O jornalista Hassan Ruvakuki, do Burundi, foi condenado por terrorismo e sentenciado à prisão perpétua, acusado pelo governo de envolvimento em um ataque armado no ano passado. Ruvakuki, correspondente da Radio France Internationale no país do leste da África, foi condenado na semana passada junto com outras 13 pessoas por um ataque – classificado pelo governo como terrorista – em um bar em setembro de 2011. Na ocasião, homens armados vestidos com uniformes militares invadiram um bar lotado, deixando mais de 50 vítimas, entre mortos e feridos. O governo responsabilizou um partido político de oposição pelo ataque, e Ruvakuki foi acusado de envolvimento em parte porque entrevistou um líder rebelde.
Organizações humanitárias criticaram a decisão do tribunal. “É função de qualquer repórter entrevistar os dois lados de um conflito”, declarou o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York.
O Burundi é um dos países mais pobres e mais turbulentos do continente africano, e vem caminhando para um governo cada vez mais autoritário desde as eleições presidenciais de 2010, ocorrida depois de anos de guerra civil. Partidos da oposição acusaram o partido de situação de fraude e boicotaram o pleito; o ex-rebelde Pierre Nkurunziza, que já governava desde 2005, foi eleito com 91% dos votos; e teve até candidato preso acusado de colaborar com os rebeldes. Hoje, a lista de políticos de oposição presos é crescente.
O ataque ao bar expôs a instabilidade da nação, e o governo chegou a proibir os jornalistas de cobri-lo. Este ano, um relatório do Human Rights Watch sobre o número de assassinatos políticos no país desde as eleições também teve sua divulgação proibida. Informações de Josh Kron [The New York Times, 22/6/12].