O conselho curador responsável pelos padrões editoriais da BBC enfatizou a importância de conteúdo preciso “onde e como ele seja recebido”, apoiando uma reclamação referente a uma manchete enviada ao Twitter e a outras plataformas. Segundo o comitê, a manchete abreviada “O ataque de David Cameron ao sistema de saúde galês” tinha um link com uma matéria do site da BBC News com a manchete “David Cameron ataca conduta trabalhista do sistema de saúde galês”. A manchete resumida para o índice do site também “foi enviada ao Ceefax [serviço de teletexto da BBC], ao Twitter e outros serviços, sendo planejada para ser adequada a todas essas plataformas”, explica o relatório do comitê.
O autor da reclamação argumentou que a manchete reproduzida no Twitter era incorreta “porque sugeria um ataque ao serviço de saúde no País de Gales, quando o alvo do ataque, tal como descrito na matéria inteira, era a conduta do Partido Trabalhista em relação ao sistema de saúde no País de Gales”. A BBC respondera que a manchete resumida correspondia à matéria e que “Cameron atacara a conduta do sistema de saúde galês, que era administrado pelo Partido Trabalhista”. A BBC também argumentou que a matéria “citara estatísticas do desempenho da sistema de saúde no País de Gales, comparando-o, em desvantagem, com o sistema de saúde na Inglaterra”.
A reclamação foi levada à unidade editorial de reclamações, mas o diretor da unidade decidiu, em março, não apoiá-la. Ele teria dito que aceitara que “o relatório vinculado à manchete do Twitter era sobre a crítica de Cameron à conduta do Partido Trabalhista na administração do sistema de saúde no País de Gales, e não ao sistema de saúde”, mas também “acreditava que os leitores da manchete teriam compreendido corretamente que Cameron estava criticando um aspecto (ou aspectos) do sistema de saúde galês, mesmo sem saberem o que ele criticava sem clicarem no link”.
Manchete imprecisa
Em relatório, o comitê de padrões editoriais disse que o diretor da unidade de reclamações “não aceitou que aqueles que só tivessem lido a manchete teriam ficado com uma impressão materialmente equivocada”. “Compreendeu-se, de uma maneira geral, que as manchetes fornecem um breve resumo e os leitores que quisessem mais detalhes poderiam clicar no link para ter acesso à matéria completa”.
Porém, após um pedido do conselho curador da BBC, o comitê para padrões editoriais apoiou a reclamação. “A opinião da BBC não foi aceita pelo comitê e este concordou com a reclamação de que dizer que o primeiro-ministro atacou o sistema de saúde é muito diferente de dizer que ele atacou o desempenho do Partido Trabalhista no que se refere ao sistema de saúde, em especial porque a proteção do sistema de saúde é uma questão politicamente delicada.”
As observações do comitê também enfatizam a questão de precisão, quando se trata de um espaço limitado para publicar uma manchete, como ocorre em algumas plataformas digitais. O comitê disse, ainda, que “as orientações editoriais sobre precisão referem-se a qualquer conteúdo, onde e como este seja recebido”.
“Era particularmente importante que a BBC levasse isto em consideração à medida que continuava a desenvolver novas plataformas para entregar seu conteúdo. O comitê concordou com a BBC que era necessária uma considerável competência para garantir que as manchetes sujeitas a restrições de espaço permanecessem precisas. Na ocasião, o comitê decidiu que a manchete resumida que era objeto da reclamação não era suficientemente precisa. Concordou com o autor da reclamação que isto significava que a manchete não refletia com a devida precisão a matéria à qual estava vinculada. Considerando isto, o comitê solicitou que a manchete fosse removida, ou corrigida no arquivo do site e de outras plataformas, se necessário.” Informações de Rachel McAthy, [Journalism.co.uk, 31/10/12].