Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Crise política divide emissoras de TV

Se um telespectador assistir a um canal de TV pró-governo no Líbano, é possível que escute o apresentador descrever o Hezbollah como um ‘golpe de sírios-iranianos’ com o objetivo de estabelecer uma ‘ditadura da minoria’, noticia Pierre Sawaya [AFP, 15/12/06]. No entanto, se este mesmo telespectador mudar de canal, e assistir a um de oposição, é possível que ele escute nos noticiários que o Hezbollah é apoiado pelo Ocidente, sendo um ‘órgão ilegítimo’ ou até mesmo ‘clinicamente morto’, sendo mantido vivo graças apenas à ajuda dos EUA.


A guerra de palavras na mídia intensificou-se com o agravamento da crise política no mês passado, quando seis ministros pró-Síria resignaram do cargo em meio a pedidos da oposição para uma maior influência no governo.


As tensões aumentaram em novembro, com o assassinato do ministro anti-Síria da Indústria, Pierre Gemayel, e tiveram seu auge com os protestos de rua que invadem a capital desde o começo do mês. Cada canal do Líbano expõe a notícia de acordo com seus pontos de vista.


‘Juramos pela morte de nossos mártires que você (Síria) não vai voltar ao Líbano’, dizia uma narração no canal Future TV com imagens de personalidades importantes anti-Síria que foram mortas nos últimos dois anos. O canal é de propriedade de Saad Hariri, cujo pai, que foi cinco vezes primeiro-ministro no Líbano, foi assassinado em um atentado a bomba no ano passado. A maioria política anti-Síria, liderada por Hariri filho, culpa a Síria pelo assassinato do pai, o que é negado por Damasco.