Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Editor ameaçado de morte no Sudão

Milhares de pessoas se reuniram em frente ao tribunal de Cartum, capital do Sudão, para exigir sentença de pena de morte para Mohamed Taha Mohamed Ahmed, editor do jornal al-Wifaq. A polícia local, informa a BBC [5/5/05], teve trabalho para controlar a multidão, munida de cartazes e alto-falantes. Entre cânticos religiosos, os manifestantes gritavam pedindo que as autoridades entregassem Ahmed para que eles próprios pudessem matá-lo.

O jornalista publicou um manuscrito, de autoria do historiador islamista Maqreezi, que questiona o parentesco do profeta Maomé. Ahmed escreveu também um pequeno comentário sobre o manuscrito. O al-Wifaq foi suspenso por três dias por ofensa pública e o editor deverá enfrentar julgamento, acusado de cometer blasfêmia. Ele corre o risco de ser condenado à pena de morte, caso seja decidido que renunciou ao Islã.

‘A liberdade de imprensa termina quando se trata do respeito pela religião’, afirmou Ali Shumi, que preside o Conselho de Imprensa do Sudão. Segundo Jonah Fisher, correspondente da BBC em Cartum, o país – que possui mais de 15 jornais diários – alega ter liberdade de imprensa, mas na prática os jornalistas são obrigados a se auto-censurarem e, em determinados casos, há censores que revisam as matérias antes de serem impressas.