Era tradição: sempre que o presidente dos EUA viajava, com ele seguia um avião fretado cheio de repórteres. A situação recente, entretanto, é um pouco diferente. As viagens de membros da imprensa para seguir Barack Obama são cada vez mais escassas. ‘A única razão para isso é dinheiro’, diz o jornalista Edwin Chen, repórter da Bloomberg News e atual presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca. A Associação vê a diminuição de repórteres acompanhando as viagens do presidente por conta de cortes de custos das organizações de notícias como algo alarmante.
A crise na indústria jornalística não é novidade e, há alguns anos, jornais regionais menores começaram a deixar de mandar repórteres para a sede do governo. Agora, os cortes chegaram aos veículos grandes, como a emissora ABC News e o jornal USA Today. ‘Todos os dias, eu procuro onde cortar’, diz Christopher Isham, chefe da sucursal de Washington da CBS News. A preocupação crescente entre os correspondentes é que os cortes prejudiquem a cobertura – que ficaria cada vez mais reduzida e proveniente de um menor número de fontes. Esta semana, quando Obama viajar à California, não haverá um vôo de repórteres.
Avião fretado
‘Isto seria impensável algum tempo atrás’, diz o ex-correspondente da Casa Branca pela CNN Frank Sesno, hoje diretor da escola de mídia e questões públicas da Universidade George Washington. Executivos das organizações de mídia dizem buscar soluções mais baratas para a cobertura. ‘Continuamos a cobrir o presidente como sempre fizemos; só temos que procurar a melhor maneira de fazê-lo, na parte logística e financeira’, afirma Mark Whitaker, chefe da sucursal de Washington da NBC News. No ano passado, a imprensa gastou 18 milhões de dólares com viagens de correspondentes da Casa Branca.
O lugar em um vôo fretado pode sair a 2 mil dólares em uma viagem doméstica – e normalmente viajam nele de 30 a 40 pessoas. A cada viagem de Obama é feita uma votação para decidir se haverá vôo. As grandes emissoras de TV – ABC, CBS, NBC, CNN e Fox News – representam cinco de sete votos. Os outros dois são dados por Chen em nome do restante dos correspondentes. Quando as emissoras decidem nao voar em grupo, cada repórter tem que cuidar de sua própria viagem. A diminuição dos vôos fretados teve início no fim do governo de George W. Bush e piorou durante os 16 meses de Obama no poder – especialmente nos últimos três meses. Uma dúzia de repórteres viaja no avião do presidente, e acaba sendo responsabilidade deles a cobertura principal, mais detalhada. O resto dos correspondentes tem que comprar passagem em aviões comerciais – muitas vezes com escalas – e torcer para chegar a tempo de cobrir a agenda presidencial. Informações de Brian Stelter [The New York Times, 23/5/10].