O jornalista cubano Guillermo Fariñas, editor da agência de notícias independente Cubanacán Press, deu início a uma greve de fome em 31/1 em protesto à falta de liberdade sofrida pela imprensa em Cuba. Em carta aberta ao presidente Fidel Castro, Fariñas afirmou que pararia de comer e beber ‘até a morte’ se o governo não concedesse a ele e a seus colegas de profissão o acesso a internet necessário para que realizem seu trabalho.
‘Eu quero que todos os cidadãos cubanos tenham o direito a conectar a internet, mas também quero que a imprensa independente seja capaz de reportar sobre as atividades do governo, e se eu devo ser um mártir para o acesso à internet, que assim seja’, afirmou o jornalista à organização Repórteres Sem Fronteiras [2/2/06]. Na carta a Fidel Castro, ele ressalta que a grande maioria da população cubana não tem acesso à rede mundial de computadores.
‘As autoridades usam o embargo dos EUA como um pretexto para a repressiva política com relação à internet. A razão primordial para manterem a população longe da rede é prevenir que ela seja bem-informada’, completou a organização.
Até o meio de janeiro, os jornalistas da Cubanacán Press conseguiam enviar seu material através de um centro de acesso público à internet na cidade de Santa Clara, mas desde então foram proibidos de fazê-lo. A agência de notícias concentra sua cobertura nas violações aos direitos humanos em Cuba e na análise de questões ignoradas pela imprensa oficial.
Inimigo da liberdade de expressão
Durante a Cúpula Mundial da Sociedade de Informação na Tunísia, em novembro do ano passado, o representante do governo cubano afirmou que todos os cubanos teriam acesso irrestrito à internet se o embargo comercial americano fosse suspenso. Fariñas insiste que tal afirmação é mentirosa.
Cuba é um dos 15 países listados como inimigos da internet pela Repórteres Sem Fronteiras e é um dos países mais repressivos com relação à liberdade de expressão online. Acesso a rede é um privilégio concedido a poucos, e requer autorização expressa do Partido Comunista.