Milhares de pessoas se reuniram em frente ao tribunal de Cartum, capital do Sudão, para exigir sentença de pena de morte para Mohamed Taha Mohamed Ahmed, editor do jornal al-Wifaq. A polícia local, informa a BBC [5/5/05], teve trabalho para controlar a multidão, munida de cartazes e alto-falantes. Entre cânticos religiosos, os manifestantes gritavam pedindo que as autoridades entregassem Ahmed para que eles próprios pudessem matá-lo.
O jornalista publicou um manuscrito, de autoria do historiador islamista Maqreezi, que questiona o parentesco do profeta Maomé. Ahmed escreveu também um pequeno comentário sobre o manuscrito. O al-Wifaq foi suspenso por três dias por ofensa pública e o editor deverá enfrentar julgamento, acusado de cometer blasfêmia. Ele corre o risco de ser condenado à pena de morte, caso seja decidido que renunciou ao Islã.
‘A liberdade de imprensa termina quando se trata do respeito pela religião’, afirmou Ali Shumi, que preside o Conselho de Imprensa do Sudão. Segundo Jonah Fisher, correspondente da BBC em Cartum, o país – que possui mais de 15 jornais diários – alega ter liberdade de imprensa, mas na prática os jornalistas são obrigados a se auto-censurarem e, em determinados casos, há censores que revisam as matérias antes de serem impressas.