A matança promovida pelo jovem indígena americano Jeff Weise na reserva de Red Lake recebeu bem menos cobertura da imprensa que o massacre do colégio Columbine, num subúrbio de Denver, em 1999. Há quem diga que se trata de racismo, já que os envolvidos no caso de Red Lake não eram brancos como as vítimas e os assassinos de Columbine.
Mas, como mostra a Minneapolis Star Tribune [26/3/05], há outros fatores a serem considerados. Red Lake fica a cinco horas de Minneapolis. Quando as equipes de reportagem chegaram no local, a situação já havia se acalmado. Columbine, por sua vez, gerou cenas fortes, já que os alunos da escola ainda estavam fugindo quando a TV chegou. ‘A televisão precisa de imagens. A postura adotada pelas autoridades tribais dificultou que conseguíssemos pessoas que contassem suas histórias’, diz Gary Hill, gerente de projetos especiais da KSTP, uma emissora local. A reserva tem fama de pouco receptiva entre os jornalistas. Em 1979, quando explodiu ali uma onda de violência, um helicóptero de TV que sobrevoava o local foi atingido por tiros.
Outro problema foi que a catástrofe de Red Lake ocorreu justamente quando crescia a polêmica envolvendo a agonizante Terri Schiavo, que se tornou a história principal na mídia. Ainda assim, há quem defenda que a chacina promovida por Weise teve até mais visibilidade do que deveria. ‘Columbine foi exagerado e Red Lake também. Não acho ruim que tenha sido menos exagerado, e os ativistas que pedem um maior frenesi da mídia escolheram uma forma estranha de promover os interesses de seu grupo’, comenta o professor de Jornalismo da Universidade de Nova York, Jay Rosen.