Eritreia e Coréia do Norte são os países que mais censuram jornalistas no mundo, de acordo com um estudo do Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Arábia Saudita, Etiópia, Azerbaijão, Vietnã, Irã, China, Mianmar e Cuba completam os dez países com maior índice de censura ao trabalho da imprensa. O ranking da organização é baseado nas táticas utilizadas por governos para cercear a liberdade de imprensa e de expressão, como leis criadas para ameaçar jornalistas, restrições de acesso à internet e detenção de profissionais de imprensa.
Na Eritreia, primeiro lugar da lista, o presidente Isaias Afewerki, no poder desde 1993, conseguiu destruir os veículos de mídia independentes. Segundo o CPJ, o clima no país é tão opressivo que até mesmo jornalistas de veículos de notícias governamentais vivem em constante medo de represália. O risco de prisão levou muitos jornalistas a procurarem o exílio, tática utilizada também pela população em geral. Segundo a ONU, a cada mês cerca de quatro mil eritreus tentam fugir do regime repressivo.
A Eritreia é o país africano com o maior número de jornalistas presos; são, atualmente, 22, e nenhum deles foi a julgamento. Em 2011, temendo que os acontecimentos da Primavera Árabe chegassem ao país, o governo abortou os planos de prover internet móvel para a população. De acordo com a ONU, menos de 1% da população da Eritreia tem acesso à internet.
No país ranqueado em segundo na lista, a Coréia do Norte, o acesso a fontes independentes de notícias é extremamente limitado devido ao controle imposto pelo governo do líder Kim Jong Um, que herdou o poder de seu pai, Kim Jong Il, morto em 2011. Quase todo o conteúdo dos jornais, rádios e canais de TV vem da Central de Notícias oficial do governo. O acesso à internet é restrito para apenas alguns indivíduos da elite do país.
O terceiro país no ranking, a Arábia Saudita, aprovou em 2011 uma lei de imprensa para punir veículos que publicassem qualquer material caracterizado como nocivo aos interesses e à segurança nacionais, que promovesse interesses estrangeiros ou facilitasse atividades criminais. Em 2014, o governo criou uma lei antiterrorismo que, de acordo com organizações de direitos humanos, irá criminalizar qualquer expressão crítica ao governo.
Controle sobre a população
Leis criadas para controlar a imprensa e a liberdade de expressão são comuns entre os 10 países listados pelo CPJ. Para manter o controle sobre a população, os regimes repressivos utilizam uma combinação de monopólio da mídia e ameaças a jornalistas para impedir que informações prejudiciais sejam divulgadas.
Limitar o uso da internet também é uma tática bastante utilizada pela maior parte dos países citados. Em Cuba, décimo na lista, a internet está disponível apenas para uma pequena parcela da população, enquanto na China, oitavo lugar, um firewall impede que os cidadãos acessem sites classificados como críticos ao governo. A China também é o país que mais prende jornalistas. De acordo com o CPJ, 44 profissionais de imprensa se encontram presos atualmente no país, 32 deles vindos de veículos online.
Ameaça e intimidação no Brasil
Apesar de não figurar na lista, o Brasil foi citado recentemente pelo CPJ devido a ameaças sofridas por jornalistas no Paraná. A organização condenou o fato do jornalista James Alberti, produtor do canal de TV RPCTV, ter sido obrigado a sair do estado após uma ligação anônima que denunciava a existência de um plano para assassiná-lo. A ameaça surgiu após a RPCTV ter levado ao ar reportagens com denúncias de corrupção e pedofilia envolvendo a Receita Estadual do Paraná.
O CPJ também criticou a tentativa de intimidação sofrida por funcionários do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba. Após uma reportagem que investigou irregularidades nas polícias civil e militar, os jornalistas foram pressionados pela justiça a revelar suas fontes. Segundo o CPJ, desde 1992, 31 jornalistas foram mortos no Brasil por causa de seu trabalho. O país aparece ranqueado em 11º lugar na lista dos países com mais mortes de profissionais de imprensa.