Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Cobertura perde espaço para notícias de entretenimento

Notícias de esportes e celebridades são três vezes mais comuns na grande mídia americana do que notícias sobre o meio ambiente, de acordo com um novo relatório do Projeto por Melhorias na Cobertura Ambiental (PIEC), que diz que a cobertura ambiental nos EUA constituiu somente 1,2% das notícias entre janeiro de 2011 e maio de 2012.

O relatório se baseou em informações do Projeto por Excelência em Jornalismo do Centro de Pesquisa Pew, que faz uma pesquisa semanal das principais notícias de jornais, sites, emissoras de TV e de rádio. O PIEC, uma organização sem fins lucrativos, focou em 46 dessas pesquisas para sua análise, que revelou pouco entusiasmo com as causas ambientais. Na média, os jornais locais foram os que dedicaram maior atenção à pauta ambiental, seguidos pelos jornais nacionais, sites e emissoras de rádio e TV.

Dentre os veículos nacionais, o site The Huffington Post foi o que mais deu espaço às notícias de meio ambiente, seguido pelos jornais impressos Los Angeles Times e New York Times. Os jornais locais foram os veículos que, na média, deram mais atenção ao meio ambiente do que às notícias de entretenimento. A maior parte dos veículos deu três vezes mais cobertura aos assuntos de entretenimento e esportes; na programação matutina de TV isso ocorreu 27 vezes mais.

Conteúdo de destaque

O Centro de Pesquisa Pew só acompanha as primeiras páginas de jornais e sites e a primeira meia hora de programas de TV e rádio. Assim, os resultados não refletem o total de notícias, mas as notícias principais de cada veículo. O Pew também exclui conteúdo de interesse estritamente local, levando em consideração apenas conteúdo que tenha interesse nacional ou internacional, o que significa que parte das reportagens ambientais dos jornais locais pode ter vindo de agências de notícias.

Mais importante, existe uma diferença entre quantidade e qualidade. O relatório enfatiza que a Fox News, por exemplo, produz várias reportagens sobre meio ambiente, mas a emissora não possui uma boa reputação entre os cientistas. O diretor do projeto, Tyson Miller, apontou esse fato em uma entrevista, ressaltando que a “Fox já foi criticada por manter um ponto de vista extremo em reportagens ambientais e por possuir conteúdo enganoso”.

Também existe o fato de que o Centro de Pesquisa Pew não exclui de sua base de dados as notícias vindas de outros veículos, assim não há como avaliar quantas notícias repetidas foram levadas em consideração. O Huffington Post, por exemplo, pode ser o veículo nacional que mais cobre o tema, mas parte de seu conteúdo é composto por reportagens reescritas de outras fontes.

Por mais desanimador que seja o comprometimento da mídia com a causa ambiental, o PIEC continua a focar em oportunidades para melhorar e inovar a cobertura. Em fevereiro, o projeto divulgou uma declaração que pedia às organizações de mídia para que “integrem o ponto de vista ambiental com outras notícias e façam essa conexão mais explícita, tornem as reportagens de meio ambiente mais interessante para o público, foquem em soluções e aumentem a visibilidade das notícias com o tema”.

Teoria e prática

É um clássico caso de “é mais fácil falar do que fazer”, especialmente quando o New York Times está acabando com sua editoria ambiental e repórteres do tema estão cada vez mais em extinção nos outros jornais. No entanto, nem tudo está perdido. Miller expressou otimismo com sites independentes como o Environmental Health News e Environment 360, assim como os blogs científicos. O PIEC planeja prestar mais atenção nesses veículos em relatórios futuros, o que proporcionará um mapa mais completo da cobertura ambiental.