Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Controle de informações atinge internet

Todos os sítios de internet chineses devem se registrar junto ao Ministério da Informação até o fim de junho. Os que não o fizerem – desde sítios comerciais e jornalísticos até blogs – serão considerados ilegais e poderão ser fechados. As pessoas responsáveis pelo conteúdo dos sítios deverão fornecer suas identidades completas ao governo, que justifica que a medida é necessária para controlar informações ‘perigosas ao país’.

Segundo dados oficiais, 75% dos sítios chineses já realizaram o procedimento, anunciado em março deste ano. A organização Repórteres Sem Fronteiras [6/6/05] informa que o Ministério também colocaria em prática, no início de junho, um novo mecanismo de monitoramento de sítios de internet em tempo real. Apelidado de ‘Rastejador Noturno’, o sistema permite que as autoridades localizem e bloqueiem instantaneamente sítios ‘ilegais’.

‘Perigo’ e repressão

O governo chinês alega que a internet é perigosa para o país. Segundo informação divulgada pela Xinhua News [31/5/05], agência de notícias governamental que funciona como porta-voz oficial, ‘a regulação da internet se tornou fundamental para seu desenvolvimento na China. A internet representa importantes papéis na economia e na cultura, mas também trouxe muitos problemas, como sexo, violência e outras informações perigosas que envenenaram seriamente os espíritos das pessoas e causaram efeitos perigosos no desenvolvimento dos adolescentes’.

O esforço das autoridades para conter a liberdade de expressão na internet não vem de hoje. De acordo com um relatório de 2002 da universidade americana de Harvard, o governo chinês havia bloqueado, em apenas seis meses, pelo menos 19 mil sítios. No início deste ano, relatório do Departamento de Estado dos EUA, em sua revisão anual da situação dos direitos humanos em todo o mundo, chamou atenção para o bloqueio da internet na China. ‘Às vezes, o governo bloqueia sítios de grandes organizações de mídia estrangeiras, organizações de saúde, instituições educacionais, organizações de Taiwan e do Tibete, organizações religiosas e espirituais, ativistas pela democracia e sítios que discutam o massacre da Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989’, informa o governo americano.

A imprensa tradicional também não é livre no país. Os jornais chineses estão mais ousados, mas têm que se esforçar para avaliar até onde seu conteúdo é tolerado pelas autoridades. Desta forma, em busca de um limite ideal para continuarem ilesos, se auto-censuram. Quando ultrapassam este limite, seus editores são demitidos ou presos, e a publicação pode chegar a ser fechada. O Comitê para a Proteção dos Jornalistas classifica a China como ‘a maior prisão de jornalistas do mundo’. Hoje, são mais de 40 profissionais detidos. Com informações de Robyn Meredith [Forbes, 8/6/05].