Jornalistas cobrindo os protestos de quarta-feira (2/2) na Praça Tahrir, no Cairo, foram alvo de violência e intimidação por parte de manifestantes a favor do presidente Hosni Mubarak. O correspondente da CNN, Anderson Cooper, foi atingido diversas vezes na cabeça, noticia J. David Goodman [The New York Times, 2/2/11].
Tala Dowlatshahi, porta-voz da organização Repórteres Sem Fronteiras, disse que a entidade recebeu dezenas de relatos de violência contra jornalistas locais e internacionais no Egito. Outra correspondente da CNN, Hala Gorani, contou ter sido ameaçada, aparentemente por partidários do presidente. A jornalista Christiane Amanpour, da ABC News, informou que ela e sua equipe foram cercadas por uma multidão quando tentavam filmar de uma ponte. ‘Eles chutaram nosso carro e quebraram o retrovisor’, dissea veterana Christiane, que teve de voltar ao hotel. Segundo a RSF, pelo menos um repórter foi preso, o belga Serge Dumont, que contou ter sido agredido no rosto e acusado de espião.
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Os incidentes ocorreram após o restabelecimento da internet pela primeira vez desde a semana passada, o que permitiu que muitos blogueiros voltassem a postar relatos sobre as manifestações. Os ataques foram divulgados pela al-Jazira, CNN e usuários do Twitter logo depois que os protestos violentos começaram na praça, que também é conhecida como Praça da Liberdade, gerando uma forte condenação da Casa Branca e do Departamento de Defesa americano. ‘Os EUA denunciam os ataques e pedem a todos os engajados nos protestos que estão acontecendo no Egito a fazer isto de maneira pacífica’, afirmou Philip J. Crowley, porta-voz do Departamento de Estado. ‘O uso de violência para intimidar os egípcios deve parar’.
A TV estatal egípcia também começou a mostrar imagens da Praça Tahrir pela primeira vez, focando nos partidários de Mubarak e em cenas de violência nas ruas por opositores do presidente, no que parece um esforço do governo em mostrar uma imagem negativa dos manifestantes contrários ao regime. ‘É claramente uma estratégia de mídia que está sendo implementada. A TV controlada pelo governo vinha exibindo novelas e programas de culinária’, opinou Tala, da RSF. É o que também pensa Mohamed Abdel Dayem, do Comitê para a Proteção dos Jornalistas: ‘O governo egípcio está empregando uma estratégia de eliminar testemunhas de suas ações, em uma série de ataques deliberados a jornalistas’.