Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Direto da Redação

RECORD NEWS
Leila Cordeiro

Um Novo Caminho Da Notícia, 30/09/07

‘A festa de inauguração da Record News deu o que falar. Como convidada , pude acompanhar passo a passo a preparação do evento. Cheguei à São Paulo quarta-feira de manhã. À tarde, ao visitar a sede da Record, vi que estava começando uma enorme movimentação envolvendo centenas de pessoas que iam de um lado a outro carregando estruturas de ferro, tapetes, compensados, enfim, todo o material necessário para a construção de alguma coisa.

Imaginei que trabalhavam no acabamento do estúdio do novo canal de notícias, que aliás é simplesmente impecável em tecnologia e lay-out. Digno das maiores emissoras de TV do mundo Mas não era. O estúdio já estava totalmente terminado, funcionando freneticamente com alguns profissionais gravando seus programas, outros fazendo testes, câmeras por todo o lado experimentavam ângulos novos com a redação ao fundo. Telões e plamas complementavam o cenário onde predomina o acrílico nas cores azul e vermelho. Decididamente aquele material de construção não era para os mil metros quadrados da Record News.

O mistério de toda aquela mobilização não durou muito. Logo descobri que a Record estava preparando a super festa da noite seguinte, dia 27, quando a tradicional emisssora paulista completaria 54 anos e lançaria seu mais novo rebento, o canal de notícias 24 horas Record News, que já nasceu com cara de gente grande, mostrando que veio para ficar.

E foi o que aconteceu. Menos de vinte e quatro horas depois , estava tudo pronto para receber as estrelas da festa: o presidente Lula, o proprietário da empresa, Edir Macedo, o governador José Serra, além de alguns pesos pesados da política e da economia de São Paulo.

A inauguração do novo canal foi dentro do teatro Record, a entrevista de Lula num dos sets da Record News e a festa no cenário montado especialmente para o evento no corredor principal de circulação da emissora que liga o teatro aos estúdios. Sem exagero , entre funcionários e convidados acredito que o número de pessoas presentes tenha passado de mil. A gente conhece logo quando a festa é um sucesso. Ela fica lotada até o final. As pessoas têm pena de ir embora. E foi o que aconteceu no lançamento da Record News. Uma festa bem servida, com gente alegre, ambiente descontraído, bons papos enfim uma festa com gosto de vitória.

Já vimos à exaustão na imprensa os comentários sobre as declarações de Edir Macedo e seu combate ao monopólio das comunicações no Brasil . Muitos outros empresários de TV já tentaram isso e ficaram pelo meio do caminho. Digam o que quiserem, Edir está provando que sua caminhada está apenas começando e que pelo andar da carruagem vai chegar à liderança com seriedade e programação de qualidade.

Para isso os idealizadores do canal tiveram visão e criaram uma grade que mistura entretenimento e informação na dose certa. Pinçaram os melhores e mais populares apresentadores da já consagrada TV Record e os colocaram em programas que vão agradar pelo formato e diversidade de temas.

A volta de Eliakim Araujo, depois de sete anos afastado do vÍdeo de uma grande TV foi uma sacada de mestre. Quem melhor do que ele para incorporar a postura e a credibilidade de âncoras internacionais que se eternizaram na apresentação do ‘60 minutes’ da rede CBS, o programa jornalístico mais premiado da TV americana? Sem nenhuma conotação pessoal, apenas com a visão profissional de 28 anos de jornalismo televisivo, digo com a maior convicção que Eliakim está entre as melhores expressões brasileiras do verdadeiro âncora de TV: sério, bem informado e com uma credibilidade acima de qualquer suspeita.

A Record News já está aí. No canal aberto UHF, na TVA e até na Net (pelo menos por um mês enquanto duram as negociações entre as duas empresas) . A nós, telespectadores, resta torcer pelo seu sucesso e comemorar a coragem e o espírito empreendedor de Edir Macedo ao investir em mais um canal de informação para o público brasileiro. Agora é só acionar o controle remoto e descobrir que há vida e informação correta em outros canais. Como disse o presidente Lula ao final do seu discurso ‘Liberdade, liberdade abre as asas sobre nós…’’

MÍDIA & POLÍTICA
Rui Martins

O Movimento dos Sem Mídia, 27/09/07

‘Leio aqui pela Internet que um cidadão paulista, não jornalista, Eduardo Guimarães, criou o Movimento dos Sem Mídia, e já promoveu manifestação diante da Folha, prometendo outra diante da Globo.

Como defendo o MST, nada mais normal de agregar aos sem terra o MSM, assim definido por seu criador – ‘somos os sem mídia contra o latifúndio midiático dos poderosos e grandes empresários do país’.

É verdade, as bancas brasileiras de jornais são colonizadas pelos donos da informação, ainda pertencentes a famílias no Brasil, todos eles defensores de uma democracia que mantenha a estrutura social brasileira.

Não se trata de uma imprensa amordaçada, como foi nos anos da ditadura militar. Nem de uma imprensa cega aos que se passa no mundo ou no próprio país. Mas de uma mídia comprometida, sem qualquer interesse em acabar com a desigualdade social.

Seus arroubos éticos ou moralistas se tornam ridículos, diante de sua calculada omissão para se continuar mantendo no Brasil o regime do apartheid social. Com sua influência, principalmente na televisão – a comunicação popular – poderia ajudar a melhorar o nível educacional e cultural da população pobre e excluída. Mas isso não lhe interessa e caso surjam tentativas de se abrir bolsões ou glebas de informação livre, se lançam à luta com arrojo, servindo-se de seus mestres da comunicação a soldo dos patrões.

O campo midiático lhe pertence, não existe no Brasil uma imprensa de esquerda com condições de criar um equilíbrio. Nenhum jornal, nenhuma rádio, nenhum canal de televisão pode oferecer uma outra visão dos fatos, por ausência de investimento e, se houvesse, seria fadado a falir por falta de publicidade. O monopólio midiático brasileiro só admite um sistema político-social, o já existente, e impede qualquer tentativa de mudança.

Na época da ditadura, os jornalistas da oposição usavam a mensagem das entrelinhas. Agora, com a liberdade de imprensa, só vale o pensamento único, a colonização da informação. Existe um real desequilíbrio. As tentativas mais radicais de Caros Amigos, agência Carta Capital e Brasil de Fato não abalam em nada o sistema, tão pequenas são suas penetrações.

Se o MSM imita o MST, precisamos, então, de uma reforma midiática com distribuição de áreas livres para o plantio da informação livre, não sujeita aos interesses de castas mantidas e alimentadas pela elite dominante e por anunciantes.

Mais difícil que tomar um latifúndio será se tomar páginas dos grandes jornais ou tempo dos programas de televisão. Com a distribuição de jornais gratuitos ficará ainda mais difícil o debate pela imprensa escrita.

Pelo jeito, vai ser preciso se rediscutir os conceitos de liberdade de informação e liberdade de imprensa, atualmente comprometidos pelas reais dificuldades criadas ao livre acesso à informação.

(*) Ex-correspondente do Estadão e da CBN, após exílio na França. Escreveu ‘O Dinheiro Sujo da Corrupção’, sobre a Suíça e Maluf. Vive em Berna, na Suíça, onde é correspondente do Expresso, de Lisboa.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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