Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Depois de caso de espionagem, empresa vai passar por revisão interna

Diante do escândalo de espionagem de clientes de seu serviço de dados financeiros, a Bloomberg nomeou dois conselheiros para revisar sua conduta interna. Samuel Palmisano, ex-presidente da IBM, e Clark Hoyt, ex-ombudsman do New York Times e editor da Bloomberg News, têm como missão investigar os padrões de qualidade e ética da empresa depois da descoberta de que repórteres de seu braço jornalístico teriam monitorado o uso de terminais com informações financeiras – contratados por bancos e outras companhias por 20 mil dólares anuais – para obter pautas para matérias.

O presidente da Bloomberg, Daniel Doctoroff, afirmou, ao anunciar a contratação de Palmisano como conselheiro independente, que “nada é mais importante do que a confiança de nossos clientes”. Hoyt atuará como seu assistente na investigação interna. Doctoroff ressaltou que o tipo de acesso dos jornalistas às informações dos terminais já foi modificado. “Nós queremos, no entanto, ir mais a fundo e nos beneficiar de especialistas independentes para que possamos determinar o novo padrão para privacidade e segurança de dados”, completou.

Grande fonte de receita

A preocupação da Bloomberg com o descontentamento de seus clientes do serviço de informações financeiras é justificada: trata-se de uma importante fonte de receita, com mais de 300 mil banqueiros, traders e outros funcionários de instituições financeiras em todo o mundo como assinantes.

Doctoroff afirmou que ele e sua equipe já entraram pessoalmente em contato com mais de 300 destes clientes. “Começamos cada conversa com um pedido de desculpas por nosso erro”, disse.

Desde o início do escândalo, a Bloomberg foi bastante criticada por ter permitido que a prática durasse tanto tempo – Mathew Winkler, editor-chefe da Bloomberg News, chegou a dizer que repórteres do braço de notícias têm acesso aos dados de assinantes desde a década de 90. A invasão a informações de assinantes foi sinalizada inicialmente pelo banco de investimentos Goldman Sachs, depois que um jornalista da Bloomberg em Hong Kong perguntou sobre a situação de um funcionário, ressaltando que ele não havia entrado no serviço de informações financeiras há algum tempo.

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