A jornalista tailandesa Chiranuch Premchaiporn pode pegar até 70 anos de prisão por conta de comentários sobre a monarquia do país postados por internautas no site Prachatai. ‘As pessoas me perguntam por que não fujo. Mas esta não é de maneira nenhuma uma escolha. Cresci na Tailândia. Sou parte desta sociedade’, afirma a editora do site, de 43 anos.
Chiranuch foi presa em setembro, quando voltava para casa depois de um seminário sobre liberdade na web, na Hungria. Ela foi acusada de violar leis de internet e de crime de lesa-majestade, que proíbe crítica à família real, por não remover rápido o suficiente os comentários de leitores em seu site. A editora já enfrenta um julgamento que pode levar a uma condenação de 20 anos de prisão por acusações semelhantes. Agora, Chiranuch pode ser condenada a 50 anos – o que totalizaria 70 anos encarcerada.
Censura
As acusações são refutadas por ela, que disse ter sido pega de surpresa quando recebeu o mandado de prisão – emitido em 2009 e inexplicavelmente esquecido nos arquivos policiais por um ano. O caso é focado especificamente em cinco comentários, de um total de 200, sobre uma entrevista de abril de 2008 com um homem condenado sob o crime de lesa-majestade por ter se recusado a ficar de pé quando o hino real era tocado em um cinema. Segundo a lei tailandesa, qualquer um pode fazer uma acusação de insulto à monarquia e cabe à polícia investigar.
Chiranuch pagou fiança e aguarda julgamento em liberdade. Para ela, o governo tailandês tentou promover a autocensura, com seu caso. Ela optou por encerrar seu fórum na web em julho. ‘Eles criam um tipo de medo, a fim de tentar silenciar ou controlar a voz das pessoas’, opinou. A família real é um assunto delicado no país. O rei Bhumibol Adulyadej, reverenciado como um deus por muitos tailandeses, está hospitalizado desde setembro de 2009. No ano passado, foram 164 casos de lesa-majestade julgados – e 80 resultaram em condenação. Recentemente, a Repórteres Sem Fronteiras listou a Tailândia na 153ª posição em seu índice anual de liberdade de imprensa. Informações de Kelly Macnamara [AFP, 23/11/10].