A jornalista chinesa Hu Shuli, que renunciou em novembro ao cargo de editora-chefe da revista de economia Caijing, assumiu o cargo de editora-executiva de outra publicação, a Century Weekly, que chegou recentemente às bancas do país. A Caijing, sob o comando da jornalista, era considerada ousada por abordar temas polêmicos como corrupção, poluição e direitos dos trabalhadores, considerados sensíveis pelo goverrno. Hu teria deixado a revista depois que sua proprietária começou a tentar interferir no conteúdo editorial. Agora em uma publicação menor, ela quer ‘continuar a defender o profissionalismo jornalístico’.
Em 2003, a Caijing fez uma cobertura agressiva da Sars (síndrome respiratória aguda grave), forçando o governo a reconhecer a gravidade da crise – que tentava manter em sigilo – e a mudar o modo como lidava com questões de saúde pública. A Century Weekly – que hoje emprega a maior parte dos jornalistas da Caijing, que seguiram Hu – tenta manter esta mesma linha e já divulgou a prisão controversa de um advogado, um derramamento de óleo e um acidente fatal em um aeroporto.
Sabe-se que a nova publicação será atentamente monitorada pelo governo. ‘Teremos, certamente, os olhos voltados para nós. Alguns serão bem-vindos, outros não’, disse um editor, que preferiu não ser identificado. ‘Acreditamos que a tendência maior é em direção a uma abertura e transparência, mas caberá a nós sentirmos o quão longe poderemos ir’. Com informações de Clifford Coonan [The Independent, 13/1/10] e Chris Buckley [Reuters, 13/1/10].