Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Editora demitida por comentário no Twitter

A rede de TV americana CNN demitiu, na quarta-feira [7/7], sua editora sênior para assuntos do Oriente Médio, Octavia Nasr, depois que ela publicou uma mensagem no Twitter dizendo que respeitava o clérigo xiita Mohammed Hussein Fadlallah, morto no domingo [4/7]. ‘Triste saber da morte de Sayyed Mohammed Hussein Fadlallah… Um dos grandes do Hezbollah a quem tenho muito respeito’, escreveu ela pouco depois de saber da notícia.


Fadlallah costumava criticar os EUA e Israel, e apoiava ataques suicidas contra civis israelenses. Seus escritos e discursos, segundo o New York Times em notícia sobre sua morte, inspiraram toda uma geração de militantes, incluindo os fundadores do Hezbollah.


Simpatizante


A mensagem da jornalista logo se espalhou por discussões na internet. Um site chamado Honest Reporting, que se diz dedicado a ‘defender Israel do preconceito da mídia’, afirmou ser ‘perturbador’ o fato de Octavia ser ‘simpatizante do Hezbollah’, lembrando que os EUA classificam o grupo de ‘organização terrorista’.


Um porta-voz da CNN afirmou que a editora cometeu um erro e pediu desculpas por qualquer ofensa que a mensagem no Twitter possa ter causado. ‘Isso não se enquadra nos padrões editoriais da CNN. É uma questão séria e será tratada como tal’, declarou, no início da semana. Octavia apagou a mensagem em seu perfil, e, em um blog na terça-feira [6/7], disse que sentia muito pelo comentário no Twitter, pois ele sugeria que ela apoiava as ações de Fadlallah, o que não seria verdade.


A jornalista disse ter usado as palavras ‘triste’ e ‘respeito’ porque, como uma mulher do Oriente Médio, ela via como Fadlallah havia tomado uma posição pioneira entre os clérigos xiitas sobre os direitos das mulheres. ‘Ele defendeu o fim do sistema tribal de assassinato por honra, chamando a prática de primitiva. Ele alertou os homens muçulmanos de que o abuso de mulheres era contrário ao Islã’, completou. Os argumentos não parecem ter convencido os executivos da CNN, onde Octavia trabalhava há 20 anos. De acordo com um memorando sobre a demissão, ela teria perdido sua credibilidade, o que prejudicaria a permanência no cargo que ocupava. Informações de Brian Stelter [The New York Times, 7/7/10].