Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Dan Rather acusa emissora de parcialidade

Quando o âncora veterano Dan Rather abriu um processo contra a CBS, há pouco mais de um ano, a rede televisiva imaginou que o caso seria rapidamente rejeitado pela justiça e que sairia facilmente vitoriosa. Ledo engano. Entre outras acusações, o jornalista alega que sua ex-empregadora executou uma investigação politicamente tendenciosa sobre o polêmico programa 60 Minutes que teve como tema o serviço prestado pelo presidente George W. Bush à Guarda Nacional, nos anos 70. Rather já gastou mais de US$ 2 milhões do próprio bolso com o caso. Agora, segundo alguns documentos arquivados na corte, pode ser que ele recupere parte do dinheiro.


Por vias legais, Rather – que apresentava o 60 Minutes e o principal telejornal da rede –teve acesso a ferramentas que não poderia obter como jornalista: intimações, depoimentos e documentos internos da CBS que comprovariam que executivos da emissora permitiram que membros do partido republicano avaliassem os nomes de potenciais membros de uma comissão ‘independente’ para investigar o episódio do 60 Minutes em questão.


O programa e os problemas


Em setembro de 2004, o 60 Minutes gerou controvérsia ao exibir documentos que revelavam que o presidente Bush recebeu tratamento privilegiado quando serviu à Guarda Nacional no Texas, durante a guerra do Vietnã. Blogueiros republicanos foram rápidos ao acusar o programa de apresentar documentos forjados. A CBS foi obrigada a admitir que não tinha como comprovar a veracidade dos papéis, e deu início a uma investigação liderada pelo ex-procurador geral Dick Thornburgh, republicano, e por Louis D. Boccardi, ex-executivo-chefe da AP. O objetivo era não apenas verificar a veracidade dos documentos, mas também descobrir como o programa foi ao ar.


No relatório final, emitido em janeiro de 2005, a comissão citou uma violação nos padrões de qualidade da CBS, mas não encontrou provas de tendências liberais na produção do programa – como acusavam os blogueiros conservadores. Antes do relatório ser divulgado, Rather já havia anunciado que, sob pressão, deixaria o cargo de âncora do telejornal CBS Evening News. Ele só veio a deixar a emissora mais de um ano depois.


Em setembro de 2007, o jornalista abriu uma ação acusando a CBS de violar seu contrato e de comprometer a idoneidade da investigação. Rather exigiu na justiça US$ 70 milhões. Um juiz da Suprema Corte do Estado de Nova York descartou partes do processo, incluindo a acusação de que a CBS estaria envolvida em fraudes. No entanto, permitiu que Rather fosse adiante com o argumento de que a emissora limitou seu trabalho após ele ter deixado o cargo de âncora e, portanto, prejudicou sua reputação e carreira. O caso deve ser julgado em breve, possivelmente no início de 2009. Informações de Jacques Steinberg [The New York Times, 17/11/08].