A Associated Press anunciou, na segunda-feira (13/5), que o Departamento de Justiça dos EUA obteve, por dois meses, registros de ligações recebidas e feitas de mais de 20 linhas de telefones pessoais e profissionais de seus repórteres e de linhas dos escritórios da agência em Nova York, Hartford e Washington, assim como da sala de imprensa da Câmara dos Deputados. O presidente e CEO da AP, Gary Pruitt, classificou a ação como uma “intrusão massiva e sem precedentes nas atividades de apuração” da agência.
O Comitê de Repórteres pela Liberdade de Imprensa e mais de 50 organizações de mídia – incluindo Advance Publications, Cox Media Group, The McClatchy Company, The New York Times Company e NPR – enviaram uma carta, na terça-feira (14/5), ao Departamento de Justiça em protesto à ação. Os grupos de mídia pediram também ao órgão para “mitigar o dano causado”.
Equilíbrio
Na carta, endereçada ao procurador-geral Eric Holder e a seu adjunto, James M. Cole, as organizações solicitam, ainda, que o governo informe outras intimações pendentes relacionadas à mídia e divulgue informações adicionais sobre quem teve acesso aos registros telefônicos da AP: “O escopo dessa ação questiona a integridade das políticas do Departamento de Justiça em relação à imprensa e sua habilidade para equilibrar, por si próprio, seus poderes policiais com os direitos da Primeira Emenda”. Os registros teriam sido obtidos como parte de uma investigação sobre uma matéria que tratava de uma operação antiterror no Iêmen.
As organizações observaram que não há registro anterior de atitude semelhante por parte do Departamento de Justiça, especialmente sem aviso prévio aos jornalistas envolvidos. De acordo com as normas do órgão governamental, a apreensão sem aviso prévio e sem negociação só é feita caso os promotores considerem que há “ameaça substancial à integridade da investigação”. “Ao decidir, nesse caso envolvendo uma das organizações mais antigas e respeitadas da nação, que uma intimação seria uma ameaça, o Departamento prejudicou severamente sua relação com a mídia, que empreende esforços de boa fé para cooperar com os advogados do governo a fim de proteger o interesse do público, tanto na aplicação da lei quanto na apuração independente e autônoma de notícias”, dizia a mensagem.