Dalai Lama, líder espiritual exilado do Tibete, participou, na semana passada, de seu primeiro videochat com internautas chineses. A conversa online foi transmitida pelo Twitter e sites na China, mesmo com esforços do governo comunista de censurar a web e silenciar o ganhador do Nobel da Paz de 1989.
Durante os 90 minutos de chat, Dalai Lama disse que as negociações com Pequim sobre a autonomia do Tibete e seu eventual retorno não foram adiante porque o governo recusou-se a reconhecer os problemas enfrentados pela região. ‘A falta de progresso ocorre porque o governo central insiste que não há problemas no Tibete – que só há problemas com o Dalai Lama’, afirmou.
Segundo a China, Dalai Lama é um ‘lobo em pele de monge’. O líder espiritual é acusado de lutar pela separação do país, mas ele já afirmou diversas vezes que aceita o governo de Pequim e quer apenas que o Tibete tenha ‘autonomia significativa’. ‘Pessoalmente, não tenho demandas – minhas principais preocupações são os problemas com a cultura e a religião tibetanas’, disse durante a conversa. ‘Em algumas áreas, por conta do aumento da população de chineses Han, o idioma e a cultura tibetanas enfrentam uma crise’.
Drible
Mais de 12.500 pessoas selecionaram 289 perguntas para o Dalai Lama por meio de uma votação online em um site do Google – que foi bloqueado posteriormente na China, segundo informou um dos moderadores do chat. Mesmo com o Twitter proibido na China, internautas chineses puderam ter acesso ao chat porque a rede social permite o uso de aplicativos de terceiros e os servidores podem usar informações tanto de dentro quanto de fora da China. Estima-se que mais de 150 mil chineses tenham contas no Twitter, sendo que 100 mil deles devem viver no país. Dalai Lama abriu sua conta no Twitter no começo do ano. Informações de Robert Saiget [AFP, 21/5/10].