A organização sem fins lucrativos de jornalismo investigativo ProPublica receberá US$ 1,9 milhão (quase R$ 4 milhões) da Knight Foundation para investimentos na área de jornalismo de dados, que combina reportagem investigativa e análise de computador, noticia Adrienne LaFrance [Nieman Journalism Lab, 18/7/12]. O dinheiro será usado para apoiar a equipe de aplicativos de notícias, incluindo o acréscimo de uma profissional em tempo integral – Lena Groeger, que já trabalha na organização por meio de uma bolsa.
Para o editor de aplicativos de notícias, Scott Klein, os recursos ajudarão, prioritariamente, na execução de projetos relacionados a jornalismo de dados. “Obviamente, vamos desenvolver muitos aplicativos. O importante agora é que continuamos a fazer um excelente trabalho para apoiar a missão do ProPublica, que é ter impacto no mundo real. O ProPublica pode ser um líder neste novo tipo de jornalismo e podemos ajudar outras organizações a fazer este tipo de trabalho”, afirmou.
Desde seu lançamento, há cinco anos, o ProPublica tem como objetivo ser uma “força moral” nas notícias. No entanto, a equipe fundadora não imaginava que o jornalismo de dados seria uma força propulsora no site. “Foi Scott Klein que nos levou por este caminho. É justo dizer que, quando o contratamos, pensamos que estávamos contratando alguém para trabalhar no nosso site, administrando-o. Foi ele quem teve a visão do que este campo poderia trazer”, admitiu o gerente-geral Richard Tofel.
O jornalismo de dados tornou-se a área na qual o ProPublica investiu a maior quantidade de recursos adicionais nos últimos tempos. A Knight Foundation, que apoia projetos de mídia inovadores, quer ajudar o site a liderar a indústria jornalística em uma nova era de jornalismo de dados. Para isso, o ProPublica comprometeu-se a usar os recursos da fundação para um novo programa que todo mês convidará um novo jornalista de fora da equipe para trabalhar na organização.
Modelo em transformação
Para Klein, os dados podem desempenhar um papel importante no modelo de negócios de notícias, em constante transformação. “Redações em todo o país têm dados que podem ser muito importantes para suas comunidades. Pode ser uma oportunidade inclusive para incrementar sua receita”, opinou. Por enquanto, o ProPublica não tem planos de vender dados, e a sustentabilidade ainda é um “desafio significativo” para o site. O objetivo para este ano é continuar a reduzir a dependência na Fundação Sandler, que financiou seu lançamento e continua a dar grande apoio ao projeto.
O ProPublica espera desenvolver aplicativos focados nas eleições americanas, para explorar como as campanhas são administradas e financiadas. Um exemplo é um aplicativo que reúne e compara os emails em massa mandados por candidatos para avaliar como a campanha monitora e segmenta os eleitores. “Para o ProPublica, publicar não é o fim, o impacto é o fim”, disse Klein.
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