‘Estimado Sr. Rodríguez Díaz:
O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) escreve a V.Sa. para solicitar uma investigação imediata e detalhada sobre a morte do jornalista Mauro Marcano, que foi assassinado por indivíduos não identificados em 1 de setembro, na cidade de Maturín, no estado oriental de Monagas.
Marcano, um apresentador de rádio e colunista, foi morto a balas por volta das 7h00 no estacionamento do edifício de apartamentos onde vivia, segundo informes da imprensa local. Perto do corpo a polícia encontrou o revólver de Marcano, que o jornalista tentara alcançar para defender-se, segundo o que foi declarado por seu escritório.
Marcano conduzia o programa de rádio ‘De frente com el pueblo’, transmitido diariamente das 8h00 às 10h00 pela Radio Maturín. Além disso, escrevia uma coluna semanal intitulada ‘Sin bozal’ (Sem cabresto) para o diário El Oriental de Maturín.
No momento de sua morte, Marcano era conselheiro do movimento político Fuerza Monaguense. Antes de unir-se à Fuerza Monaguense, havia estado vinculado à política por longo tempo com o partido Movimiento al Socialismo (MAS).
Justo Estaba Millán, coordenador de imprensa da Radio Maturín, assinalou que Marcano havia apresentado seu programa na rádio por quatro anos. Segundo Estaba, Marcano realizava agressivas denúncias contra o narcotráfico e a corrupção policial. Estrella Velandia, diretora do El Oriental, disse ao CPJ que as colunas de Marcano tratavam sobre o narcotráfico, assassinatos contratados e corrupção policial. Velandia sustentou que no passado, a polícia teria conseguido capturar narcotraficantes baseando-se em informações difundidas por Marcano. Segundo Velandia, Marcano assegurava que estava acostumado a viver com ameaças e sabia como se defender.
Em um dos vários temas que cobriu em sua última coluna, publicada em 31 de agosto, Marcano disse que havia um rumor de que a polícia havia confiscado 11 quilos de cocaína em uma recente apreensão, em lugar dos 4 quilos que haviam sido informados. Caso os rumores se confirmassem, assinalou Marcano, a polícia deveria prestar contas sobre a quantidade de cocaína que faltava.
No dia de sua morte, Marcano apareceria em um programa apresentado ao meio-dia pela televisão regional Televisora de Oriente (TVO) para analisar as recentes ocupações de propriedade privada por parte de famílias sem-terra, de acordo com a jornalista Yolimar Bastidas, da TVO.
Instamos V.Sa. a conduzir uma investigação exaustiva, oportuna e pública sobre a morte de Mauro Marcano, e assegurar que os responsáveis sejam apresentados à justiça. O CPJ continua investigando o caso para determinar se Marcano foi assassinado em virtude de seu trabalho jornalístico. Esperamos receber, de seu escritório, mais informações sobre o caso.
Sinceramente, Ann Cooper – diretora-executiva’