliz Cidade, durante a qual foram entregues 1.500 pistolas calibre 40 para os policiais militares.
O considerado Juvenal Ferreira Nunes, produtor rural no município de Campo Grande, festejou:
‘É preciso acabar com a bandidagem e não é rezando o terço e fazendo passeata que se faz o serviço.’
Janistraquis, veterano doutros tiroteios, aposta no linchamento moral do governador:
‘Ah!, considerado, o patrulhamento vai ser de lascar. Você se recorda daquele delegado carioca conhecido como Sivuca? Aquele que pronunciou uma frase histórica, ‘bandido bom é bandido morto’? Pois não teve mais sossego na vida depois desse, digamos, desabafo…’.
É, pode ser, mas essa história é antiga; estamos quase em 2009 e o Mato Grosso carrega no nome o presente do indicativo do verbo matar.
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Talis Andrade
Leia abaixo – por alguns problemas não consegui postar textos no Blogstraquis – a íntegra de A Moeda Brasiliense, cujo fragmento é a epígrafe da coluna. O considerado Mestre Talis forja com versos sua espada de guerreiro e ataca no mais recente livro, O Enforcado da Rainha.
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Farol luminoso
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo banheiro, em trepando-se nas bordas do vaso sanitário, é possível avistar-se o casal imperial a ensaiar algumas lições de comportamento recebidas de Sarkozy e Carla Bruni, pois Roldão sacou de seus arquivos esta queixa antiga:
Na matéria intitulada ATENÇÃO, EMERGÊNCIA NA PISTA, do Correio Braziliense, lia-se na seção Cidades:
‘De quem é a preferência? — Ambulâncias, carros de bombeiros e da polícia têm prioridade no trânsito. Mas a regra só vale se o veículo estiver com a sirene e o farol luminoso ligados.’
Roldão anotou:
O jornal hesitou ao nomear o equipamento instalado no teto desses veículos e dotado de luzes piscantes, cuja nomenclatura parece ainda indefinida, e chamou-o de farol luminoso, baita pleonasmo pois todo farol é luminoso. Qual é mesmo o nome dessa geringonça?
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Restos Mortais
Qualquer que seja o tamanho da crise, ninguém deixa de comer. Foi a pensar nessa verdade que Janistraquis desenvolveu o projeto de abrir restaurantes populares em cada cidade do Vale do Paraíba, com o sugestivo nome de Restos Mortais.
Falta apenas financiamento e meu assistente pensa em procurar Daniel Dantas:
‘Se ele abrir as burras vai ganhar dinheiro fácil, considerado; e uma coisa que deixa Daniel Dantas ouriçado é dinheiro fácil, né não?’
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Singela historinha
Imbuído de fervor natalino, o considerado José Truda Júnior despacha de seu minarete de Santa Teresa este singelo esquete capaz de animar consistórios:
Saindo do supermercado um homem depara com uma inusitada procissão de funeral. Achou aquilo muito estranho e parou para olhar. Dois caixões pretos seguidos por um homem sozinho levando um doberman na coleira. Atrás dele, uma longa fila indiana só de homens. Não contendo a curiosidade, ele se aproxima delicadamente do homem com o cachorro e diz baixinho:
-Meus sentimentos por sua perda… Sei que o momento não é apropriado, mas nunca vi um enterro assim! O senhor poderia me dizer quem faleceu?
-Bem… No primeiro caixão está a minha esposa.
-Puxa! Sinto muitíssimo! O que aconteceu com ela?
-Esse meu cachorro. . . Ele a atacou.
-Nossa, que tragédia! E o segundo caixão?
-Está minha sogra. . . Ela tentou salvar a filha. . .
Fez-se um silêncio consternado. Os dois olham-se nos olhos.
-Dá pra me alugar o cachorro?
-Entra na fila!
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Diferente demais
Deu na Folha, que traduziu o texto do Independent, de Londres:
Neandertais não eram ‘estúpidos’, apenas ‘diferentes’, afirma estudo.
Interessadíssimo, Janistraquis leu a matéria, garantiu que agora é craque em assuntos da Idade da Pedra e se perguntou, como a pensar em voz alta:
‘Quer dizer que o presidente-preferência-nacional é apenas ‘diferente’?’
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Tudo se transforma
Deu na Folha de S. Paulo:
Paciente diz que laboratório Lavoisier perdeu seus exames
Janistraquis ficou decepcionado, porém filosofou:
‘Considerado, não há mais sequer vestígio daquele tempo em que se falava de Lavoisier e a gente logo se lembrava de que na natureza nada se perde…
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Arbitragem fajuta
Sob o título É mais fácil fazer justiça em arbitragem, afirma Rezek, lia-se no indispensável Consultor Jurídico:
É mais fácil fazer justiça através da arbitragem do que pelo Judiciário. A opinião é do advogado Francisco Rezek. Depois de citar exemplos da arbitragem internacional e de alguns desafios que o modelo terá de enfrentar, Rezek expôs as vantagens em se solucionar os conflitos através dela.
Janistraquis, que há muito deixou de confiar no Judiciário deste país, por absoluta ausência de notório saber e ilibada reputação de seus membros, acha que esse negócio de arbitragem é assunto para Arnaldo César Coelho, Zé Roberto Wright, Oscar Godoy ou Celso Russomano:
‘O problema, considerado, é que falta aos nossos juízes competência para julgar; aqui no meio do mato, quando um vizinho desonesto mente barbaridade e rouba os eucaliptos que a gente plantou há 30 anos, vem o meritíssimo e insiste em que façamos ‘acordo’ com o bandido. Claro que é mais fácil agir assim do que julgar a questão!!!’
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Nota dez
O considerado Arnaldo Niskier, jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras, escreveu em Tendências/Debates da Folha de S. Paulo:
(…) Cotas raciais não têm amparo legal e, na verdade, camuflam a leniência oficial em relação à qualidade do ensino público, este, sim, a merecer toda espécie inadiável de apoio. E tem mais: é uma agressão à autonomia universitária. Frise-se ainda que a Câmara entendeu que pode aliviar, por meio do novo mecanismo de cotas raciais e sociais, a obrigatoriedade dos exames de habilitação para o ensino superior.
Trata-se, na verdade, de uma imposição que, na prática, não funcionará.
O melhor exemplo é o que ocorreu na Uerj, a primeira universidade pública a adotar o sistema de cotas. São revelações do reitor Ricardo Vieiralves. Dos 1.320 alunos iniciais, concluíram os cursos escolhidos só 350 alunos. Por motivos diversos, em geral econômicos, houve grande evasão.
Leia abaixo a íntegra do artigo de Niskier, profissional que realmente entende do assunto; os defensores de cotas não merecem crédito algum.
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Errei, sim!
‘ACHAM POUCO? – Ao folhear os jornais, deparei com matéria intrigante no suplemento agrícola da Folha de S. Paulo, o Agrofolha. A começar do título deveras assustador: MARCHESONI QUER MAIS BURROS NO PAÍS. Distraído, pensei: meu Deus, esse homem acha pouco? Só depois de alertado por Janistraquis é que me recuperei do susto; tratava-se de burros mesmo, que, segundo o criador, é bicho tão inteligente que aprende a abrir qualquer porteira.’ (novembro de 1987)
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Raios me partam!
Caiu um raio aqui no sítio e o estrago foi razoável. Acabou-se a energia elétrica e o modem do computador deixou no ar aquele cheiro de coisa queimada; parou de funcionar, é claro. Ficamos sem internet.
Tínhamos um geradorzinho para emergências que também se queimou. O rio subiu, inundou o poço, e, desse modo, experimentamos um pouco do que os catarinenses sofreram – estamos sem água potável. As estradas se mantém intransitáveis.
Janistraquis tentou elevar o astral, que anda mais por baixo do que cu de cobra:
‘Deixa pra lá, considerado; desgraça pouca é bobagem…’
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.’
WEBJORNALISMO
Em 2009, mais respeito por quem nos trouxe até aqui, 23/12
‘Já se fez tanto em Comunicação, que fica difícil desejar algo novo para 2009. Duvida? Olhe para trás, seis ou sete décadas apenas, e veja que milagre realizamos em tão pouco tempo. Isso, milagre. Desde quando se vêem tecnologias de alcance global como cinema, rádio, televisão, videocassete, dvd, celular e web surgirem em tão pouco tempo? É milagre – repito – e dos bons.
Por isso, exijo respeito. O trabalho do profissional de Comunicação está por trás de todo este progresso, e gerações se beneficiaram com tanto esforço. E não me refiro à menor parte da categoria, ou seja, àqueles, como eu, que carregam um canudo debaixo do braço. O caso, aqui, são os técnicos, os que estão por trás de tudo o que se fez ao longo do século passado.
Valoriza-se tanto a formação superior, mas o trabalho dos bastidores é muitas vezes esquecido, o esforço de gente que aprendeu com a prática e ergueu o mundo da Comunicação em tão pouco tempo. O segredo deste sucesso – prática + esforço + intuição – guiou nosso mercado ao ensino formal, a graduações, cursos de pós e mestrados que hoje vivenciamos hoje como se sempre tivessem estado ali. Ledo engano.
O que guiou esta gente esforçada ao longo do tempo? Paixão, amor por estar levando ao mundo todo tipo de mensagem, criando ponte entre emissor & receptor, levando informação a lugares distantes e gente improvável. Muitas vezes, até, podendo chegar bem próximo, no sorriso do filho, no espanto do amigo e no agradecimento daquele que nem se conhece a magia da Comunicação.
Assim, peço mais Memória em no ano que está prestes a começar. A mágica da Comunicação, presente em tantos lugares, por tantos meios e em tantas mídias, se mantém viva graças ao envolvimento de tantos profissionais que, muitas vezes, nem escolheram este caminho por opção, mas, uma vez nesta estrada, não pensam em dar um passo atrás que seja. É gente que não está nos prêmios, nas universidades, nas empresas, em som, vídeo ou web.
A estes, agradeço não apenas por um ano, mas por todo um milagre que se repete a cada esquina, em cada cinema, em cada tevê a cabo, em cada site que entramos ou celular que compramos.
Não fossem eles, não haveria Comunicação, e o mundo seria outro, bem diferente e muito, mas muito sem graça.
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A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ acontece em fevereiro no Rio. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica! As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx 21 … (ramal 4).
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1. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no http://bruno-rodrigues.blog.uol.com.br.
2. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
TELEVISÃO
Melhores dicas de TV para o final do ano
‘Para muitos, assistir TV é ‘vício inevitável’ ou ‘companheira inseparável’. Tanto faz. Não ficamos distantes da telinha nem mesmo durante os longos e tediosos feriados de final do ano.
Para sobreviver a mais uma maratona de muitos dias de festas, seguem algumas dicas sobre o que há de melhores programas de TV. Nada de especial do Roberto na Globo, Fogos em Copacabana ou os Shows de Ivete Sangalo em Salvador ou em qualquer lugar do Brasil. Ninguém merece tanta pobreza, tanta mesmice. Final de ano para quem gosta de TV é um suplício. Mas há algumas alternativas.
Andei pesquisando, principalmente nos canais de TV por assinatura e descobri algumas preciosidades. Nem todas são novas. Mas valem a pena conferir.
Odd Box Videos
A primeira tem a ver com o nosso principal interesse: jornalismo. A BBC, sempre a BBC, lançou um novo programa que também é bloco de notícias em seus telejornais, o BBC World News. Chama-se the Odd Box Videos ou a Estranha Caixa de Vídeos. Lembrando que Box também pode ser traduzido na Inglaterra como TV ou Estranhos Vídeos da TV. (ver aqui). Também tanto faz!
Trata-se de uma seleção dos melhores ou pelos menos, dos vídeos mais estranhos apresentados nas TVs de todo o mundo. Em tempos de You Tube, não deve ser tarefa fácil. Mas é um trabalho necessário e de qualidade. A BBC está investindo na transformação de seus telejornais em algo menos chato e previsível. Hoje, não faltam bons vídeos disponíveis em TVs ou na rede.
Odd Box Videos não é mais um programa no gênero World’s Most Amazing Videos que aqui no Brasil chama-se ‘Vídeos Espetaculares’ ou algo parecido.
A BBC não copia. Cria modelos de TV e de telejornais. A idéia do Odd Box Vídeos parece simples mas depende de uma super estrutura internacional para selecionar, analisar e avaliar regularmente milhares de vídeos disponíveis nas televisões. Esses programas de imagens fortes fazem muito sucesso em todos os lugares.
Os assuntos são bem variados. Um festival de matérias jornalísticas no estilo ‘fait divers’ com grande ênfase na peculiaridade dos temas e na qualidade das imagens. A BBC, ao contrário de nossas TVs, não se esqueceu que televisão é antes de tudo, boas idéias com imagens. Boas imagens.
Selecionar vídeos e apresentar na forma de bloco durante os telejornais é mais uma boa idéia para salvar os telejornais, evitar a decadência do meio ou pelo menos para tentar adiar seu fim inevitável.
Rock Bola agora na TV
Essa outra dica é para quem gosta de TV, mas que também adora rádio, futebol e Rock’n Roll. Combinação explosiva e perigosa que tem tudo a ver com criatividade e irreverência.
A turma do Rock Bola, o melhor programa sobre futebol do país, agora pode ser visto e revisto na TV. Ver matéria aqui do C-se: ‘SporTV estréia Pisando na Bola nesta sexta-feira’.
Era o meu programa favorito no rádio. Rock Bola, futebol com muito bom humor e com informações em segundo lugar. Agora o programa de tanto sucesso no rádio migra para a TV. Desejo boa sorte. Eles vão precisar. RockBola ou Pisando na Bola apresentado por Waguinho, Smigol, Alexandre, Lopes, Toni Platão, Tavares e Bolinho não é um programa fácil de gostar. E por favor, não confundir o Rock Bola com sua imitação barata e sem graça: o ‘Rock Gol’ da MTV. Um dos piores programas do decadente canal de música jovem.
Rock Bola é um programa muito, muito engraçado. Seus apresentadores são tudo aquilo que não assistimos nas famigeradas mesas redondas de futebol dos nossos finais de semana na TV. Eles não possuem ‘compromissos’ com clubes, empresas ou com ‘amigos’. Falam o que pensam em ritmo frenético. Parece conversa de botequim de verdade gravada ao vivo. As agressões ferem os ouvidos mais sensíveis, mas agrada aqueles que ainda acreditam no bom-humor carioca, no valor da verdade e da realidade.
Grande Resenha Facit
Para mim, os apresentadores do Rock Bola são os verdadeiros herdeiros da primeira, melhor e mais popular mesa redonda de esportes da TV brasileira: a Grande Resenha Facit. Era programa obrigatório nas noites de domingo e tinha a participação memorável de jornalistas famosos como João Saldanha, Nelson Rodrigues, Armando Nogueira, Luís Mendes e a belíssima colega rubro-negra Marilene Dabus, a primeira repórter e comentarista feminina de futebol do Brasil. Bons tempos! Quem viu, lembra.
Antes desse novo lançamento do SporTV, só podíamos conferir o Rock Bola em rádios FM ou pela Webcam na Internet. Agora, o programa será semanal e debaterá os temas e as cenas mais bizarras do esporte sempre com muito bom humor e ainda mais ‘irreverência’. Mas tomara que o novo ‘Pisando na Bola’ não seja massacrado pela máquina ‘politicamente correta’ da Globo. Tomara que o ‘Pisando na Bola’ não ‘pise na bola’ e se torne mais um daqueles ‘chatésimos’ programas de entrevistas dos canais de Esporte da Globo.
RockBola não é programa para os conformados com a mesmice do rádio ou da TV. É antes de tudo um programa de surpresas. Nem todas muito agradáveis. Quem conhece, sabe!
Discovery Civilization
Para mim, essa é a melhor dica do final de ano. Ganhei acesso ao canal como ‘presente de natal’ da Net para os assinantes do pacote digital. Agora não consigo deixar de assistir aos excelentes programas do Discovery Civilization (ver aqui).
O canal funciona como uma espécie de ‘túnel do tempo’. Os produtores tentam revelar os grandes mistérios da História. A programação inclui uma seleção de documentários excelentes sobre temas diversos, principalmente sobre as últimas pesquisas históricas com linguagem jornalística. Combinação perfeita entre estudos acadêmicos, divulgação científica e jornalismo de TV.
Os programas são produzidos por empresas independentes de todo o mundo com enorme cuidado. Não são jamais chatos ou ‘didáticos’ e utilizam os últimos recursos de computação gráfica para explicar a história da Civilização Mundial. Imperdível.
Recomendo os programas especiais sobre a Grande Armada Espanhola que tentou invadir a Inglaterra Elizabetana e outro documentário sobre os ‘Verdadeiros Piratas do Caribe’. Todos imperdíveis.
TCM: o melhor do cinema na TV
Essa dica é para quem adora cinema. Esqueça os canais Telecine ou mesmo HBO. A moda agora é conferir o TCM, Hollywood Classic Movies (ver aqui). De 1º a 25 de dezembro eles estão exibindo todos dias em apresentação dupla com inicio às 22h uma seleção de clássicos com o ameaçador e sugestivo título de: ‘Os 50 melhores filmes que você deveria assistir antes de morrer’. Tudo a ver.
São todos clássicos do cinema para você rever várias vezes ou para assistir pela primeira vez. Que inveja! Imagine assistir pela primeira vez a filmes como ‘Sinfonia em Paris’ com Gene Kelly e Leslie Caron, ‘Por quem os sinos dobram’ com Gary Cooper e Ingrid Bergman, ‘Os pássaros’ do grande mestre Alfred Hitchock e tantos outros filmes indispensáveis para os bons jornalistas do passado ou do futuro. Agora imagine assistir a ‘Rastros de Ódio’ com John Wayne sob a direção de John Ford ou West Side Story, Todos os homens do Presidente ou Das Boot, o Barco, melhor filme de guerra submarina de todos os tempos, pela primeira vez. Que inveja! A programação completa está aqui.
Tenho passado muitas noites em claro vendo e revendo grandes filmes durante longos feriados. Mas nada se compara a essa nova seleção da TCM.
Mas também aproveito para fazer um alerta: Os ‘50 melhores filmes que você deveria assistir antes de morrer’ não é um programa recomendado para pessoas com tendências anti-sociais.
Nesses dias de tantas comemorações e alegrias para tantos, mas de enorme tristeza e depressão para outros, a TV pode ser ‘companheira inseparável’, mas também pode ser ‘droga poderosa’.
Agora, é só escolher o seu programa e boas festas!
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’
MÍDIA & POLÍTICA
Faltou Getúlio no Café Amigo com Lula
‘O presidente João Figueiredo, ex-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) e encarregado de completar a ‘abertura lenta, gradual e segura’ iniciada pelo antecessor Ernesto Geisel, tornou-se o primeiro ditador a falar com repórteres e até decidiu dar uma entrevista a Getúlio Bittencourt, da revista VEJA. Mas impôs a condição de que ele não tomasse notas nem usasse gravador, exatamente o que os assessores do Planalto repetiram agora como condição de presença no café-da-manhã desta sexta-feira, 19/2, em que o presidente Lula conversou livremente com jornalistas.
Incrivelmente, a VEJA publicou na época tudo o que Figueiredo falou, reproduzida de memória por Getúlio. E o presidente confirmou ao resto da imprensa – e declarou-se até espantado com isso – a absoluta fidelidade do texto publicado.
Infelizmente Getúlio não compareceu à conversa com o presidente e todos os jornais publicaram apenas fragmentos do papo informal. E é preciso ler quase tudo para descobrir que Lula admitiu não ter conversado até agora com a ministra Dilma Roussef sobre a sucessão presidencial ‘porque, quando conversar, vai ser uma conversa definitiva.’ Além disso, o presidente culpou a Oposição por derrubar a CPMF visando ‘prejudicar eleitoralmente o governo’, defendeu tanto o ministro Guido Mantega e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
Mas a imprensa deu importância mínima à frase de Lula sobre o que pensa em relação a Meirelles e à manutenção da taxa Selic de juros em 13,75%: ‘Até o momento, a política monetária FOI correta (nota minha: não É nem CONTINUA). Ele é inteligente. VAI PERCEBER (nota minha: porque até agora NÃO PERCEBEU) o que precisa ser feito.’
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Por falar em Brasília, passaralho no horizonte
Pelo menos dois dos grandes jornais, que também têm agências, estão conversando sobre a possibilidade de unificarem escritórios e equipes de reportagem em Brasília, mantendo apenas colunistas em separado, num esquema parecido (mas bem mais reduzido) com o usado nos Estados Unidos.
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Ainda dá para fazer reportagem investigativa?
A morte de Mark Felt, o ‘Garganta Profunda’, inspirou Lenny Downey, editor-executivo do Washington Post na época da novela Watergate, a escrever longo artigo respondendo a pergunta: ‘Seria possível hoje fazer uma reportagem investigativa como foi a do episódio de Watergate?
Um pequeno trechinho dessa resposta: ‘No mundo cacófono da mídia hoje, no qual notícia, boato, opinião e infodiversão vindos de todos os tipos de fontes, tudo misturado e muitas vezes apresentado indiscriminadamente, como uma história daquelas com toda a pinta de improvável poderia ser verificada?’
Diversas reportagens concorrentes aos prêmios Esso e Comunique-se exigiram muito trabalho e recursos – corrupção no Espírito Santo, degeneração do meio ambiente, tráfico de drogas etc. E todas exigiram empenho das chefias de redação para checá-las e confirmá-las como corretas.
Em condições de aperto orçamentário, qual seria o limite das possibilidades de checagem em séries extensas e lidando com temas muito mais sensíveis, envolvendo até a participação de presidente da República, parlamentares ou dirigentes de tribunais em atividades criminosas?
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Menos repórteres, jornais mais pobres
Notinha de Joe Strupp no E&P, uma das mais importantes publicações americanas destinadas ao mundo da imprensa:
‘O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos calcula que até agora 21 mil empregos desapareceram este ano nos jornais. Os donos de jornais continuam a pensar que o caminho para enfrentar as crises econômicas é piorar seu produto eliminando o mais importante recurso – pessoas. Mas, com menos repórteres para descobrir notícias, a transição dos jornais para a internet os tornará cada vez mais iguais a tudo que já existe online, limitado e mal feito.
(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
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Folha de S. Paulo