Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo Quinta-feira,4 de novembro de 2010 COLETIVA Após ser eleita, Dilma volta a se irritar com jornalistas Em sua primeira entrevista coletiva após a eleição, Dilma Rousseff mostrou irritação com perguntas de jornalistas, pontuou frases de forma dura, encerrou temas bruscamente e chamou repórteres de ‘minha querida’ em um tom mais incisivo. Ao lado de Lula, nos 30 minutos em que ele foi o entrevistado, Dilma distribuiu sorrisos e interrompeu o presidente de forma delicada. Em seu momento de falar, que também durou 30 minutos, a petista mudou de humor gradualmente. Começou a coletiva agradecendo aos jornalistas que acompanharam a sua campanha, mas se irritou com a insistência de um repórter para saber a posição dela sobre a CPMF. A primeira resposta não foi clara e ela não havia se mostrada contrária à volta do imposto. Depois de aceitar retomar ao tema, Dilma encerrou com ‘considero que essa pergunta já está respondida’. Quando ministra, Dilma tinha o hábito de chamar as repórteres de ‘minha filha’. No início do ano, foi aconselhada a trocar o termo por ‘minha querida’, mas até deixar o governo ainda escorregava em momentos de irritação e voltava a usar a expressão. PRECONCEITO Intolerância na rede Uma parcela minoritária de eleitores insatisfeitos com a vitória de Dilma Rousseff incentivou uma onda de mensagens preconceituosas na internet contra nordestinos -aos quais atribui o sucesso eleitoral da ex-ministra. Ataques mais extremados vociferam desejos separatistas e propõem, numa sombria caricatura nazista, que se construam ‘câmaras de gás’ para eliminar a população do Nordeste. São demonstrações que vêm no rastro do discurso sectário e da disputa política desqualificada que encontram na rede de computadores fértil território para prosperar. Ataques de baixo nível, ofensas, injúrias e disseminação intencional de boatos -nada disso faltou nos palanques virtuais ao longo da campanha eleitoral. O caráter até certo ponto ambíguo das manifestações que acontecem nas chamadas redes sociais, nas quais conversas entre pessoas e comunidades transitam numa zona cinzenta entre o público e o privado, contribui para afirmar o mito do ‘território livre’ que acompanha a internet desde o início de sua difusão. É como se ali todos estivessem protegidos não pelas leis, mas das leis -que só valeriam para casos extremos como crimes financeiros ou sexuais. Não é demais lembrar que há no Brasil legislação para punir manifestações de racismo, não fazendo nenhuma ressalva para quando elas irrompem na internet. É acertada, portanto, a decisão da seção pernambucana da Ordem dos Advogados do Brasil de denunciar, por racismo e incitação de crime, uma das responsáveis pelos ataques ao afirmar em sua página que ‘nordestino não é gente’. No mais, embora não seja este o cerne da questão, são incorretas as informações utilizadas pelos promotores da intolerância como esteio para a sua falta de razão. Em que pese a larga margem conquistada por Dilma Rousseff sobre José Serra em Estados do Nordeste, a petista venceria o pleito mesmo se os votos da região não fossem computados. CANUDO Maurício Tuffani PEC do diploma e desonestidade científica O que têm em comum o livro ‘O Ambientalista Cético’, do estatístico dinamarquês Bjorn Lomborg, e o relatório da proposta de emenda constitucional (PEC) da Câmara dos Deputados que visa restaurar a exigência de formação superior específica em jornalismo para essa profissão no Brasil? Resposta: a desonestidade científica. Para refutar a tese do aquecimento global, Lomborg questionou-a com estudos de pesquisadores. Mas, em vez de apresentá-la com fontes de igual status, recorreu a dados da mídia. Em 2003, o Comitê Dinamarquês sobre Desonestidade Científica enquadrou essa unilateralidade em seus ‘critérios objetivos de desonestidade científica’. Esse mesmo tipo de unilateralidade está no relatório aprovado em julho na comissão especial da Câmara sobre a PEC do diploma. No texto do relator, deputado Hugo Leal (PSC-RJ), figuram como favoráveis à obrigatoriedade professores de jornalismo, advogados e sindicalistas; como contrários, somente representantes empresariais da imprensa. Em outras palavras, o relatório contempla posições divergentes, mas dá ao saber acadêmico o papel de fiel da balança em favor da obrigatoriedade, algo como uma razão científica contra os patrões. Porém, isso não passa de uma distorção enganadora. Na verdade, nesse documento, as sínteses dos depoimentos de professores omitem o ponto de vista acadêmico contrário à obrigatoriedade, que não é minoritário fora do país. Assim, o texto desconsidera obras de pesquisadores de jornalismo respeitados internacionalmente, como Daniel Cornu, diretor do Centro Franco-Suíço de Formação de Jornalistas, em Genebra. É o caso também de Claude-Jean Bertrand, da Universidade de Paris 2, além de Bill Kovach, da Universidade do Missouri, e Tom Rosenstiel, diretor do Programa para Excelência do Jornalismo, em Washington. Sem falar em brasileiros, como Bernardo Kucinski, da USP, e Ivana Bentes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em contraposição a longos trechos com exposições de advogados pró-diploma, o relatório apenas menciona, sem apresentar, pareceres contrários de Sidney Sanches e Célio Borja, ex-ministros do STF. E deixa de considerar outros juristas renomados, não só brasileiros, como Geraldo Ataliba e Eros Grau, mas também estrangeiros, como Jean Rivero e Hughes Moutouh. Embora um relatório parlamentar não seja um documento científico, exige-se um mínimo de cientificidade de uma proposta legislativa. Ainda mais por pretender restaurar uma exigência já condenada pelo STF e que só vigora em poucos países, entre eles África do Sul, Arábia Saudita, Colômbia, Congo, Costa do Marfim, Croácia, Equador, Honduras, Indonésia, Síria, Tunísia, Turquia e Ucrânia. Não está em pauta aqui minha posição pessoal contra a obrigatoriedade do diploma, que desvinculo da função que exerço. As objeções deste artigo podem ser feitas até mesmo por partidários não casuístas dessa exigência, fiéis ao preceito jornalístico, científico e ético de não obstar o confronto de posições divergentes. Além da PEC da Câmara dos Deputados, também já seguiu para votação em plenário outra, no Senado, de igual teor, apresentada com um relatório mais limitado ainda nos aspectos ora destacados. Com o devido respeito aos parlamentares que atuaram nas duas propostas, aos quais seria temerário atribuir desonestidade, elas não estão em condições de serem votadas, muito menos de contestar uma decisão do STF. MAURÍCIO TUFFANI, 53, é jornalista, editor do blog Laudas Críticas e assessor de comunicação e imprensa da Unesp. DOSSIÊ Jornal não pediu dossiê antitucano, afirma diretor O diretor de Redação do jornal ‘Estado de Minas’, Josemar Gimenez, afirmou ontem à Polícia Federal que o jornalista Amaury Ribeiro Jr. investigou por ‘conta própria’ pessoas ligadas ao PSDB e ao candidato à Presidência José Serra. Gimenez disse que Amaury não teve as despesas de viagens custeadas pelo diário mineiro no período em que os dados fiscais dos tucanos foram violados -entre 30 de setembro e 8 de outubro do ano passado. Segundo Gimenez, Amaury afastou-se do jornal no dia 18 de setembro, voltando no dia 15 do mês seguinte somente para formalizar sua demissão. O diretor disse também que a última viagem paga pela empresa para Amaury foi em 23 de julho de 2009. O depoimento contraria a versão apresentada pela PF, que informou que o jornalista estava a serviço do jornal quando houve as quebras de sigilo de tucanos. Ligado ao chamado ‘grupo de inteligência’ da pré-campanha da petista Dilma Rousseff, Amaury pagou pelos dados violados, de acordo com a PF. Ele foi indiciado sob a acusação de ter encomendado a quebra do sigilo de ao menos sete pessoas. Conforme a Folha revelou em junho, cópias das declarações de renda do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, circularam entre pessoas do comitê dilmista. O jornalista nega que tenha comprado informações confidenciais. Contudo, o intermediário da obtenção dos papéis, o despachante Dirceu Garcia, disse à polícia que recebeu das mãos de Amaury R$ 12 mil em dinheiro pelos dados. Gimenez disse ainda que o jornal não solicitou ao repórter que investigasse as privatizações do governo FHC nem que fossem feitas reportagens sobre supostos dossiês contra o então governador Aécio Neves (PSDB), senador eleito por Minas Gerais. À PF, Amaury disse que retomou a investigação contra tucanos após saber que um grupo espionava Aécio. O advogado de Amaury, Adriano Bretas, disse que não comentaria as declarações de Gimenez porque não teve acesso ao depoimento. O empresário ligado ao PT Benedito Rodrigues de Oliveira Neto confirmou à PF ter dado ‘ajuda’ à casa em Brasília onde funcionou a coordenação de comunicação da pré-campanha de Dilma. A família de Bené, como é conhecido, tem duas empresas -Dialog e Gráfica Brasil-, que ganharam mais de R$ 200 milhões em contratos com o governo. CRIME Polícia Civil investiga assalto e incêndio no ‘Correio Mariliense’ A Polícia Civil investiga uma invasão seguida de furto e tentativa de incêndio na gráfica do jornal ‘Correio Mariliense’, de Marília (435 km de SP), ocorrido na tarde de segunda-feira. Ninguém ficou ferido. A ANJ (Associação Nacional de Jornais) condenou ontem, em nota oficial, a invasão e cobrou das autoridades policiais ‘uma rápida investigação do crime, a fim de que seus autores e motivos sejam identificados e submetidos ao devido processo legal’. Texto publicado no site do jornal afirma que ‘a ação criminosa, aparentemente com intuito de furto comum, apresenta sinais suspeitos de atentado político ou patrimonial, com intenções de calar ou suspender a publicação do periódico’. O jornal não apresenta qual seria o motivo de um atentado político. Os criminosos levaram do local um computador e ferramentas específicas para gráfica e atearam fogo em cinco pontos diferentes do prédio. Eles também provocaram um curto circuito no sistema elétrico do prédio. O editor do jornal, Marcelo Moriyama, disse ‘estranhar’ que os criminosos não tenham levado outros objetos de valor que havia no prédio, como impressoras e um computador. ‘Antes disso, não houve qualquer ameaça contra o jornal.’ O prejuízo estimado é de pelo menos R$ 50 mil. Moriyama disse que o jornal não deixou de ser publicado porque a empresa terceirizou a pré-impressão. Suspeito de matar dono de jornal no interior é detido A Polícia Civil de Paraíba do Sul (RJ) prendeu o ex-PM Renato Demétrio, suspeito de matar José Rubens Pontes de Souza, dono do ‘Entre Rios Jornal’, de Três Rios. Segundo a polícia, testemunhas do crime afirmaram reconhecer Renato Demétrio como o assassino. Ele, que seria ouvido ontem, foi reconhecido por policiais enquanto caminhava na rua, no distrito de Sapucaia (a 150 km do Rio). Rubinho, como o empresário era conhecido, foi morto na madrugada de 30 de outubro com um tiro na nuca em um bar, em Paraíba do Sul. A polícia apura a hipótese de vingança no assassinato do empresário, cujo envolvimento com máquinas de caça-níquel também é investigado. DOCUMENTOS NEGADOS Rodrigo Rötzsch Historiador protesta contra censura do Arquivo Nacional Um veto do Arquivo Nacional, órgão subordinado à Casa Civil, ao acesso a documentos da ditadura militar durante a campanha eleitoral levou à renúncia do presidente da Comissão de Altos Estudos do projeto Memórias Reveladas, que visa organizar documentos do período. O Memórias Reveladas foi criado em 14 de maio de 2009 por portaria da então ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) para promover o ‘acesso às fontes de informação’. Mas, como revelou o jornal ‘O Globo’, o historiador Carlos Fico (UFRJ) e uma orientanda dele tiveram negado o acesso a documentos do Ministério das Relações Exteriores e do Conselho de Segurança Nacional ‘sob a alegação de que jornalistas estariam fazendo uso indevido da documentação buscando dados sobre os candidatos envolvidos na campanha’. A proibição levou Fico a decidir pela demissão, consumada em uma carta na qual diz que não pode ‘perdurar o entendimento improcedente que insiste em tratar como ‘sigiloso’ o documento já desclassificado pela lei’. À Folha Fico disse que os documentos que ele e sua aluna desejavam consultar não tinham relação com a campanha. Mas criticou o Arquivo Nacional: ‘Os jornalistas têm todo o direito a ter acesso a qualquer informação. Não se pode admitir que esses acervos, que já estavam sendo consultados anteriormente, sejam fechados, nem que uma documentação histórica fique à mercê de circunstâncias políticas’. A Folha enfrentou problema similar ao tentar consultar o processo da ditadura contra Dilma: o presidente do Superior Tribunal Militar, Carlos Alberto Soares, negou o acesso sob alegação de evitar o uso político do material. Ontem a Folha tentou ouvir o Arquivo Nacional, mas o diretor-geral Jaime Antunes não se manifestou até o fechamento desta edição. INTERNET Inglaterra adverte Google Street View por violar privacidade O Google recebeu uma advertência do comissário de informação do Reino Unido, sob alegação de que as ações de coleta de dados por intermédio do serviço Street View violaram a Lei de Proteção de Dados. As informações são do jornal ‘Telegraph’. Ainda assim, segundo o diário, a companhia de internet não será multada. Mas o Google deverá apagar os dados coletados no Reino Unido. No começo do ano, o Google admitiu que cooptou dados pessoais de redes Wi-Fi não só na Inglaterra, mas em outros países, por meio dos carros do Street View. Dentre esses dados, estão inclusos endereços de e-mail e senhas de computadores. O Google disse que essa coleta ocorreu por acidente. Google fará doação devido a falhas na rede social Buzz A empresa afirmou que fez um acordo judicial para indenizar falhas de privacidade do programa Google Buzz. Pelo acordo, a companhia se compromete a doar US$ 8,5 milhões para um fundo privado de educação . A rede social Buzz foi lançada em fevereiro, como um aplicativo do Gmail. A falha técnica expôs a lista de contatos e dados de algumas pessoas a outros usuários. O Google informou que todos os usuários de seu sistema de e-mail nos Estados Unidos receberam um comunicado esclarecendo o acordo. Receita com publicidade na internet cresce 72% até setembro, diz Ibope A propaganda na internet cresceu 72% nos primeiros nove meses do ano, de acordo com dados do Ibope Monitor. Foi o meio que mais cresceu em receita publicitária, embora os números sejam ainda pequenos comparativamente aos gastos de anunciantes com TV e jornais, que registraram aumento de 23% e 14% no período, respectivamente. Em um ano de Copa do Mundo e de eleições, o mercado publicitário como um todo registou avanço de 21,4%, para R$ 54,3 bilhões. Os números do Ibope se referem a preços de tabela cheia. Ou seja, não levam em conta descontos concedidos pelos veículos. De acordo com os números do Projeto Inter-Meios, que se baseia no faturamento real bruto dos veículos, o mercado movimentou R$ 16,6 bilhões de janeiro a agosto. Os valores relativos ao mês de setembro ainda não foram divulgados. Segundo os dados do Ibope, a internet recebeu R$ 2,13 bilhões com publicidade de janeiro a setembro, ligeiramente abaixo do rádio, com R$ 2,2 bilhões (alta de 9% sobre igual período em 2009). A expectativa da consultoria ZenithOptimedia, do grupo Publicis, é que a internet passe o rádio no Brasil ainda neste ano e se consolide como a quinta maior mídia em verba publicitária. Os anunciantes investiram R$ 29 bilhões em televisão e R$ 11,5 bilhões em jornais nos primeiros nove meses deste ano, considerando preços de tabela. A TV por assinatura registrou o terceiro maior crescimento no período: 22%, para R$ 4,4 bilhões. Com esse crescimento, o meio superou o de revistas (avanço de 15%, para R$ 4,38 bilhões). TELEVISÃO Keila Jimenez Ídolos corintianos terão programas na TV do Timão Vampeta pode ter um talk show. Marcelinho Carioca, um programa de entrevistas com jogadores de futebol. Se depender da TV Corinthians, canal pago que será lançado este mês, ídolos corintianos estão com a aposentadoria garantida na TV. Já abreviada para TVC, a TV Corinthians entra oficialmente em operação na segunda quinzena de novembro e será veiculada nas maiores operadoras de TV por assinatura do país, como Net e Sky. Com programação totalmente voltada para os apaixonados pelo Timão, o canal exibirá partidas de outras modalidades envolvendo o clube e pretende reunir um cast de ídolos corintianos em sua grade de atrações. Entre as contratadas está Lívia Andrade, queridinha de Silvio Santos recentemente envolvida em uma confusão com Jesus Luz, ex de Madonna. Funcionária do SBT, a musa da Gaviões da Fiel terá um programa na TVC. Outra novidade do canal é uma parceria, ainda em negociação, com a TV Cultura. A TVC quer exibir clássicos do Corinthians que integram o acervo esportivo da emissora educativa. Apesar de fazer parte da TV paga, os assinantes da TV Corinthians terão de desembolsar, a mais, uma mensalidade de cerca de R$ 6 para ter o canal. GRANDE DIA Liliana Castro, a Filomena de ‘Ribeirão do Tempo’ (Record), pronta para o ‘sim’ no intervalo da gravação do casório ficcional, ao lado de um figurinista Reality O canal pago True TV (Turner) terá duas novas produções brasileiras em 2011, ambas da Medialand: um documentário sobre o Brasil e um reality com inusitadas competições pelo país, como uma corrida de jegues. Exclusividade Os contratos dos participantes de ‘A Fazenda’ com a Record terminam em 21 de março, três meses após o fim do reality. Susto Nos 26 primeiros capítulos no ar, ‘Araguaia’ (Globo) registrou média de 22 pontos de Ibope. No mesmo período, a antecessora, ‘Escrito Nas Estrelas’, marcou 25 pontos. (Cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP). Eletro Empolgado com o seu check-up, Celso Portiolli colocou um vídeo em 3D de seu coração no Twitter. Presidente A mocinha de ‘Amor & Revolução’, próxima novela de Tiago Santiago no SBT, será uma líder estudantil que entrará na luta armada contra a ditadura. O autor garante que qualquer relação com a história de Dilma Rousseff é mera coincidência. Novato Nem Marcelo Serrado nem Márcio Garcia. O policial conquistador de ‘Dinossauros & Robôs’, que sucederá ‘Ti Ti Ti’ na Globo, será vivido por Anderson Di Rizzi, rosto famoso em comerciais. Verba A situação da Metalúrgica Gouveia em ‘Passione’ está tão ruim a ponto de Saulo (Werner Schünemann) não ganhar velório, enterro, nem uma visitinha ao túmulo? Luta Cinco times do Clube dos 13 apoiam a venda do Brasileirão (2012) para a Record. ************ Primeira Página Domingo, 31 de outubro de 2010 PRESIDENTE Deonísio da Silva Quem vai ser a primeira dama? Hoje votamos para escolher o novo presidente da República. A partir deste domingo, Lula começa a encarnar a figura do ex-presidente, que nos EUA ganha o apelido de Pato Manco. Isto é, a partir de segunda-feira, dia de Todos os Santos, que antecede o feriado de Dia dos Mortos, embora não se diga de Todos os Mortos, para tudo o que presidente quiser fazer de relevante, precisará consultar antes o sucessor ou a sucessora. O presidente fez aniversário semana passada. Completou 65 anos. Segundo registrou o jornal Folha de S.Paulo há três anos, na festa de 34 anos de seu casamento com a primeira-dama Marisa Letícia, hoje com 61 anos, o presidente Lula utilizou a palavra garanhão para referir-se a si mesmo: ‘A Marisa é a mulher mais feliz do mundo, porque se casou com o garanhão de Garanhuns’. Nunca antes nesse país, como ele gosta de dizer, alguém se referiu à mulher em termos tão chulos, comparando a si mesmo e a esposa a animais. Não foi a primeira vez que Lula aludiu à sexualidade em seus já célebres improvisos. Embora condenáveis pelo mau gosto, essas metáforas são bem recebidas pelo povo e é provável que até contribuam para aumentar sua popularidade em algumas regiões do país. Há alguns anos, em viagem ao exterior, falou em descobrir o ponto G do mundo. E na internet rolam trechos de vídeos com as maiores besteiras que ele já disse, destacando-se o mau gosto de suas figuras de linguagem. Fazer o quê? O povo gosta. Ou se não gosta, engole o que ouve e vê, mantendo os altos índices de popularidade de Lula. Marisa Letícia foi quase uma estátua ao lado do presidente nesses quase oito anos. Nas poucas vezes em que falou ou fez alguma coisa, os destaques foram para o cabeleireiro Wanderley Nunes, para as estrelas do PT com as quais decorou o jardim do Palácio, confundindo público e privado e para as sucessivas plásticas que vem fazendo no rosto, como faz também Marta Suplicy, a ponto de as duas terem sido confundidas, não pelas mesmas roupas, mas pelas mesmas caras que ora usam. Cada um faz o que quer com o corpo, e a lei não proíbe que os traços sejam assim alterados, a tal ponto que em alguns casos a pessoa perde a expressão e não sabemos mais o que vai por sua alma, já que o rosto, que pode ser lido, torna-se ilegível como se a escrita dos sinais com os quais nascemos, alterados pacientemente pela passagem do tempo, fosse borrada. O cargo de primeira-dama foi criado nos EUA e é tradição ser atribuído à esposa do presidente. Todavia a primeira primeira-dama dos EUA, Dolley Madison, era esposa de James Madison e, quando se tornou primeira-dama, já o tinha sido de Thomas Jefferson, que era viúvo, ainda que já fosse casada com o aquele que viria a ser o sucessor. Como viúvos, solteiros e divorciados já ocuparam a presidência da República, houve primeiras-damas que eram apenas parentes dos presidentes. Como as primeiras-damas não perdem a condição quando os maridos deixam o poder, os EUA têm hoje sete primeiras-damas: Betty Ford e Nancy Reagan, viúvas de Gerald Ford e Ronaldo Reagan, respectivamente; Rosalyn Carter, Bárbara Bush, Laura Bush, Hillary Clinton e, naturalmente, a titular, Michele Obama. Se Dilma Rousseff vencer, o Brasil poderá ter a sua primeira presidente. E será presidente e não presidenta. Porque é gerente e não ‘gerenta’. É correspondente e não ‘correspondenta’, é amante e não ‘amanta’. Assim como é motorista e não ‘motoristo’, motociclista e não ‘motociclisto’. Transcrito do Primeira Página (São Carlos, SP), domingo, 31/10/2010 ************