Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Dow Jones anuncia novo chefe

A Dow Jones & Company, que publica o Wall Street Journal, anunciou na semana passada o sucessor para seu executivo-chefe, Peter Kann. O escolhido – por unanimidade – pelo conselho foi Richard Zannino, chefe de operações da companhia.

A escolha de Zannino é um prenúncio de grandes mudanças para a Dow Jones e o Journal. Em primeiro lugar, ele é o primeiro não-jornalista a comandar a companhia em muitos anos. Além disso, sua indicação põe fim ao reinado de um dos casais mais poderosos da indústria de mídia americana.

Kann é marido de Karen Elliot House, publisher do jornal. Com a saída dele do principal cargo da companhia, ela – que era uma candidata em potencial à sucessão – também deixa seu posto.

Kann disse que não se envolveu na indicação do nome de Karen ao posto e que não expressou suas preferências ao conselho, já que isso não seria apropriado. ‘Karen é uma colega de longa data. Eu acho que ela foi uma ótima publisher para o Journal, cargo que ela desejava. Acontece de ela também ser minha mulher, mas nenhum destes fatores me faria empurrá-la a me suceder’, concluiu.

Na Dow Jones há mais de 40 anos, Kann pode continuar como membro do conselho até a reunião anual de abril de 2007. Mas com a decisão do conselho de não escolher sua mulher para sucedê-lo, especula Katharine Q. Seelye [The New York Times, 4/1/06], ele poderia deixar a companhia antes desta data – mesmo tendo afirmado em entrevista que pretende ficar.

Luta contra a crise

Zannino assumirá o posto no início de fevereiro. O anúncio da troca de executivos estava planejado para mais à frente, mas a família Bancroft, proprietária da Dow Jones, estaria preocupada com o futuro da companhia e, por esta razão, queria expor um plano claro de sucessão. Analistas da indústria afirmam que a manobra significa que, pelo menos por enquanto, qualquer sugestão de que os Bancroft pretendem vender a companhia é infundada.

O Journal vem passando por perdas de leitores e anunciantes, que têm migrado para a internet. Os últimos anos foram especialmente complicados porque a maioria dos anunciantes do jornal é formada por empresas e produtos financeiros e de tecnologia. Ainda assim, a publicação escapou da dramática rodada de cortes de empregos que atingiu algumas redações americanas nos últimos meses, em parte porque precisou contratar funcionários para produzirem sua nova edição de fim de semana.

Por outro lado, como nem tudo são flores, o Journal teve que cortar parte da equipe no exterior e reduzir suas edições européia e asiática para o formato tablóide. A Dow Jones planeja diminuir também o tamanho do jornal nacional em 2007. Mas Zannino diz não esperar que sejam precisos cortes até lá. Sobre os temores de que sua falta de preparação jornalística possa atrapalhar o crescimento do jornal, ele diz que entende ‘a conexão entre sucesso jornalístico e sucesso de negócios’, completando que sabe o que acontece se a qualidade do jornalismo cai.