Em viagem para tratar da crise nuclear na Coréia do Norte, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, abriu uma brecha na agenda para se encontrar, na Rússia, com o filho da jornalista Anna Politkovskaya, assassinada há algumas semanas, e com editores do jornal onde ela trabalhava. A secretária de Estado alegou que ‘o destino dos jornalistas russos é uma grande preocupação’.
O encontro se deu pouco antes de Condoleezza se reunir com o presidente Valdimir Putin para discutir a implementação de sanções ao suposto teste nuclear norte-coreano. Ela chegou à Rússia após visitas ao Japão, Coréia do Sul e China.
Um dos assessores da secretária afirmou que o encontro com o filho de Anna teve como objetivo prestar condolências e oferecer apoio ao jornalismo independente no país. Segundo ele, a visita não foi uma implicância com o governo, mas ‘a coisa certa a ser feita’.
Executada no elevador
Anna foi assassinada a tiros no elevador do edifício onde morava em Moscou, em 7/10. A jornalista veterana era crítica ferrenha do Kremlin e do conflito na Chechênia. Seu enterro atraiu milhares de pessoas, e teve a presença de embaixadores, mas ninguém do governo russo compareceu.
‘Anna Politkovskaya era uma jornalista particularmente conhecida e respeitada’, disse Condoleezza aos jornalistas que a acompanhavam de Pequim a Moscou, completando que o jornal para onde ela trabalhava, o Novaya Gazeta, é ‘uma das melhores vozes independentes da Rússia’.
Durante o encontro, Dmitry Muratov, editor-chefe do jornal, deu à Condoleezza alguns livros e cópias do periódico dedicadas à Anna. O filho da jornalista, Ilya, de 28 anos, disse ter concordado com a secretária americana em suas afirmações sobre a coragem de sua mãe e a tragédia de sua perda, mas não quis comentar as declarações dela sobre questões de liberdade de imprensa. Ele alegou que não é especialista na área. Informações de Glenn Kessler [Washington Post, 22/10/06].