Sunday, 05 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1319

Quem está ganhando dinheiro com a internet?

Na última década, a internet serviu de plataforma para um grande número de projetos de comunicação. Foram criados muitos sites notáveis, servindo a diversos gostos, de notícias diretas a futilidades. Para cada projeto ganhador de Pulitzer, há muitos outros com centenas de fotos de gatos – aparentemente, as pessoas adoram fotos de gatos. E o lucro? Alguns sites, como o The Awl, são rentáveis desde o começo. Outros, como o Vox Media, preveem prejuízo até o fim do ano. Segue abaixo uma lista de alguns dos principais negócios digitais dos EUA e uma análise de como andam suas operações:

**The Huffington Post, deNova York

Fundado em 2005 e comandado pela blogueira e ex-socialite grega Arianna Huffington, o Huffington Post tem 73 milhões de leitores e quase 500 funcionários. O site foi criado por Arianna, pelo empresário Kenneth Lerer, pelo falecido comentarista Andrew Breitbart e por Jonah Peretti, também criador do BuzzFeed.

Em oito anos, o HuffPost tornou-se um dos mais populares sites de notícias dos EUA, com uma grande quantidade de conteúdo, de notícias diretas a comentários de celebridades, passando por artigos agregados de outros sites e reportagens premiadas. Em 2012, recebeu um Pulitzer por uma série de reportagens sobre veteranos de guerra.

O HuffPost teve financiamento inicial de 1 milhão de dólares, mais 20 milhões depois, seguido por 315 milhões ao ser comprado pela AOL em 2011. Hoje, sua receita (não divulgada) vem em grande parte da publicidade – mas também possui distribuição de conteúdo e comércio eletrônico. O site tornou-se lucrativo em 2010, mas não mais desde sua aquisição. Entre os próximos projetos estão a expansão internacional e o aumento do uso de vídeos.

**Gawker Media, de Nova York

“A fofoca de hoje é a notícia de amanhã” é o lema do Gawker. Não à toa, sua reputação foi construída com posts sagazes e bem humorados sobre as últimas notícias. Fundado em 2002 por Nick Denton, o site funcionou por anos em seu apartamento – hoje tem um escritório em Manhattan.

Desde sua criação, o Gawker expandiu suas propriedades, com o blog feminino Jezebel e o blog sobre tecnologia Gizmodo. Atualmente tem 150 funcionários e 40 milhões de leitores. O site foi autofinanciado por anos. Denton não divulga a receita, mas diz que ela cresça 40% este anos e chegue a 100 milhões de dólares “um dia”. De acordo com relatórios de terceiros, o Gawker é lucrativo, possivelmente desde 2006.

Entre os próximos projetos, está o lançamento de uma nova plataforma de publicação e debate chamada Kinja. De acordo com um porta-voz, Kinja fará a criação de conteúdo mais fácil para qualquer um e a discussão alcançará “novos níveis de veracidade e qualidade”.

**The Awl, de Nova York

Fundado em 2009 por Choire Sicha e Alex Balk, o Awl tem 15 funcionários e três milhões de leitores mensais. “Queremos somente leitores inteligentes”, brinca Sicha. O site é conhecido por “posts inteligentes” sobre as notícias do dia, política e entretenimento.

O Awl foi fundado em um momento de crise. “Era uma recessão terrível para pessoas do nosso campo”, lembra Sicha. Os dois fundadores haviam trabalhado no Gawker, em revistas e em jornais, mas estavam desempregados. “Decidimos parar de trabalhar para quem não se importa conosco”.

O site conta com receita publicitária (não divulgada), e é rentável. Para o futuro próximo, o projeto é um Awl remodelado, com novas aquisições, como o site feminino The Hairpin.

**Vox Media, Washington e Nova York

O Vox Media tem 200 funcionários fixos e opera com uma rede de 700 freelancers. Fundado em 2003, é comandado por Jim Bankoff, ex-executivo da AOL, responsável pela aquisição do blog de tecnologia Engadget e pela criação do famoso blog sobre celebridades TMZ. Hoje, o portal tem 50 milhões de leitores e opera os blogs SB Nation, de esportes, The Verge, sobre tecnologia, e o recém lançado Polygon, sobre videogames. Em uma era em que muitos sites se limitam a imitar conteúdo, Bankoff diz que o Vox luta contra isso com “jornalismo de qualidade e design de ponta”.

O portal foi fundado originalmente como um site esportivo pelo ativista político Jerome Armstrong, o escritor e blogueiro Tyler Bleszinski e por Markos Moulitsas, criador do Daily Kos. Recebeu financiamento de cerca de 40 milhões de dólares de investidores como Accel Partners e Comcast Interactive.Seu modelo de negócios baseia-se em publicidade e espera-se que ele se torne rentável até o fim do ano. Entre os próximos planos, estáa Vox Creative, focada em criar publicidade digital de qualidade.

** BuzzFeed, Nova York e Los Angeles

Criado em 2006 por Jonah Peretti, o BuzzFeed tem Ben Smith como editor-chefe. O número de funcionários não é divulgado. Conhecido por listas altamente virais, o site tem mais de 40 milhões de leitores.

Diversos investidores como Lerer Ventures e Softbank Capital, apostaram no BuzzFeed e contribuiram com 46 milhões de dólares. Hoje, o site adota o modelo de “publicidade nativa”, onde os anúncios aparecem camuflados com outras notícias. A receita não é divulgada, mas o Wall Street Journal sugere que o BuzzFeed pode gerar 40 milhões de dólares este ano. Para o futuro, Peretti e Smith querem apostar em mais vídeos originais.

**Business Insider, de Nova York

O site de análises de notícias financeiras foi fundado em 2007 por Henry Blodget, ex-analista de Wall Street, e tem 24 milhões de leitores. Inicialmente, o Business Insider chamava-se Silicon Valley Insider, e tratava de temas de tecnologia. Entre seus financiadores estão Jeff Bezos, CEO da Amazon, e RRE Ventures.

O Business Insider aposta na publicidade e, recentemente, na organização de conferências. Em 2012, o site teve receita de quase 12 milhões de dólares, mas ainda é pouco rentável. Blodget espera conseguir vendê-lo; quer que se torne parte de um empreendimento maior.

**SAY Media, São Francisco e Nova York

Trata-se de uma associação de sites de moda, tecnologia e estilo de vida. Com 400 funcionários e 20 milhões de leitores, o SAY Media é resultado do VideoEgg, uma rede de compartilhamento de vídeos, fundada em 2005 pelos estudantes de Yale David Lerman, Kevin Sladek e Matt Sanchez.

“Estávamos vendendo muita publicidade em vários sites de entretenimento. Fizemos muito com a publicidade, mas não conseguimos controlar o resto da página”, explica Sanchez. Assim, em 2010, o VideoEgg comprou a companhia de software Six Apart e mudou seu nome para SAY Media. Seu foco tornou-se a rede de publicidade e o conteúdo editorial.

O site possui diversos investidores, que aplicaram cerca de 60 milhões de dólares desde 2005. Seu modelo de negócios baseia-se na publicidade, mas ele está começando a investir em comércio.

Agora, além da recente aquisição da Rookie?, revista digital para adolescentes, o foco é “construir nossa marca”, diz Sanchez. Além disso, a empresa está demitindo 10% de seus funcionários.