Ibrahim Eissa, editor do diário independente al-Destur, foi intimado a depor na justiça por causa da cobertura sobre a saúde do presidente do Egito, Hosni Mubarak. Segundo informações do sindicato dos jornalistas do país, o jornalista recebeu a intimação após a publicação de rumores de que Mubarak estaria doente.
Recentemente, cresceram as especulações sobre o estado de saúde do presidente. A imprensa egípcia publicou que ele teria sido hospitalizado, teria viajado ao exterior para tratamento médico e teria até morrido.
Irritado com os rumores, Mubarak fez uma aparição pública não anunciada para tentar mostrar que está bem. Ele também afirmou ao jornal estatal al-Ahram, em 31/8, que os boatos tinham motivação política e estavam sendo produzidos por ‘movimentos ilegítimos’ – em clara alusão à Irmandade Muçulmana, maior grupo de oposição ao governo egípcio. A primeira-dama, Suzanne Mubarak, foi à TV para refutar as especulações e pedir que os responsáveis por espalhá-las sejam punidos.
Acerto de contas
Eissa afirmou ter ficado chocado ao ser intimado a depor. ‘Todos os diários independentes e estatais escreveram sobre o assunto, e ninguém mais foi intimado’, ressaltou. ‘Esta é uma maneira de acertar as contas com o al-Destur e comigo por tudo que já escrevi’.
O editor é conhecido por seu estilo de jornalismo combativo e suas críticas repetidas ao governo desde os anos 90. No ano passado, Eissa foi condenado por insultar Mubarak em um artigo que abordava um processo legal contra o presidente. Ele não foi preso pois aguarda o resultado da apelação da sentença. O al-Destur já chegou a ser fechado pelo governo por cinco anos. Informações da AFP [3/9/07].