Uma tarimbada jornalista free-lancer portuguesa, Diana Andringa, derrubou com o que chamou de ‘vídeo-de-intervenção-rápida’ a notícia veiculada em Portugal de que um ‘arrastão’ estilo carioca havia ‘limpado’ a praia de Carcavelos, a 20 minutos de Lisboa [veja abaixo remissões a matéria do OI sobre o assunto].
Foi a 10 de junho passado, antigo Dia da Raça, início do verão europeu, num dos locais mais concorridos e chiques do litoral. Um grupo de 500 jovens negros, de bairros pobres e problemáticos da capital, teria invadido a areia e acuado os banhistas para um assalto de dimensões homéricas para um país como Portugal.
A mídia divulgou a informação que os jornais brasileiros noticiaram, tornando os imigrantes ‘classe C’ alvo agudo de discriminação. Mas Andringa desconfiou. ‘Achei que era um episódio digno de figurar na história de manipulação de massas em Portugal’, disse. Formou um grupo com o líder do SOS Racismo, Mamadou Ba, mais um cineasta, uma antropóloga e um estudante. Desmontou a notícia num vídeo de 20 minutos, mas, ela afirma, ‘num estilo diferente do agit-prop de Michael Moore’.
No vídeo, o policial comandante metropolitano de Lisboa, Oliveira Pereira, afirma o que tentou explicar em vão: ‘O arrastão nunca existiu’. As fotos veiculadas foram feitas depois da chegada da polícia. Testemunhas negam que tenha havido um arrastão naquele dia em Carcavelos.
Era Uma Vez um Arrastão tem montagem caseira, com programa de edição e som (FinalCut) para finalização. O documentário inaugurou o site do mesmo nome e tem 2 mil visitas diárias.
Diana recebeu tantas denúncias e sugestões de reportagens que já avisou: ‘Sou apenas uma jornalista’. Mas decidiu ser candidata independente do Bloco de Esquerda à Câmara de Amadora. ‘Aí entrego a carteira de jornalista, claro.’
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Jornalista