O discurso do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, durante uma conferência anti-racismo da ONU, nesta segunda-feira (20/4), foi criticado em todo o mundo – exceto no Irã. Diversos jornais iranianos elogiaram as palavras de seu líder. ‘Pedido por justiça no coração da Europa: Ahmadinejad deixou racistas ocidentais furiosos’, dizia a manchete do jornal estatal do país. ‘Aplausos pela lógica iraniana em Genebra’, exaltou o Vatan Emrouz. O Jam-e Jam, por sua vez, chamou Ahmadinejad de ‘o homem número um de Genebra’ e afirmou que ‘o discurso do presidente do Irã gerou a ira dos sionistas’.
Já a imprensa reformista, que foi por muito tempo crítica à retórica inflamada do presidente, ressaltou os protestos, sem, no entanto, criticar Ahmadinejad. O diário reformista Etemad classificou a participação de ‘controversa’. Já o Etemad Milli escreveu que ‘O discurso não foi algo sem controvérsia, ele enfrentou dois tipos de protesto’.
Boicote
Ahmadinejad criticou a criação de um ‘governo totalmente racista na Palestina ocupada’ em 1948, classificando-o como um ‘regime cruel’. Sua fala fez com que membros das 23 delegações da União Européia deixassem a sala de conferência. Vários países ocidentais, incluindo os EUA, já haviam boicotado a reunião por conta da presença de Ahmadinejad e seu discurso foi extremamente criticado por líderes ocidentais.
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã não aprovou o esvaziamento da sala no momento em que Ahmadinejad falava. ‘Alguns governos ocidentais não toleram a liberdade de expressão, no que se refere ao sionismo’, afirmou Hassan Ghashghavi. Desde que assumiu o cargo em 2005, o presidente iraniano disse repetidas vezes que o Estado judeu, que não é reconhecido pelo Irã, está condenado ao desaparecimento e chamou o Holocausto de ‘mito’. Informações de Hiedeh Farmani [AFP, 21/4/09].