Na semana passada, o repórter Nick Davies, do jornal britânico Guardian, publicou matéria onde afirmava que jornalistas do conglomerado de mídia News Corporation, do empresário Rupert Murdoch, haviam grampeado ligações de celebridades e obtido informações confidenciais por meio de métodos ilícitos. Esta semana, o jornalista depôs sobre o caso em um comitê parlamentar, onde apresentou uma lista destinada a um detetive com pedidos de jornalistas, incluindo membros do tablóide News of the World, para grampear personalidades públicas. ‘Há um grande número de editores cujos nomes aparecem na lista de pedidos, o que é algo ilegal, se não houver interesse público’, declarou Davies, completando que pelo menos dois jornalistas do News of the World – além de Clive Goodman, preso por conta de grampos em 2007 – sabiam do esquema.
Ele mostrou à justiça a transcrição de mensagens interceptadas ilegalmente a pedido do repórter Neville Thurlbeck e um documento que seria o contrato assinado pelo ex-editor-assistente do jornal, Greg Miskiw, e por ‘Paul Williams’, que seria o codinome do detetive Glen Mulcaire, preso em 2007, junto com Goodman. Davies também disse saber de pelo menos 31 jornalistas do grupo de Murdoch que haviam pago a outro detetive, Steve Whittamore, para obter informações confidenciais.
As acusações de que editores sabiam dos grampos foram destaque nas manchetes no Reino Unido esta semana. O grupo News International, braço da News Corp no Reino Unido que publica os tablóides Sun e News of the World e os jornais The Times e Sunday Times, negou a veracidade das acusações, ressaltando que, após uma análise interna, chegou-se à conclusão de que apenas dois casos – já de conhecimento público e investigados – eram verdadeiros.
Acordos
Na semana passada, a polícia rejeitou – por falta de fatos novos – a reabertura da investigação que levou à prisão de Clive Goodman e de Glen Mulcaire, por terem realizado grampos ilegais. O Guardian, por sua vez, insiste que a News International pagou um milhão de libras em acordos judiciais para abafar três casos, incluindo o de um executivo do ramo de futebol cujos telefonemas haviam sido grampeados. Ainda segundo o diário, os atores Jude Law e Gwyneth Paltrow, a modelo Elle Macpherson e o ex-vice-primeiro-ministro John Prescott estariam entre as vítimas dos grampos.
Em seu depoimento, Davies disse acreditar que a polícia já tinha conhecimento dos documentos apresentados por ele. ‘A polícia tem estes documentos, que implicam jornalistas do News of The World, há dois anos, e não fez muito do que poderia ter feito’, disparou o repórter, acrescentando que Andy Coulson, que renunciou ao cargo de editor do tablóide após o escândalo com Goodman e hoje atua como chefe de comunicações do Partido Conservador, não aparece na lista de pessoas que supostamente teriam feito pedidos para grampear personalidades. Informações de Georgina Prodhan [Reuters, 14/7/09] e de Robert Hutton [Bloomberg, 14/7/09].