As melhores imagens da cobertura do tornado na cidade de Moore, em Oklahoma, vieram das emissoras de TV local, mesmo com todo o equipamento caro e sofisticado das grandes emissoras. John Welshm da KFOR, afiliada da NBC, olhava o cenário do helicóptero e repetia a palavra “já era”, quando percebia que muitos lugares haviam sido devastados. A KWTV, afiliada da CBS, tinha um helicóptero sobrevoando a cidade menos de 15 minutos depois de o tornado ter passado pelo local.
Duas das cenas mais memoráveis vieram do repórter da KFOR, Lance West, chorando desesperado ao telefone quando passava pela escola e de novo pelas ruínas. “Eles vão retirar as pequenas vítimas daqui muito em breve”, disse. Esses momentos poderiam ter soado falsos em redes maiores. Na KFOR, entretanto, pareceram verdadeiros. A emoção não tornou o relato de West, repleto de detalhes vívidos e úteis, menos substancial.
Ainda assim, nos dois casos, os âncoras interrompiam o repórter, desculpando-se por sua visível emoção. “É preciso entender que quando se chega no local, vendo a cena em primeira mão, não apenas pelo prisma da TV, mas quando se vive lá, é um evento extremamente emocional para repórteres e para todos os envolvidos. E Lance é um dos nossos melhores repórteres, ganhador de Emmy. Ele vai nos dar mais informações, mas ele é humano, como todos nós”, disse o âncora. A argumentação era desnecessária, resquício de uma pretensa neutralidade jornalística. Também era o caso de uma TV local não compreendendo seu papel.
Não é segredo que a TV local vem lutando para manter sua importância e audiência nos últimos anos. Um estudo recente do Pew Research Center revelou que a audiência caiu em todas as emissoras e horários em 2012. Em 2006, a audiência local entre jovens com menos de 30 anos era de 42%; em 2012, era de 28%. Atualmente, as emissoras locais estão mais limitadas à cobertura previsível do tempo, trânsito e crime. A cobertura do tornado, no entanto, foi um lembrete do que elas são capazes de fazer. A TV local deve ser emocionante, produzida por jornalistas que são os vizinhos dos telespectadores.
West cobre tornados na cidade de Oklahoma há quase duas décadas. Ele certamente tem o direito de ter sido afetado pelo que viu. Sua cobertura visceral é o que torna a TV local válida de ser assistida. Já as declarações dos repórteres de emissoras nacionais soaram muitas vezes falsas e robóticas. É uma pena que eles só mostram seu potencial quando desastrem acontecem.