Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Editora americana tenta censurar ilustrações infantis

O clima foi de festa na editora alemã Hildesheimer Gerstenberg quando uma editora americana demonstrou interesse por uma série de livros infantis da autora Rotraut Susanne Berner. É raro que livros alemães gerem algum interesse nos EUA. Quando se trata de obras voltadas às crianças, o interesse é menor ainda – por isso a empolgação da editora alemã diante da sondagem da americana Boyds Mills Press sobre os livros.


A festa, entretanto, foi breve. Acabou assim que a Boyds deu início a uma lista de exigências de adaptações nas obras. Para começar, desenhos com fumantes teriam que ser removidos. Até aí tudo bem: não é bom passar uma imagem aos pequenos de que fumar é algo que se deveria fazer.


Pornografia?


Mas os problemas começaram mesmo na segunda exigência: em duas imagens ambientadas em um museu de arte, estão expostos um quadro com uma mulher nua e uma pequenina estátua com um minúsculo pênis. Meio sem jeito, a editora americana questionou se as duas figuras poderiam ser apagadas dos desenhos. A autora considerou o pedido absurdo. O pequeno pênis da estátua tem menos de meio milímetro, e a pintura da mulher nua dificilmente representa a anatomia feminina de maneira realista. Segundo Rotraut, os representantes da Boyds ficaram envergonhados em pedir as mudanças, mas tinham receio de como os papais e mamães americanos reagiriam quando seus filhos fossem expostos a tal pornografia.





Para a autora, qualquer tipo de autocensura estava fora de questão. Ela diz que poderia até colocar faixas em preto sobre as imagens consideradas problemáticas, mas não apagaria as figuras, fingindo que ali não haviam sido feitas mudanças. ‘Se você for censurar algo, o leitor deve estar ciente disso’, defende. A editora americana não aceitou a opção – afinal, quando se quer esconder alguma coisa, não se espera chamar ainda mais atenção ao fato. O resultado é que a Hildesheimer não terá seus livros publicados nos EUA. Poupará, assim, as crianças americanas das pornografias alemãs. Informações de Franziska Bossy e Elke Schmitter [Der Spiegel, 11/7/07].