Correspondente especial da emissora britânica Sky News, Alex Crawford destacou-se dos colegas de outros veículos ao ser a única repórter a chegar a Trípoli, na Líbia, com os rebeldes, em agosto passado. Ela relembrou a cobertura dos conflitos em 2011 – marcado por protestos no mundo árabe – em um programa na rede. “Este foi um ano massivo. Absolutamente implacável, com muitos dos mesmos correspondentes estrangeiros se esbarrando em todo o mundo em diferentes revoluções. Muitos de nós não estivemos em casa pela maior parte do ano – que foi muito traumático. Não acho que sou excepcional em nada disso. Todos vimos situações que foram traumáticas e emocionais, mas também divertidas e inspiradoras”, contou.
Em entrevista a Stephen Moss [The Guardian, 12/12/11], em Londres, Alex disse ficar frustrada quando não está em campo, em países como Tunísia, Egito, Bahrein e Líbia, mas reconhece a necessidade de uma pausa ocasional. “Você nunca quer sair, mas é preciso recarregar as baterias”, resumiu. A correspondente também afirmou que, mesmo após ter sido a única repórter a chegar com rebeldes na Praça Verde em Trípoli, não é “reverenciada” na Sky. “Ninguém ganha status divino. Não é assim que funciona”.
Livro
Alex está escrevendo um livro para a HarperCollins chamado Colonel Gaddafi’s Hat (Chapéu do Coronel Gaddafi, em tradução livre), sobre suas experiências na Líbia. O título foi inspirado em um homem que ela encontrou durante um de seus furos, quando foi uma das primeiras repórteres a entrar no complexo de Bab al-Aziziya, onde morava Gaddafi. Lá, ela viu o homem usando o chapéu do coronel, roubado do quarto dele. A jornalista tem planos de voltar a sentir a adrenalina do trabalho de correspondente em breve e afirmou que não tem vontade de se tornar âncora na Sky.
Prazer
Depois de sua cobertura na Líbia, a mídia britânica ressaltou o fato de Alex ser mãe de quatro filhos com idades entre nove e 16 anos. Ela considerou o destaque ao fato sexista, mas ao mesmo tempo aceita que seu comprometimento com o trabalho e o fato de deixar a família por meses têm um elemento de egoísmo. “Algumas vezes me sinto egoísta, porque gosto muito do meu trabalho. Estou fazendo o que eu quero fazer e deixo minha família para trás. Obviamente, os amo com todo o meu coração – eles são minha razão de viver – e me sinto egoísta porque estou deixando-os para ir e ter prazer”.
Medo
A correspondente foi capturada em um conflito em uma mesquista em Zawiya, em março. Ficou detida por três horas, e naquele momento temeu por sua vida. Depois disso, chegou a ficar preocupada em voltar à cobertura de guerra, mas o desejo falou mais alto. “Correspondentes estrangeiros são incrivelmente passionais e comprometidos”, disse.
Mudanças
Alex, que tem 49 anos, é repórter da Sky desde que a rede foi lançada, em 1989, tendo trabalhado antes em jornais locais e na BBC. Ela sempre quis ser correspondente internacional – mas conseguiu seu primeiro cargo apenas em 2005, em Nova Deli, após ter tido seu pedido rejeitado quatro vezes. Na época, seu marido, o também jornalista Richard Edmondson, largou o trabalho de 20 anos no jornal Independent para acompanhar a mulher e a família na Índia. Depois de lá, eles já moraram em Dubai e hoje vivem em Joanesburgo.