Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Conservadores criticam mídia liberal

Fim da eleição presidencial, George Bush reeleito, e a imprensa conservadora dos EUA contra-ataca. Em artigo no jornal The Washington Times [10/11/04], Jennifer Harper afirma que grande parte da imprensa que se auto-proclama liberal, apoiada em pesquisas persuasivas favoráveis ao democrata John Kerry, negligenciou o poder de eleitores que têm como ideologia política a luta por valores tradicionais.

‘A mídia, especialmente a de Nova York e Washington, subestimou completamente a força das pessoas que vivem entre as costas, nos estados republicanos e ao sul do país’, ressalta Jon Friedman, editor do CBS MarketWatch.com. ‘Se você costuma falar com pessoas que pensam da mesma maneira que você, começa a achar que está correto, que é assim que as coisas são’, completa ele. ‘Nós tratamos a vitória de Bush como algum tipo de acidente que não pode ser explicado. Eu digo ‘nós’ porque eu sou um destes jornalistas de Nova York’.

Segundo Jennifer, reações como a de Friedman revelam que o resultado da eleição presidencial fez com que a grande imprensa entrasse em uma espécie de crise de identidade. O momento mostra-se propício a ataques a ela, como o feito pelo sítio Baptist Press [9/11/04], no artigo intitulado ‘A elite da mídia e os evangélicos’, escrito pelo evangélico R. Albert Mohler Jr, presidente do Seminário da Convenção Batista do Sul.

Distorção e desonestidade

Mohler afirma que a imprensa procura manter uma relação de hostilidade com setores religiosos. ‘Há exceções, é claro, mas grande parte da imprensa nacional apresenta a fé evangélica de maneira distorcida e desonesta’, diz. Ele aponta para o fato de que os dois grupos – imprensa e evangélicos cristãos – vivem em mundos completamente diferentes.

A elite da mídia costuma ser educada nos grandes centros americanos, onde o cristianismo histórico é visto como uma relíquia do passado, afirma. Por esta razão, cristãos evangélicos, católicos romanos e membros praticantes de outras religiões seriam vistos como retrógrados pela imprensa. ‘Nossas convicções são chamadas de anti-intelectuais e nossas questões morais são atacadas como entraves para a liberação humana. Muitos dos mais influentes jornalistas do país gostariam que nós desaparecessemos’, afirma Mohler, citando tópicos polêmicos como casamento homossexual e aborto. ‘Para a elite, deveríamos sair da arena política, porque não temos o direito de impor nossa moral para o resto do país’, reclama ele, para quem a grande imprensa liberal é guiada pela amoralidade e as grandes escolas de jornalismo dos EUA educam seus futuros repórteres e editores para voltarem-se contra os cristãos conservadores.

Religião de perdedores

Para ilustrar sua tese, Mohler cita o repórter do Washington Post Michael Weisskopf, que em uma ocasião teria chamado os religiosos de ‘pobres, sem educação e fáceis de serem manipulados’. Cita também uma fala explicativa do jornalista Bernard Goldber, da rede de TV CBS: ‘na grande parte das redações, cristãos conservadores são vistos como esquisitos e tratados com suspeita porque suas vidas são moldadas pela fé e devoção à Deus e pelo apego a princípios rígidos que parecem arcaicos para um grande número de jornalistas –que, como mostram as pesquisas, não costumam ser religiosos’. Mohler afirma também que o fundador da CNN, Ted Turner, já chegou a dizer que o cristianismo é uma religião para ‘perdedores’.

Para Jed Babbin, da revista American Spectator, a imprensa liberal é a maior perdedora da vitória de Bush. Segundo ele, jornalistas de veículos como a CBS, Washington Post e New York Times são teimosos, esquecem que escrevem ou falam para um público, e acabam falando para si mesmos. ‘Estas pessoas perderam a idéia de que o mundo esta passando por elas. Elas continuarão a caminhar em direção ao passado a não ser que comecem a ouvir o verdadeiro público americano’, completa ele. Público bastante conservador, aparentemente.