Jim Brady, editor-executivo da divisão online do Washington Post, revelou esta semana na conferência Digital Hollywood, na Califórnia, que gostaria que existisse uma tecnologia que pudesse identificar pessoas que violam as normas do sítio e que automaticamente bloqueasse seus comentários. Brady fez questão de garantir que não é um ‘inimigo’ da liberdade de expressão; ele apenas acredita que, ao terem as informações pessoais expostas, as pessoas seriam mais responsáveis ao postar comentários online.
‘Acredito que parte do problema é que as pessoas não são responsáveis pelo que escrevem na rede’, diz. ‘Elas fazem muitas afirmações online que nunca fariam em uma discussão na mesa do jantar. Acho que um debate exaltado é bom, mas, quando há exageros, muitos não tomam parte no debate por medo de serem atacados’.
Bloqueio
Suas ponderações não agradam a muitos internautas – e Brady sabe disto. Em janeiro de 2006, o editor foi extremamente criticado por encerrar a área de comentários de um blog do Post onde mais de mil comentários repreendiam a ombudsman do jornal, Deborah Howell.
No escândalo do lobista Jack Abramoff, que se declarou culpado por crimes de corrupção e sonegação de impostos, Deborah errou ao escrever que ele havia feito doações de campanha para democratas e republicanos. Na realidade, Abramoff contribuiu apenas para os republicanos. A maior parte dos internautas acusava o diário de conspirar com os republicanos contra os democratas. O tom dos comentários piorou depois que a ombudsman publicou uma correção. Quando Brady viu que diversas mensagens de leitores violavam a política do diário contra ofensas e ataques pessoais, optou por bloquear todos os comentários.
Dificuldades tecnológicas
Brady alegou, na época, que bloquear apenas alguns endereços não funcionaria, pois os internautas grosseiros simplesmente entrariam com novos nomes de usuário e novos e-mails. O sítio do Post pode identificar os endereços de IP (que registram cada computador na rede) e, portanto, bloquear usuários que escrevam algo ofensivo. Esta prática, no entanto, não seria elegante – e poderia se revelar desastrosa. ‘Não queremos correr o risco de bloquear todo o Departamento de Energia ou algo do gênero’, afirma o editor.
A Pluck, empresa que fornece software para redes sociais, ajuda a manter alguns dos blogs do Post e implementou um filtro que isola comentários que incluem palavras ou frases previamente proibidas. Mas, na opinião de Brady, este filtro ainda não é a solução ideal. Ele acredita que, nos próximos cinco anos, as pessoas terão que se identificar de alguma maneira para acessar os sítios da internet. ‘Não sei se poderemos fazer isto com um número de cartão de crédito, ou o número da identidade ou do passaporte, mas acho que elevaria o nível do debate tornar as pessoas responsáveis pelo que escrevem’. Informações de Greg Sandoval [CNET News, 6/5/08].