Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Continua onda de violência contra profissionais de imprensa

A equipe do Noticias de El Sol de la Laguna, diário com sede em Torreón, no México, foi alvo de um ataque a tiros no dia 22/6. Homens armados abriram fogo contra os escritórios do jornal pela manhã, ferindo a recepcionista. Mais de 50 tiros foram encontrados na fachada. O ataque ocorre um mês após o Noticias ser acusado de ligações com o grupo paramilitar Los Zetas, em um vídeo postado no YouTube. O diário negou a acusação em carta aberta publicada no dia 21/5. ‘O tiroteio reforça o fato de que não são apenas os jornalistas na região noroeste que são vítimas da violência no país’, disse a organização Repórteres Sem Fronteiras em seu site [24/6/10]. ‘Esperamos que investigadores descubram rapidamente o motivo e a identidade dos responsáveis pelo ataque’.

A Comissão Nacional de Direitos Humanos anunciou que implementará medidas para proteger os jornalistas. Há um ano, o repórter Eliseo Barrón Hernández foi assassinado na região. Os carteis de drogas e o Los Zetas são os principais responsáveis pela violência e ameaças aos jornalistas locais. No mês passado, três jornais foram alvos de ameaças por conta de matérias sobre o crime organizado na área.

Ameaças

Após uma ameaça ao repórter Javier Gómez, no dia 20/5, o Noticias optou por parar de cobrir o tema. Gómez foi ameaçado depois da publicação de matérias sobre um ataque em Torreón que deixou oito mortos. Poucos dias depois, Karla Guadalupe Tinoco Santillán, correspondente do La Opinión, foi ameaçada por ter escrito matérias sobre uma série de sequestros. Na mesma semana, homens abriram fogo na casa de outro jornalista do La Opinión. No dia seguinte, o diário Express de Multimedios recebeu a ordem de publicar a foto de seis cabeças decapitadas encontradas naquela manhã, caso contrário seus jornalistas teriam o mesmo destino.

Mesmo com o estado de Coahuila tendo tornado crimes de assassinatos de jornalistas puníveis com no mínimo 60 anos de prisão, a violência continua crescente. As ameaças e assassinatos acabam obrigando os veículos de comunicação a adotar a autocensura. Desde 2000, 62 jornalistas foram mortos no México, e 11 estão desaparecidos desde 2003.