Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Editora que distribuiu foto de parto é acusada de pornografia

Uma testemunha foi ouvida esta semana no polêmico julgamento da jornalista Chansa Kabwela, de Zâmbia, presa sob acusação de pornografia por ter distribuído material considerado obsceno a autoridades políticas do país, noticiam a AFP [6/9/09] e Per Nyberg [CNN, 6/8/09]. A testemunha contou no tribunal como chorou ao ver fotografias de uma mulher tendo dificuldades em um parto, sem ajuda médica. As imagens são consideradas tabu e foram tiradas durante uma greve de médicos no país. O bebê, que estava em posição invertida na hora do parto, morreu logo em seguida. ‘Chorei e não consegui preparar o chá do meu chefe, porque ver tais imagens é um tabu. Também não consegui entregar a carta para meu chefe, pois estava chocada’, disse Nawina Hagwangwa, assessora do secretário do governo Joshua Kanganja. Ele foi um dos que receberam, da editora, fotos de uma mulher em trabalho de parto sem auxílio médico e uma carta sobre os problemas de saúde em clínicas e hospitais públicos.


Chansa, que é editora do jornal independente Post, distribuiu as fotos para chamar a atenção para as precárias condições de saúde na nação africana. O presidente Rupiah Banda se irritou com a iniciativa e realizou uma coletiva de imprensa no mês passado para criticar a pessoa responsável pelas imagens, afirmando que ela deveria ser presa.


Bebês que nascem em posição invertida podem ser salvos caso a mãe seja submetida a uma cesariana, mas, devido à greve dos médicos – por melhorias nas clínicas e hospitais públicos –, não havia ninguém para fazer a cirurgia. O julgamento termina no dia 28/8. Se condenada, Chansa pode pegar até cinco anos de prisão. ‘A detenção da editora é chocante e as justificativas são ridículas’, expressou a organização Repórteres Sem Fronteiras. As fotos não foram publicadas em nenhum veículo de comunicação.